sábado, 14 de fevereiro de 2015

Flamengo no Carnaval




Irmãos rubro-negros,

sábado de carnaval, muita alegria, povo na rua e Flamengo no coração.

A coluna de hoje tratará exatamente da relação entre o Flamengo e o carnaval.

Pela leitura do texto, de autoria de Edigar de Alencar, pode-se perceber que o Clube de Regatas do Flamengo, desde o seu nascimento, tem a marca da popularidade no sangue.

Segue o texto, amigos:

“Senhor de uma torcida abafante, compressora e barulhenta, o Flamengo tinha que ser carnavalesco. Foi sempre animado reduto da grande festa do Rio. Seus bailes populares ou mais exigidos, com ou sem etiqueta, resultaram no passado e no presente festas exuberantes de alegria e extroversão.

Famosos seus banhos de mar à fantasia, outro aspecto do carnaval carioca que desaparece. O recuo da praia, melhor dizendo, o seu avanço baía adentro, e a mudança das atividades do remo para a lagoa Rodrigo de Freitas, haveriam de influir. Afinal, a praia do Flamengo hoje tão afastada do logradouro público assim denominado, e tendo ainda de permeio o majestoso e amplo parque, criou dificuldades, estabeleceu fronteiras nada fáceis de travessia.

De qualquer forma o carnaval do Flamengo tem as suas tradições. E uma delas eram os animados banhos à fantasia que se realizavam no local fronteiro à sede do 66/68, antigo 22, com extraordinária concorrência.

Vinha gente aos magotes dos bairros e subúrbios. Compareciam os clubes de Santa Luzia e muitos eram os carros. Talvez não se pudesse chama-los ‘alegóricos’, mas dentro da sua confecção modesta recebiam aplausos calorosos da multidão que se esparramava pelo asfalto da Praia. De longe vinham clubes, entre os quais o Atília e o Renascença, que figuravam sempre com destaque, inclusive pela contribuição feminina.

Júlio Silva, carnavalesco de nascença e flamengo a qualquer hora, espírito de organização e inventiva, com muitas realizações no Clube, inclusive o primeiro torneio colegial de futebol com quase 800 jovens inscritos, e animados torneios internos, em um dos quais foi lançada, em 1929, a legenda de sua autoria: ‘Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”, era um dos elementos de proa desses banhos de mar.

(...)

Os banhos de mar à fantasia do Flamengo foram por muito tempo nota destacada do carnaval carioca das quatro primeiras décadas. Equivaliam em fama e animação às batalhas de confetes da Rua Dona Zulmira e do Boulevard 28 de Setembro.

Além dos assanhados Piranhas e dos Flamengos de Verdade e alguns outros, o Flamengo possuiu um aguerrido grupo, a Guarda Rubro-Negra. Esse bloco, também se incumbia de policiar o ambiente contra os excessos dos foliões. Era do carnaval, mas também da ordem. De briga. Turma disposta, do remo e dos pesos. Consta que sua criação foi inspirada pelo presidente Bastos Padilha.

Numa festa carnavalesca na sede da Praia, o presidente teria visto rapazes pertencentes à Guarda Alvi-Negra, do Botafogo, dançando frevo no salão. Refugou; mandou que alguns dos seus auxiliares fossem pedir aos moços da vizinhança que parassem com aquela dança alucinada (dança mais de rua do que de salão) pois estorvavam os outros. Os rapazes do Alvi-Negro não atenderam. E para não criar caso ou incidente que se refletiria na animação da festa, e até porque os rapazes visitantes, dobrados, reagiriam na certa, ficou tudo como estava.

E no carnaval seguinte, a Guarda Alvi-Negra foi convidada. Compareceu. E no primeiro encontro, talvez até provocado, a briga explodiu. Há quem afirme que os lindos macacões de setim alvi-negro foram rasgados de alto a baixo e houve um strip-tease forçado e uma expulsão em trajes precários. A Guarda Rubro-Negra brigou, mas manteve a ordem.

(...)

A citada e valente Guarda Rubro-Negra inspirou o compositor Naylor de Sá Rego (Yoyô), que compôs a marcha-hino do mesmo nome, bastante cantada nas festas carnavalescas de 1938 no Flamengo:

Somos da Guarda Rubro-Negra
Cheios de esperanças mil
Pertencemos ao Flamengo
O mais querido do Brasil.

Estamos sempre alegres
Na folia, nos esportes
Quer de terra quer de mar
E por isso é que a Guarda
Está sempre na vanguarda
Nesta vida salutar.

Estamos sempre unidos
E a tudo resolvidos
Em defesa ao pavilhão.
Uma vez Flamengo, sempre
Uma vez Flamengo, sempre
Flamengo do coração.”

Autor: Edigar de Alencar, Flamengo, força e alegria do povo.
...

Antes de encerrar, compartilho com os fraternos amigos rubro-negros uma adaptação do samba enredo do Salgueiro de 1969, “Bahia de Todos os Santos”, que passou, na voz da Nação Rubro-Negra, a chamar-se Flamengo de Todos os Deuses. Segue um link com o vídeo dessa linda música cantada pela voz do nosso Eterno Maestro, Leovegildo Lins da Gama Júnior.

https://www.youtube.com/watch?v=LJBu3vFzmoE

Flamengo, os meus estão brilhando,

meu coração palpitando de tanta felicidade.

Tens na torcida uma força sem igual,

meu glorioso Flamengo, cada jogo uma vitória, cada vitória um carnaval.

Preto velho já dizia, meninada:

- Existe um time que sacode a arquibancada,

sua história, sua glória, seu nome é tradição

a minha maior alegria é ver o Mengo campeão.

Sou urubu, mas não faz mal,

sou do clube mais querido, aquele que faz vibrar.

Time consagrado pelo povo, e a Charanga a tocar.

Bola pra frente, lá na Gávea é assim

na vitória ou na derrota, sou Flamengo até o fim.

Sou Flamengo sim, pra toda vida.

Zuzuzum zuzuzum, a torcida quer mais um.



 ...


Abraços, ótimo carnaval e Saudações Rubro-Negras a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.