Observando a alguns vascaínos mais antigos, e próximos, comemorando a vitória
de Eurico Miranda na eleição para a presidência do rival, lembrei
de uma discussão que tive com meu pai na última terça-feira,
quando ele dizia: “Eu quero é título! Esse time é uma
porcaria!”. Tem razão claro. Estava machucado com a atuação
contra o Ixpó... Ele é a representação do rubro-negro comum, mais
antigo em sua maioria, que nem liga para a política interna do
clube, acostumado com a prática centenária do futebol brasileiro de
sonegar impostos para montar time (diretorias, não torcedores). Isso
não é um conflito de gerações, apenas perspectivas diferentes.
Vejo
por exemplo, que dá para se minimizar os erros na montagem do elenco
para 2015, avançar nos processos e na “equação Bom futebol/Menos
dívidas”. Que fique claro, não é porque o Flamengo tem
vontade e capacidade de pagamento de dívidas e seus rivais não
pagam, que num futuro próximo, venceremos por falta de concorrência.
Não é porque pagaremos dívidas que os outros clubes ficarão em
situação ruim, que seremos dominantes. Hoje o clube trabalha para
se consolidar como dominante. Para isso é preciso pensar e executar
no médio prazo, trabalhar com planejamento, sem interrupções, mas
com correção de rotas, logicamente. Estaremos à frente por que nos
ajeitamos antes.
Dizia
pro meu velho que se não pagasse os impostos (os
devidos e os correntes),
o Flamengo estaria em situação pior do que a do Botafogo; citei o
exemplo do Galo, com as receitas do jogo da final da Copa do Brasil,
contra o Cruzeiro, penhoradas; falei do Vasco (de Roberto) que pegou
empréstimos para pagar as dívidas e pagou salários atrasados,
ficando sem ter como pegar novos empréstimos e nem as últimas
cotas de patrocínio da Caixa. Como fecharia as contas? Ele voltou a
si, e acabou concordando comigo.
Aliás,
a situação do futebol brasileiro como um todo é essa. Só
melhorará se sair a LRFE ou se surgir outro Refis. Os clubes estão
asfixiados, as instituições apertaram as gravatas, tanto as
financeiras, quanto as estatais que cobram e cobram pesado. Vide a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que
vem tirando dinheiro de todos aqueles que descumpres acordos feitos
no passado. Descumpriu
acordo, tem penhora! Sem choro, nem vela.
A
política interna do Flamengo tem um ambiente pesado, de acusações
(falsas ou verdadeiras), pechas, entre outras coisas, dividindo,
segregando, mas com uma diferença não encontrada anteriormente: a
polarização. A polarização não existia, nem na última eleição
para a presidência, vencida pelos azuis. Mesmo com nuances,
dissidências, discordâncias normais de qualquer processo decisório,
está posto o embate entre passado x futuro. Portanto, clara a
posição de quem defende o passado (recente) e de quem defende o
futuro, inclusive em grupos novos que surgiram no triênio. O melhor
de tudo é a atividade, a oxigenação da política do Flamengo
(proatividade ou reatividade, não sei). Novos grupos também são
bem-vindos.
A
próxima eleição, a do corpo transitório do conselho deliberativo,
que mal saiu do forno, já tem baixaria! Imagine a eleição para a
presidência no ano que vem? Os sócios têm a obrigação de se
manter em vigilância constante, estado de alerta, para poder
escolher sua opção. Aliás, temos que ter em mente que o futebol
não elege ninguém no clube, só tumultua, em caso de resultados
ruins... Visto que já teve presidente que não conseguiu se eleger
sendo campeão brasileiro de futebol, com eleição no dia seguinte.
Associe-se
Rubro-negro! Não se omita, caso tenha possibilidade para
isso. Não quero aqui, e em lugar algum, incitar
irresponsabilidade familiar por conta do Flamengo. A
associação Off-Rio custa aproximadamente R$ 40,00 e dá direito a
voto em 2018. Vale a pena, passa rápido. Caso viva na região
metropolitana do Rio de Janeiro, procure pela associação como
contribuinte que custa R$ 140,00 mensais. Os títulos de Sócio
Patrimonial e Proprietário estão à venda para qualquer
interessado, não importa onde resida. Dentro ou fora do Brasil.
É
ótimo a participação de gente nova para o clube, arejar, fazer com
que apaixonados torcedores formem opinião de dentro. Grupos de
torcedores tem se formado, longe dos grupos tradicionais, e mesmo os
tradicionais tem se reformulado. A democracia é excelente para o
clube, com grupos oxigenados, para que não necessitemos de “nossos
Euricos”.
P.S.: Mesmo achando péssimo para as finanças e para as rivalidades em si, o chope do Eurico será ótimo! Muito Bem-Vindo!