Saudações flamengas a todos.
O final de ano se aproxima, então
é o momento de se proceder à famosa “avaliação” no elenco, como aliás alguns
colegas aqui no Buteco já fizeram. Então, também vou expor meu pitaco. No
entanto, evito propor a destinação aos jogadores, por não dispor de elementos
suficientes. Atenho-me ao visto em
campo (e um pouco fora dele), e tomando-se por base estritamente esse aspecto,
o leitor poderá desenvolver suas próprias conclusões.
* * *
Paulo Victor –
enfim conseguiu sua sequência de jogos. Reflexo agudo, ótimo pegador de penais.
Mas sua deficiência nas bolas altas é insanável. Irregular em bolas de longa
distância. Bom goleiro, mas longe de apresentar futebol de ponta.
César – segue
aguardando mais oportunidades, e com isso continua superestimado pela maioria
da torcida. Do que mostrou na Copa SP e na partida contra o Cruzeiro ano
passado, parece um goleiro com perfil semelhante ao do Diego Bracinho. Não se
espere melhora nas saídas em bolas cruzadas.
Felipe – o ótimo e
seguro goleiro de 2013 perdeu foco, abusou de falhas comprometedoras e
aparentemente voltou a cultivar problemas de relacionamento. Talentoso, mas
instável demais para o nível de goleiro de primeira linha. Tudo indica estar
fora dos planos.
Leonardo Moura – o
desempenho do capitão de 2013 respaldava sua renovação. O futebol mostrado em
2014, não. Mais habilidoso jogador do elenco, começa a demonstrar de forma mais
contundente a falta de vigor físico, que redundou em uma temporada irregular.
Segue suscitando amor e ódio em fartas doses, e a decisão acerca de sua
renovação fará emergir grosso coro de descontentes, seja qual for o desfecho.
Léo – enfrentou
estranhos problemas de contusão, que o mantiveram inativo por quase todo um
semestre. Quando atuou, mostrou-se impetuoso (até em excesso) e apresentou bom
aproveitamento ofensivo (andou cravando gols e assistências), mas é frágil
defensivamente (aliás, tradição flamenga no setor). É bom jogador, mas precisa
se tornar mais confiável.
João Paulo –
extremamente limitado, sua absoluta inoperância no trabalho defensivo, a ponto
de se tornar um dos principais pontos fracos da equipe (que sofreu vários e
vários gols por ali, e o gol sofrido contra o Santos é ilustrativo) criaram um
irreversível desgaste com a torcida. Cruza relativamente bem, é raçudo e
disciplinado. O que é pouco.
Anderson Pico –
superou as desconfianças acerca de seu nítido excesso de peso com entrega e
muito voluntarismo. Inteligente (sabe compensar sua lentidão), além de mostrar
qualidade técnica e bom chute, agradou e provavelmente ganhou vaga no elenco.
Espera-se que, agora amparado por um contrato mais longo, siga rendendo em bom
nível.
Wallace – uma das
peças-chave em 2013, caiu sensivelmente de rendimento esse ano. Andou envolvido
com discussões extracampo, falhou em momentos-chave e sofreu com lesões. No
entanto, segue como o melhor zagueiro do elenco, e sua presença em campo
qualifica o setor defensivo da equipe. Além de mostrar personalidade e
liderança.
Chicão – jamais
conseguiu se firmar como titular, muito em função da sua lentidão e das sua
crônica deficiência nas bolas aéreas. Tem bom “tempo de bola” e razoável
técnica, mas sua entrada costuma desestabilizar o miolo de zaga. Reserva e com
um dos mais altos salários do grupo, sua manutenção no elenco é bastante
contestada. Aparenta certa desmotivação em campo.
Samir – mais um
destaque de 2013 que “involuiu” esse ano. Lento, pesadão e dispersivo, pouco
lembrou o promissor zagueiro que chegou a ser comparado a Aldair. Andou
falhando alguns pontos acima do aceitável (como o escorregão na Bolívia) e
chegou a perder a posição. Precisa recuperar o foco na carreira.
Marcelo – após
certo encantamento inicial, decorrente de atuações seguras, caiu de rendimento
e perdeu a vaga na equipe. Excelente nas bolas aéreas, mas é afoito e
estabanado, além de enfrentar problemas no combate direto. É o tal
“zagueiro-zagueiro” dado a bicudas, o que o fará encontrar dificuldades para se
firmar com Luxemburgo, tão caro à ideia da posse de bola.
Erazo – contratado
para ser titular, decepcionou desde o primeiro jogo (foi expulso), e seguiu
falhando sistematicamente em todas as partidas de que participou (como na final
do Estadual). Seu bom desempenho na Copa mostrou que atua bem na sobra, como
uma espécie de “líbero”, algo não usado no Flamengo. Desgastado, dificilmente
permanecerá.
Frauches – teve
algumas chances aqui e ali, principalmente no primeiro semestre, mostrando
pouca evolução. Segue lento e irregular, embora com boa técnica.
Caceres – jogador
mais competitivo do elenco, impressiona por sua entrega nos jogos. Possui
disciplina tática e é importante na organização do sistema defensivo. No
entanto, é lento e erra passes em demasia, além de desfalcar a equipe em metade
dos jogos, por lesões, suspensões ou convocações. Precisa de um reserva de
mesmo nível.
Márcio Araújo –
veio às pressas para repor o fracasso na negociação por Elias. Aplicado ao
extremo, tem sido peça-chave na compactação da defesa. No entanto, sua função
(que de certa forma emula o Luiz Antonio de 2013) carece de maior qualidade
ofensiva e bom passe, atributos que definitivamente o “marujo” não domina. Pela
entrega e pelo gol do título estadual, desfruta de certa simpatia da torcida.
