Saudações flamengas a
todos,
Tinha programado
encerrar essa semana a brincadeira do Flamengo em Tweets, que comecei semana
passada. Tudo bonitinho, tudo dentro do previsto, notinhas prontas, texto
embalado e eis que o computador pifa aos 40 do segundo tempo.
Daí que fiquei órfão. E
os tweets ficarão para a semana que vem. Hoje vou ter que lançar alguns “causos”.
Espero que apreciem.
Com relação ao jogo de
domingo passado, chamou-me a atenção a foto tirada entre Romário e Luxemburgo,
ex-desafetos que já se reconciliaram reconhecendo terem exagerado, ambos, na
condução de suas desavenças em 1995. Legal, mas na época perdeu o Flamengo. De
qualquer forma, acabei me recordando do episódio que se tornou a gota d’água na
briga dos dois: corria o Estadual, Romário estava afastado, por conta de uma
lesão muscular sofrida na primeira partida contra o Gama, na Copa do Brasil.
Ocorre que, durante o processo de recuperação, o Baixinho andou disputando
animadas partidas de futevôlei, ignorando olimpicamente os exercícios
prescritos pelos profissionais do Flamengo, o que irritou Luxemburgo. Vaidoso,
o treinador quis mostrar quem mandava. No dia de uma importante partida em
Volta Redonda, já pelo Octogonal Final, Luxemburgo mandou chamar Romário, que
se dizia curado, para a partida contra o time local. O atacante, que não havia
treinado, rumou com seu próprio carro até a Cidade do Aço. Chegando ao estádio,
recebeu de Luxemburgo a informação de que estava fora da partida, pois “não
havia concentrado”. Profundamente irritado (queria jogar, pois disputava a
artilharia com Túlio), Romário assistiu ao jogo do banco de reservas. E nunca
mais se entendeu com o treinador. Em última análise, a briga influenciou
(talvez tenha sido decisiva) na perda do título do Centenário.
Bem, já se passaram 20
anos. E hoje o Flamengo enfrentou o Bonsucesso. O velho Bonsuça, da Teixeira de
Castro que, ao menos nesses anos em que eu acompanho futebol, costuma ser um
adversário dócil, dificilmente tirando pontos do rubro-negro. Mas em duas
ocasiões, os rubro-anis (que ostentam em sua história terem revelado Leônidas
da Silva) andaram aporrinhando.
1982, Taça Guanabara,
Moça Bonita. O Bonsucesso, um dos piores times do campeonato, oferece
encarniçada e estranha resistência ao Flamengo de Zico, Campeão do Mundo. Abre
o placar no início. Logo depois Leandro empata num chute cruzado, mas Dé, o
Aranha, novamente coloca o Bonsucesso na frente. No finzinho do primeiro tempo,
Zico empata novamente. Segunda etapa, Carpegiani tenta mexer no time, que não
responde e passa a maior parte do tempo sendo pressionado. Quando o empate
parece inevitável, a dois minutos do fim, Zico cobra uma falta na cabeça de
Adílio (lance parecido com o quarto gol no jogo dos 6-0 no Botafogo). O
Neguinho da Cruzada fulmina, a bola passa pelo goleiro, mas antes de chegar às
redes o zagueiro Ademir corta de testa. A bola bate no travessão e se perde. O
árbitro Luís Carlos Gonçalves, o rumoroso Cabelada, corre para o meio sem
pestanejar, o que dá início a um monumental sururu dentro e fora de campo. As
fotos e a imagem da tevê não são conclusivas, e não dá para afirmar se a bola
entrou ou não. De qualquer forma, o gol é confirmado, o Flamengo vence por 3-2,
é pesadamente criticado e, na semana seguinte, uma imprensa reticente acaba se
rendendo a um verdadeiro show de bola de Zico & Cia no Fla-Flu, 3-0, todos
os gols no primeiro tempo, torcida gritando “queremos seis”.
O outro jogo é de 1983,
também na Taça Guanabara. O Flamengo vive o auge da crise decorrente da venda
de Zico. Dunshee de Abranches acaba de renunciar à Presidência, após a
calamitosa derrota para o Botafogo (0-3), e o treinador Carlos Alberto Torres
também é demitido. Enquanto não se definem os novos comandantes, o preparador
José Roberto Francalacci assume o time. Desmotivado, desnorteado e sem rumo, o
Flamengo faz uma partida desastrosa no Maracanã e empata com o Bonsucesso
(1-1), jogo em que não sai derrotado graças às várias defesas milagrosas de
Raul, apontado como o melhor em campo. Muito vaiados, os jogadores chegam a ser
abordados por alguns torcedores mais exaltados. Um deles pergunta a Júnior até
quando o Capacete irá seguir “rebolando em campo”. Nervoso, Júnior acerta-lhe
um soco no nariz e vai embora. Na época, o caso não ganha muita repercussão,
até porque os problemas do time dentro e fora do campo já são suficientes para
encher as páginas de esportes.
Outra do Bonsucesso.
Foi contra os rubro-anis que o Flamengo atuou, pela primeira vez no Brasil, com
a camisa de listras largas que fez sucesso nos anos 80-90. Foi na estreia do
Estadual de 1980 e o Flamengo venceu por 2-0, gols de Nunes e Júlio César “Uri
Geller”, em partida em que a exibição do time foi pesadamente criticada.
Falando em camisa, termino
esse pot-pourri mal disfarçado com uma perguntinha irônica: e a Papagaio de
Vintém, hein? Não era azarada, micada, agourenta? É o tal negócio. Põe em campo
que um dia esse tipo de escrita acaba. Taí. 2-0.
Em tempo: o time fez
uma partida medonha, indigente, e sem medo de errar uma das três piores
exibições no ano, talvez a pior. Mas meu nível de preocupação com esse fato é
zero. Jogar de forma sonolenta contra time pequeno antes de clássico é
especialidade da casa. Ninguém quer ficar fora de jogo importante, então se
costuma tirar o pé.