Irmãos
rubro-negros,
sábado
de carnaval, muita alegria, povo na rua e Flamengo no coração.
A
coluna de hoje tratará exatamente da relação entre o Flamengo e o carnaval.
Pela
leitura do texto, de autoria de Edigar de Alencar, pode-se perceber que o Clube
de Regatas do Flamengo, desde o seu nascimento, tem a marca da popularidade no sangue.
Segue
o texto, amigos:
“Senhor
de uma torcida abafante, compressora e barulhenta, o Flamengo tinha que ser
carnavalesco. Foi sempre animado reduto da grande festa do Rio. Seus bailes
populares ou mais exigidos, com ou sem etiqueta, resultaram no passado e no
presente festas exuberantes de alegria e extroversão.
Famosos
seus banhos de mar à fantasia, outro aspecto do carnaval carioca que desaparece.
O recuo da praia, melhor dizendo, o seu avanço baía adentro, e a mudança das
atividades do remo para a lagoa Rodrigo de Freitas, haveriam de influir.
Afinal, a praia do Flamengo hoje tão afastada do logradouro público assim
denominado, e tendo ainda de permeio o majestoso e amplo parque, criou
dificuldades, estabeleceu fronteiras nada fáceis de travessia.
De
qualquer forma o carnaval do Flamengo tem as suas tradições. E uma delas eram
os animados banhos à fantasia que se realizavam no local fronteiro à sede do
66/68, antigo 22, com extraordinária concorrência.
Vinha
gente aos magotes dos bairros e subúrbios. Compareciam os clubes de Santa Luzia
e muitos eram os carros. Talvez não se pudesse chama-los ‘alegóricos’, mas
dentro da sua confecção modesta recebiam aplausos calorosos da multidão que se
esparramava pelo asfalto da Praia. De longe vinham clubes, entre os quais o
Atília e o Renascença, que figuravam sempre com destaque, inclusive pela
contribuição feminina.
Júlio
Silva, carnavalesco de nascença e flamengo a qualquer hora, espírito de
organização e inventiva, com muitas realizações no Clube, inclusive o primeiro
torneio colegial de futebol com quase 800 jovens inscritos, e animados torneios
internos, em um dos quais foi lançada, em 1929, a legenda de sua autoria: ‘Uma
vez Flamengo, sempre Flamengo”, era um dos elementos de proa desses banhos de
mar.
(...)
Os
banhos de mar à fantasia do Flamengo foram por muito tempo nota destacada do
carnaval carioca das quatro primeiras décadas. Equivaliam em fama e animação às
batalhas de confetes da Rua Dona Zulmira e do Boulevard 28 de Setembro.
Além
dos assanhados Piranhas e dos Flamengos de Verdade e alguns outros, o Flamengo
possuiu um aguerrido grupo, a Guarda Rubro-Negra. Esse bloco, também se
incumbia de policiar o ambiente contra os excessos dos foliões. Era do
carnaval, mas também da ordem. De briga. Turma disposta, do remo e dos pesos.
Consta que sua criação foi inspirada pelo presidente Bastos Padilha.
Numa
festa carnavalesca na sede da Praia, o presidente teria visto rapazes pertencentes
à Guarda Alvi-Negra, do Botafogo, dançando frevo no salão. Refugou; mandou que
alguns dos seus auxiliares fossem pedir aos moços da vizinhança que parassem
com aquela dança alucinada (dança mais de rua do que de salão) pois estorvavam
os outros. Os rapazes do Alvi-Negro não atenderam. E para não criar caso ou
incidente que se refletiria na animação da festa, e até porque os rapazes
visitantes, dobrados, reagiriam na certa, ficou tudo como estava.
E
no carnaval seguinte, a Guarda Alvi-Negra foi convidada. Compareceu. E no
primeiro encontro, talvez até provocado, a briga explodiu. Há quem afirme que
os lindos macacões de setim alvi-negro foram rasgados de alto a baixo e houve
um strip-tease forçado e uma expulsão em trajes precários. A Guarda Rubro-Negra
brigou, mas manteve a ordem.
(...)
A
citada e valente Guarda Rubro-Negra inspirou o compositor Naylor de Sá Rego
(Yoyô), que compôs a marcha-hino do mesmo nome, bastante cantada nas festas
carnavalescas de 1938 no Flamengo:
Somos da Guarda Rubro-Negra
Cheios de esperanças mil
Pertencemos ao Flamengo
O mais querido do Brasil.
Estamos sempre alegres
Na folia, nos esportes
Quer de terra quer de mar
E por isso é que a Guarda
Está sempre na vanguarda
Nesta vida salutar.
Estamos sempre unidos
E a tudo resolvidos
Em defesa ao pavilhão.
Uma vez Flamengo, sempre
Uma vez Flamengo, sempre
Flamengo do coração.”
Autor:
Edigar de Alencar, Flamengo, força e
alegria do povo.
...
Antes
de encerrar, compartilho com os fraternos amigos rubro-negros uma adaptação do
samba enredo do Salgueiro de 1969, “Bahia de Todos os Santos”, que passou, na
voz da Nação Rubro-Negra, a chamar-se Flamengo de Todos os Deuses. Segue um link com o vídeo dessa linda música cantada pela voz do nosso Eterno Maestro, Leovegildo
Lins da Gama Júnior.
https://www.youtube.com/watch?v=LJBu3vFzmoE
Flamengo, os meus estão brilhando,
meu coração palpitando de tanta felicidade.
Tens na torcida uma força sem igual,
meu glorioso Flamengo, cada jogo uma vitória, cada vitória um carnaval.
Preto velho já dizia, meninada:
- Existe um time que sacode a arquibancada,
sua história, sua glória, seu nome é tradição
a minha maior alegria é ver o Mengo campeão.
Sou urubu, mas não
faz mal,
sou do clube mais querido, aquele que faz vibrar.
Time consagrado pelo povo, e a Charanga a tocar.
Bola pra frente, lá na
Gávea é assim
na vitória ou na derrota, sou Flamengo até o fim.
Sou Flamengo sim, pra toda vida.
Zuzuzum zuzuzum, a torcida quer mais um.
...
Abraços,
ótimo carnaval e Saudações Rubro-Negras a todos.
Uma
vez Flamengo, sempre Flamengo.