Típico jogador “de elenco”.
Canteros – chegou
durante o campeonato, pegou a camisa e já foi dando o recado, sem isso de
“adaptação” e quetais. Ótima técnica, boa visão tática, sabe organizar o jogo e
possui boa chegada à frente, especialmente com passes longos, o que melhorou
brutalmente o desempenho ofensivo da equipe. No entanto, é lento, marca mal e
não tem estofo para ser a referência do meio-campo, precisando da companhia de
algum jogador mais “cascudo”.
Amaral – perdeu
foco e espaço. Gordo e pesado, é caricatura do cão de caça que animou a torcida
na temporada passada. Trocou a transpiração pela insistência em lançamentos de
efeito, que invariavelmente erra. Em forma e jogando no limite, pode ser útil
em situações específicas.
Luiz Antonio –
vinha em ascensão e tudo indicava que 2014 seria o ano de sua afirmação
definitiva. No entanto, perdeu-se em problemas extracampo, dos quais jamais se
recuperou, e desde então tem se arrastado em campo, sob ostensivas críticas de
uma torcida que (com certa razão) perdeu a paciência com o jogador. Parece
acomodado e sem clima no clube.
Muralha – içado da
reserva de equipes periféricas, subitamente se tornou referência no meio-campo
armado por Jayme. O resultado, 10 gols sofridos na primeira fase da
Libertadores. Habilidoso, mas dispersivo e pouco aplicado taticamente,
compromete irremediavelmente qualquer tentativa de fazer funcionar um sistema
defensivo. Com Luxemburgo, mais adiantado, melhorou um pouco. Lembra muito, não
pelo futebol mas pela postura em campo, o Jônatas. Cujo final não foi
alentador.
Recife – andou
sendo aproveitado em alguns jogos, em que mostrou severas limitações, tanto no
aspecto defensivo como (principalmente) nos passes e saída de bola.
Everton – cresceu
demais com Luxemburgo, tornando-se um dos principais jogadores da equipe. Muito
habilidoso e veloz, é perigosíssimo em contragolpes e saídas de bola em
velocidade. Tem melhorado as finalizações, e com isso começa a marcar gols com
mais frequência. Talvez, junto com Canteros, a contratação mais bem sucedida de
2014.
Gabriel – enfim
começa a ganhar massa muscular, e com isso apresentar um futebol mais
consistente. Sua extrema facilidade em driblar e se movimentar em velocidade
tornou-se uma arma da equipe. Tem minimizado sua crônica dificuldade em
finalizar. Sua ascensão (já andava meio esquecido) foi a melhor novidade do
final de uma temporada frustrante. Se seguir evoluindo, dificilmente sairá da
equipe.
Mugni – desde sua
chegada foi tratado com status de craque por uma torcida ansiosa e pressionando
por vê-lo em campo, a despeito de atuações discretas. Possui qualidades, mas é
pouco participativo e instável. Algumas ótimas partidas (Cabofriense,
Palmeiras, Criciúma) em um ano inteiro medíocre. É jovem, pode crescer. Resta
avaliar se vale a pena apostar e esperar.
Mattheus – o
episódio em que tentou forçar sua saída, além de ser filho de Bebeto (vaiado em
todos os Jogos das Estrelas de que participa, mostrando que a rejeição
permanece viva) criaram um irreversível distanciamento com a torcida. Sua
postura apática em campo também não ajuda. Tornou-se (injustamente) bode
expiatório da eliminação da Copa do Brasil. Mas mostrou muito pouco em seu
terceiro ano como profissional.
Negueba – é menos
ruim do que se consolidou pelo senso comum, mas, pelo tempo de carreira, já
deveria ter mostrado mais futebol. Vive de lampejos, o que é (ou deveria ser)
insuficiente para se criar no Flamengo.
Alecsandro – um
reserva em todos os clubes por onde recentemente passou não pode e não deve ser
solução para o ataque do Flamengo. Esperto, gosta de apregoar raça e entrega,
mas é usual vê-lo estático em campo. Dado a firulas e toquinhos, tenta exibir
uma qualidade que não possui. Costuma marcar gols, mas seu futebol é obsoleto
(é o típico “centroavante” das antigas) e pouco participativo. No máximo, com
muito boa vontade, pode ser uma opção de banco.
Eduardo –
impressiona pelo seu aproveitamento (dificilmente passa mais de três jogos sem
marcar gols), mas suas visíveis limitações físicas impedem uma utilização mais
intensa. Uma pena, pois possui boa qualidade de passe, exímio posicionamento e
é versátil (sabe voltar para buscar jogo). Pode ser um reserva mais útil e
eficaz para o time do que Alecsandro (com quem deveria disputar uma vaga no elenco).
Paulinho –
esquálida caricatura do intenso atacante de 2013, também andou tentando
aparecer com jogadas de efeito e exibir uma técnica que não possui. Funciona
transpirando e jogando para a equipe. Se abandonar isso, torna-se comum e perde
a utilidade. Espera-se que a longa inatividade lhe tenha posto a cabeça no
lugar.
Nixon – mais uma
grata surpresa de fim de ano. O copo meio cheio verá evolução, o copo meio
vazio enxergará mero empenho para renovar contrato (repetindo o famoso “efeito
Pacheco” de 2010). Pela postura em declarações, o garoto parece ter boa cabeça.
Talvez fosse o caso de apostar mais um pouco. Com cautela (aumento progressivo
de salário, por exemplo).
Sartori – por
enquanto, é apenas o “filho do Alcindo”. E o pai em campo não era grande
coisa...
Arthur – aposta
que deu errado. Sentiu o peso da camisa. Corre muito, e só.
Elton – é
certamente o pior jogador contratado pela atual administração.