Saudações flamengas a todos,
Peço desculpas pelo atraso, mas hoje quero dedilhar
ainda umas duas linhas de prosa sobre a conquista maiúscula do Flamengo semana
passada, o maior título da história dos esportes olímpicos brasileiros, nível
clubes, ao lado do feito do saudoso Sírio-SP em 1979.
O Campeonato Mundial de Basquete. MUN-DI-AL.
Gosto de basquete, acho muito mais interessante e
dinâmico que vôlei, por exemplo. Aliás, talvez dinâmico em excesso, de forma
que evito assistir a jogos em que o Flamengo esteja envolvido, pois o desgaste
emocional é absurdo. É um jogo diabólico, que já matou gente, e, torcedor
passional que sou, prefiro manter distância segura.
Mas mandei isso
tudo às favas e acompanhei a Final do Mundial. E me impressionei com o
altíssimo nível desse atual time do Flamengo. Não vou pagar de “especialista”
que não sou, mas achei nosso time extremamente sólido, competitivo e
disciplinado e, em que pese o nervosismo da partida, pode-se dizer que, salvo
alguns momentos ali pelo terceiro quarto, o rubro-negro soube controlar o jogo,
mantendo a vantagem de que precisava. Fiquei particularmente impressionado com
Laprovittola (é isso tudo mesmo que dizem), Benite, e especialmente Meyinsse.
Sem falar naquele demônio chamado Herrmann. Senhoras e senhores, Doval está de
volta. E ele agora joga basquete.
Mas, repito, não é
do jogo em si que quero falar, até porque vários portais e blogs já o fizeram
com a peculiar competência.
Foi fantástico,
emocionante, comovente mesmo, ver o Flamengo e sua gente comemorando, em
belíssima comunhão, a conquista do topo do mundo. As imagens da taça boiando em
um oceano negro e vermelho de gente são emblemáticas e dizem muito do que somos
e representamos.
Mas o mais
divertido, o mais suculento, o espetáculo farsesco, quase inverossímil, teve
início tão logo acionou-se estridente a sirene indicando o zero no cronômetro.
A reação dos
“outros”.
Sim, houve
manifestações de elegância e esportividade, a começar pelo próprio adversário
derrotado, um dos primeiros a felicitar, expressamente e sem entrelinhas, os
novos campeões. Outros cumprimentos e palavras de estímulo também jorraram, no
Brasil e no Exterior, como costuma acontecer diante de uma conquista
expressiva. É campeão, parabéns, mereceu. Ponto. Não dói nada.
Campeão MUN-DI-AL.
Mas a praga
clubista que assola e envenena a indústria de entretenimento esportivo
brasileiro em TODOS os níveis (dirigentes, imprensa e torcida) jamais irá
reconhecer a glória de um clube como o Flamengo. Diante do que li por aí, é de
se imaginar a seguinte conversa (fictícia, mas nem tanto).
“Você viu? O Brasil
ganhou o Mundial de Clubes de Basquete”.
“FOI MESMO? Não
sabia! Que façanha impressionante! Que orgulho, ver
o Brasil no topo do basquete”
“Epa, Flamengo?
Ahn, não... pera... algo há de errado... Não, não, esse campeonato não é o
principal... o outro time tava desfalcado... não, alguma coisa houve... merda,
o Brasil continua sem ganhar nada.”
“Mas o Flamengo
acabou de ser campeão”
“Se foi o Flamengo,
não vale.”
E nesse contexto
surgiram as mais diversas tentativas de desmerecer, diminuir ou relativizar a maior
conquista a que pode almejar um clube de basquete masculino, o Mundial de
Clubes, título que o Flamengo acaba de trazer para a Gávea. E o mais
interessante foi constatar que mesmo “jornalistas”, “comentaristas” e “especialistas”
embarcaram nas mais delirantes teses de tentativa de desconstrução, num embate
desigual, visto que perdido de início, com os fatos. Ah, os fatos.
Repetindo: Campeão
MUN-DI-AL.
Buscaram retirar
legitimidade invocando a ausência de um representante de uma liga paralela (“não
havia clube da NBA”). Talvez também estivessem sentindo falta dos Globetrotters.
Outros, num risível esforço acrobático, simplesmente tentaram se desviar da
natureza do título (“não foi Mundial, foi Intercontinental”), “ignorando” o
singelo fato de que se tratou de uma partida entre o campeão europeu e o
campeão das Américas (Intercontinental não pode, mas “Copa Rio”, “Torneio de Paris”
pode. Claro, claro...). Alguns ainda, demonstrando impressionante “conhecimento”,
invocaram a “inexpressividade” do rival (“Flamengo enfrentou galinha-morta”), um
adversário que é somente o SEGUNDO maior vencedor da história da Euroliga de
Basquete, com SEIS títulos, sem falar na absoluta ignorância da realidade geográfica
da modalidade, que possui ligas e clubes fortíssimos no Leste Europeu e
arredores. Por fim, houve quem, num laivo de informação, alegasse que “o adversário
estava se reestruturando”, o tipo de desculpa de quem já não tem para o que
apelar.
Mais uma vez: Campeão MUN-DI-AL.
Portanto, caros
flamengos, não esperem afagos ou demonstrações altivas de reconhecimento. Não
procurem em vão grandeza onde viceja o recalque. Não tentem dialogar a sério
com quem busca reduzir fatos a cambalhotas retóricas que distorcem acontecimentos
com lisa desfaçatez. Com quem ainda acha que a Libertadores-81 não tinha
argentinos ou que o Mundial do mesmo ano não valeu porque um site de humor inventou uma entrevista do goleiro dos ingleses alegando suborno.
Apenas desfrutem.
Comemorem. E tripudiem. Tripudiem sem cansar.
Nunca, jamais, sintam
pena.
Finalizo lembrando aos
amigos o seguinte: foi disputado um troféu. Uma taça entre o melhor da Europa e
o melhor das Américas (seus respectivos campeões). Desse cotejo emergiu um
vencedor. Clube este que, ao erguer o troféu de campeão do mundo, desde já
adquiriu o direito de ostentar a todos sua condição de melhor do mundo. É o
campeão mundial, logo, trata-se do melhor do planeta.
Assim, o CR Flamengo possui
hoje o MELHOR TIME DO MUNDO de basquete masculino.
Repetindo: ME-LHOR DO
MUN-DO.
Isso é fato. É
objetivo. A comprovação, sólida, palpável, é o troféu na prateleira. O resto é
opinião subjetiva. Papo de torcedor.
Boa semana a todos.