Na última quarta-feira,
quando o Mais Querido saía de campo após se classificar para as semi-finais da
Copa do Brasil, um repórter, ao entrevistar o lateral Leo Moura, fez uma
constatação e uma pergunta, pertinentes e interessantes: “Assim como no ano
passado, o Flamengo faz uma campanha fraca no campeonato brasileiro, mas vai
longe na Copa do Brasil. Por que o desempenho do time é melhor no mata-mata do
que nos pontos corridos?”
Olhando para o histórico
do Flamengo desde que o campeonato nacional passou a ser disputado em pontos
corridos, fica bastante claro que essa realmente não é a nossa praia. Mesmo nos
campeonatos em que tivemos bons resultados, a sequência 2007, 08 e 09, o forte
da nossa equipe não foi a regularidade, chave para vencer esse tipo de
competição. O próprio torcedor rubro-negro costuma ficar esperando pelas
famosas arrancadas que levam milhares ao Maracanã. Mas é no mata-mata que a
mística rubro-negra se mostra em toda sua força, imortalizada no famoso “deixou
chegar f.....”.
Refletindo sobre o futebol
brasileiro de pontos corridos, é fácil observar que quase sempre o campeão é um
time que se mostra forte desde as primeiras rodadas. Ainda que a maioria dos
times passem por momentos de oscilação, costuma vencer aquele que se prepara
melhor para enfrentar esse momento. O planejamento necessário geralmente passa
pela montagem de um bom elenco ou pela capacidade de neutralizar rapidamente as
crises que surgem quando as vitórias escasseam. E estas são duas características
muito pouco comuns no Mais Querido dos últimos anos.
O mata-mata ao contrário, dá
a equipes mais inconstantes a oportunidade de jogar, ou até mesmo salvar, o ano
em uma ou duas partidas. A história reescrita na grande exibição da temporada, num
lance genial, de pura sorte, numa expulsão, ou no imponderável em campo. É a
hora em que o planejamento enfrenta a disposição igualados pela
imprevisibilidade do jogo e também, claro, pelos fatores extra-campo.
Provocações, tabus, estatísticas e a pressão da torcida podem fazer muita
diferença nessa hora. E talvez venha exatamente daí, uma certa preferência da
galera rubro-negra pelos jogos decisivos.
Dentre os diversos motivos
que o torcedor Flamengo tem para se orgulhar, a impressionante força da
Magnética está sempre entre os primeiros. Todo rubro-negro frequentador de
estádio tem pelo menos uma lembrança de um jogo tido como perdido que foi ganho
no grito da torcida. Reconhecimento que nos é dado até pelos adversários, que
podem até não temer nos enfrentar em pontos corridos, mas sabem que no mata-mata
é outro papo, como o campeão brasileiro relembrou no ano passado.
Mas mesmo a Nação não mantém
o fôlego ao longo das chatíssimas 38 rodadas do nosso campeonato brasileiro. Para
aqueles que defendem os pontos corridos, é uma questão de tempo, de se
acostumar ou até mesmo de educar os torcedores para entenderem que “cada jogo é
uma decisão”. Pode ser que seja, realmente. Mas acho difícil convencer qualquer
torcedor que um jogo numa quinta-feira à noite contra o Avaí pela 16ª rodada de
um campeonato que dura o ano inteiro vai ter o mesmo peso de uma semi-final
contra um rival histórico. A conclusão me parece bem simples. Daqui a 20 anos,
independentemente dos resultados, dentre as duas mencionadas, de qual partida você
vai lembrar?
abraços a todos e SRN!