É
triste ver, ler, ouvir sobre as cenas que aconteceram na última
quinta-feira, quando o Flamengo enfrentou o Boavista no Maracanã.
Mais uma vez os torcedores foram tratados como gado pelos
RESPONSÁVEIS PELO EVENTO. E não importa se a carga era de 500, 15
mil, de 30 mil ou de 200 mil pagantes, a torcida deve ser tratada com
o máximo de respeito ela está ali para ajudar e é CONSUMIDORA do
produto ofertado, está pagando pelo “espetáculo, não pode entrar
com 40 minutos do primeiro tempo. Filas gigantescas para a compra de
ingressos, acesso interno dificultado pelos 15 mil ingressos a ser
vendido em 2hs, coisa que o Consórcio disse ser impossível
conseguir vender.
Como
assim? Na década de 1990 se vendia muito mais com as 4 bilheterias
abertas, não com bilheterias fechadas. A cultura do “chegar em
cima do jogo” também pode ser diminuída, mesmo com
engarrafamentos, horário não tão bom e outros fatores. Se o
ingresso fosse à distância, com facilidade? Fosse eu dirigente
tentaria urgentemente rever os contratos de venda e fabricação de
ingressos, se possível melhorar o contato entre os torcedores e o
clube.
Para
os jogos no Maracanã, caberia uma revisão no contrato ou uma
pressão, cobrança para que mudanças sejam feitas. Elas não me
parecem complexas, muito menos onerosas. Pelo contrário. Desde que
sejam tratadas como investimento, fidelização dos clientes, da
torcida que comparece aos jogos para apoiar o time, na boa e “na
ruim”. Tudo passa primeiramente pela comercialização dos
ingressos. Palmeiras e Botafogo venderão suas entradas em casas
lotéricas, a partir do sistema de casas lotéricas da Caixa
Econômica Federal, que por sinal é patrocinadora máster do clube e
não patrocina nem a Palmeiras, nem a Botafogo.
A
parceria dos rivais se dará pela empresa que comercializa os
ingressos dos clubes. O Flamengo também é parceiro, penso que deva
entrar numa segunda fase do projeto. Vejo como algo normal, já que o
Palmeiras tem seu estádio novo e o Botafogo uma demanda menor no RJ.
A anormalidade, a meu ver, se dá na forma em que a parceria foi
formada. Faz tempo que digo que algo deveria ser executado no sentido
de se vender ingressos em casas lotéricas. Se não me engano, postei
sobre o assunto em 2012, repeti em 2013 e 2014 e tão logo o Flamengo
assinou sua parceria com a Caixa.
Como
é “comum” no futebol brasileiro, precisou um intermediário para
promover a “ousadia” de vender ingressos em casas lotéricas...
(o Flamengo poderia ter fechado a parceria antes da empresa que vende
seus ingressos, diretamente), nenhum clube agiu isoladamente.
Passando deste “problema”, a venda dos ingressos por CPF, em
qualquer lugar do Brasil, daria suporte ao clube para planejar
pacotes de ingressos e vendas antecipadas, de certo modo,
democratizando o acesso, como créditos de telefones celulares.
Para
funcionar plenamente, bastaria o clube utilizar uma plataforma
disponível, que parece pouco utilizada até o momento, o Cadastro
Rubro-Negro.
Foram mais de 800 mil Rubro-Negros cadastrados, incluindo os mais de
65 mil Sócios torcedores (contando os inativos). O
torcedor cadastrado ganharia um cartão torcedor, como o que já
existe para o sócio torcedor, como os do sistema de transportes, o
“bilhete único”. O “cartão ingresso” dá acesso direto,
reduzindo exponencialmente o cambismo, já que a compra seria
praticada através do CPF, partindo diretamente do próprio cadastro.
Basicamente,
todo torcedor do Flamengo que queira entrar em um estádio de futebol
para torcer pelo clube teria de portar seu cartão, com seus dados já
cadastrados no clube. Ajudaria, entre outras ações, em casos de
polícia também. Neste
sistema seria possível a conferência por amostragem, assim quem
fosse pego com um cartão de alguém (o cartão serviria como uma
“identidade do cidadão rubro-negro”), estaria impedido de
assistir ao jogo, sendo entregue ao JECRIM, denunciado por falsidade
ideológica e crime contra a economia popular (cambismo). Caso o
portador queira repassar o bilhete a um irmão, familiar, amigo,
outrem, por exemplo, terá de avisar com no mínimo 48hs de
antecedência da partida. Na revenda do ingresso o clube ganharia uma
porcentagem do valor repassado e o dono da entrada reduziria o
prejuízo pelo ingresso comprado e reutilizado. Seria uma maneira de
evitar fraudes na entrada e cadeiras vazias.
O
Flamengo tem amplo conhecimento do sistema que ponho em questão,
porque já o pratica, na entrada da sede social, onde só é
permitida a passagem de sócios com suas carteirinhas. E o detalhe
que faria toda a diferença contra fraudes: ao
passar o cartão na roleta de entrada, aparece a foto do associado
(como
ocorre nas portarias da Gávea),
portanto só entrará no estádio o dono do cartão-ingresso.
Caso
o Clube deseje tratar o aspecto do cadastro e do relacionamento com o
torcedor, trazendo facilidades e evitando problemas, pensando em
novas práticas de facilitação como investimento, e não como
custo, só enxergo vantagens para adoção desse sistema. Atualmente
com a tecnologia utilizada em sistemas de cartões, como o RioCard,
em consonância com o cadastro Rubro-negro, poderia se disponibilizar
e enviar para os já cadastrados ou recadastrados 1 milhão de
cartões, tranquilamente. Cartões
não são caros, mesmo que se cobre na primeira fase (cadastro e
entrega) custa menos de UM REAL, que poderia ser cobrado do próprio
torcedor, inclusive. Quem se negaria a pagar por seu cartão?
Os
mecanismos estão por aí, é só querer acabar com a farra dos
ingressos, estádios vazios e aproximar-se de sua torcida, seu
consumidor. Para
que fazer o torcedor sofrer e o clube perder dinheiro achando que
tudo é custo, nada é investimento? Evita filas, ativa o cadastro,
ativa patrocinadores, atrai novas fontes de receitas, produz
comodidade ao torcedor/consumidor, as recargas se dariam por
CPF/cartão, reduziriam fraudes quase “zerando” o cambismo. Isso
sem falar em Sócio Torcedor, já que esta “solução” não seria
para ele e certamente aproximaria o torcedor comum do programa de ST.
É só trabalhar com os dados que se tem para avançar no ST.
Ressalvo
que não é fácil, porém é preciso um pouco mais de “boa
vontade”, ousadia. Não
consegui pensar em outra coisa que não fosse a famosa música de Zé
Ramalho, principalmente depois de relatos sobre o funcionamento dos
trens, na volta, depois do mesmo jogo. Mas isso daria uma outra
música, ops, outro post. "Vocês que fazem parte dessa massa"...