Saudações flamengas a
todos,
Eu gostava de assistir
ao Carnaval do Rio quando garoto. Uma escola que eu simpatizava era a despretensiosa
Unidos de São Carlos, e se minha memória não me trai (isso data do comecinho
dos anos 80, tem tempo já) eu tenho a impressão de que a agremiação era um
ponto de encontro de jogadores de futebol, e meio time do Flamengo saía lá.
De qualquer forma,
posso não ter certeza se Zico, Júnior & Cia eram foliões da Unidos de São
Carlos, mas uma coisa de que não me esqueço e ainda está presente de forma
cristalina na minha retina é uma imagem mais, digamos, calipígia. Adele Fátima
era o nome da moça, uma das mulatas do Oswaldo Sargentelli. A imagem daquela
morena em trajes sumários, oferecendo a imagem do seu derrière às gulosas
lentes das câmeras de tevê é algo que marca a infância de um garoto de seus
sete, oito anos, até porque na época os trajes de banho ainda eram relativamente
comportados. Ou seja, o máximo de ousadia na exposição do corpo feminino era
proporcionado pelas passistas na Sapucaí. Donde Adele terá sido minha primeira
musa.
Mas toda essa arenga está
aqui à guisa de um breve introito ao ponto em que quero atingir, uma inevitável
reminiscência. É que a Unidos de São Carlos caiu, levantou, mudou de nome e
virou Estácio de Sá. E, há 20 anos, proporcionou o mais emocionante espetáculo
da história do Carnaval do Rio de Janeiro (dentro de uma perspectiva pessoal).
O desfile que homenageou o centenário do Flamengo.
Não importa que a
escola tenha chegado em sétimo entre 18 (embora os entendidos digam que cabia um terceiro
ou quarto, algo impensável para jurados arco-íris digerirem). Pouco interessa o
resultado final. Nada, absolutamente nada, supera a sensação de ouvir pela tevê
o ensurdecedor grito de “Mengôôôô” das pulsantes arquibancadas do Sambódromo,
tomado por lenços, camisas e bandeiras que o tingiram de negro e vermelho.
Assim, deixo aqui um
link para recordar esse momento mágico. O ano em que o Flamengo se transfundiu
em um sonho de Carnaval.
“Cobra-coral, papagaio
vintém, vestiu rubro-negro não tem pra ninguém”
“Ê Mengo tengo, no meu
quengo é só Flamengo, uh tererê sou Flamengo até morrer!”
Bom Carnaval a todos.