Buongiorno, Buteco! O tema de hoje é o treinador, mas para a temporada de 2015. Estou incrivelmente irritado com Vanderlei Luxemburgo por conta das três substituições que fez na quarta-feira passada, mas proponho uma discussão menos emocional (a começar por mim) a respeito da definição do nome do profissional que comandará o time do Flamengo na próxima temporada. Uma decisão como essa não pode se basear unicamente no fracasso ou nos erros cometidos em uma partida, mas precisamos ter em mente que esses mesmos erros podem perfeitamente ser fruto de outros problemas que influenciam ou ao menos deveriam influenciar decisivamente nessa escolha.
Para mim, não há situação mais desconfortável no futebol do que essa de trocar treinador. Detesto. Talvez porque o panorama do futebol brasileiro hoje seja de "1x7 Alemanha", ou seja, de profissionais completamente contaminados pela soberba e ultrapassados, sou tomado pela angústia quando esse tema surge, pois parcas são as opões existentes para um clube de primeira linha. Vejam bem, na minha opinião, o Flamengo, por conta do trabalho da Diretoria atual, deixou bem mais estável o ambiente fora de campo, no Departamento de Futebol. Eu atribuo a esse ambiente profissionalmente mais tranquilo, estável e sério o fato de jogadores de pouca expressão, e alguns deles vindo de clubes de pouca expressão, conseguirem algum destaque no time titular, como por exemplo ocorreu com Hernane, Paulinho, João Paulo, Wallace e Márcio Araújo, e alguns jogadores da base terem começado a mostrar algo, como Luiz Antonio no final de 2013 (não em 2014, deixo claro), Paulo Victor e agora Nixon. Se olharmos alguns anos atrás, em um período recente, o Flamengo precisava investir alto em jogadores consagrados e com salários altíssimos para obter resultados bem parecidos com os que foram colhidos nesses dois últimos anos, quadro que gerava endividamento por conta da política de investimentos sem receitas e de falta de títulos e patrocinadores para cobrir os gastos.
No quadro atual, então, em tese, seria bem mais fácil para qualquer treinador trabalhar no Flamengo. Mas as coisas não são tão simples. Se em futebol a lógica costuma ser desafiada, no Flamengo então o incerto é a certeza. Foi assim que Dorival fracassou, Jorginho fracassou, Mano Menezes, uma estrela, ia de trancos e barrancos, apenas medianamente, até que pediu demissão, e Jayme de Almeida teve um final de ano sublime, para depois fracassar como os outros em 2014, ser sucedido por uma desastrosa e efêmera segunda era Ney Franco, até Vanderlei Luxemburgo surpreendentemente trazer a estabilidade e a esperança do título da Copa do Brasil, que tod@s sabemos como terminou.
Pois então. Quem disse que é fácil dirigir o Flamengo? Convido @s amig@s do Buteco a visitar o seguinte link da Wikipedia, que traz um quadro com todos os treinadores da história do clube. Impressiona como há tempos o comum é o treinador não conseguir sequer completar a marca de 50 (cinquenta) jogos, reservada a alguns poucos. As estatísticas então preocupam ainda mais. Pouquíssimos são os treinadores que possuem retrospecto positivo à frente do Flamengo. No mercado atual, apenas o veteraníssimo, e claro, ultrapassado Joel Santana, além do atual treinador, Vanderlei Luxemburgo, com todo o "pacote" que traz consigo - ego monstruoso, vontade de mandar no clube todo, suspeitas de interesses onde não deve e, como se não bastasse, no quadro atual, alinhamento com corrente política mais retrógrada e nociva para o clube. Para aumentar essa lista, talvez possamos citar o Cuca, talvez o Andrade ou o Ney Franco, contando os números da primeira passagem, mas logo a realidade do inalcançável ou do indesejável trata de nos mostrar o tamanho do problema.
Pois é. Quem disse que é fácil escolher treinador para o Flamengo? Meu maior medo nesse processo, amig@s do Buteco, é escolher mal e iniciarmos, em 2015, outra sequência de demissões e substituições de treinador, comprometendo qualquer meta que se trace e repetindo padrões do fracasso de temporadas anteriores, como contratações pedidas por treinadores demitidos e que acabam encostadas no elenco, com altos salários e sem serem utilizadas pelos treinadores subsequentes. Sim, estou com raiva do Luxemburgo e sequer posso dizer que confio nele, mas tenho consciência de que é grande a possibilidade de migrarmos para uma situação ainda pior, o que me dá mais raiva ainda, se é que vocês me entendem... Só acho que um assunto de tamanha importância não pode ser resolvido com base em questiúnculas como se o treinador terá ou não direito a ingressos e camisas oficiais a cada partida. Façam-me um favor, senhor Vanderlei Luxemburgo e Diretoria do Flamengo...
Este post não tem por objetivo sugerir a manutenção ou a permanência do atual treinador, mas apenas de trazer o tema à reflexão de todos. O que fazer? Se demitir, a quem recorrer? Com base em quais critérios? Treinador estrangeiro ou não? Por quê? A palavra, como sempre, está com vocês, e quem quiser comentar o jogo contra o Sport Recife fique a vontade (a mim falta ímpeto).
Despeço-me com a homenagem a Cláudio Coutinho e o registro da enorme saudade do tempo em que o Flamengo era referência dentro e fora de campo, inclusive pela excelência de seu treinador.
SRN a tod@s.