Na busca por um fim de ano
mais tranquilo que o último, a vitória em Santa Catarina foi fundamental. A
essa altura, tudo que nos resta nesse campeonato brasileiro é conseguir rapidamente
a garantia da permanência na série A para voltar todas as atenções para a copa
do Brasil. E com isso em mente, mais do que jogar bem, interessa mesmo é ganhar
os jogos.
O time fez até uma boa
partida dentro das suas limitações, com bastante intensidade no começo do jogo
até abrir o placar. Apesar do baixo nível técnico, foi interessante observar o
duelo entre os treinadores. Atacado pelos rubro-negros em ambas as laterais, o
treinador catarinense modificou o panorama do jogo mexendo no time ainda no primeiro
tempo. Luxemburgo demorou a responder, mas conseguiu neutralizar a cartada do
oponente na parte final da partida quando o Flamengo encurralou o time da casa
e martelou até conseguir o empate em um gol de Nixon, que certamente é mais
útil do que o Artur.
Quase ao mesmo tempo, em
Phoenix, nos Estados Unidos, o Flamengo dava início a um dos mais importantes
projetos para o futuro do clube. As partidas disputadas pela pré-temporada da
NBA são o início de fato do processo de expansão da marca do clube para fora do
território brasileiro. Uma das promessas de campanha da atual administração, a
expansão internacional da marca Flamengo era, supostamente, uma das vantagens
alardeadas pela nova fornecedora na época do fechamento do contrato com o
clube. Considerado um dos “Big 5” da marca alemã, ao lado dos europeus Real
Madrid, Milan, Bayern e Chelsea, o Mais Querido teria seus produtos expostos
com o mesmo destaque dos outros quatro nas lojas da marca ao redor do mundo.
A simples exposição do
manto sagrado em lojas ao redor do mundo é, porém, muito pouco para ser
considerada uma expansão internacional. É fundamental, também tornar a camisa
rubro-negra conhecida internacionalmente, algo que até ontem ainda não havia
sido feito. E o caminho mais óbvio é, certamente, levar equipes rubro-negras
para disputar jogos, torneios ou mesmo realizar a pré-temporada em outros
países. Nesta temporada mesmo, vários dos grandes europeus foram aos Estados
Unidos, mercado onde o futebol mais cresce no mundo, e fizeram amistosos que
poderiam ser perfeitamente decisões importantes de copas continentais.
A busca por novos mercados
não é uma novidade sequer para os clubes brasileiros. Ao longo de muitas
décadas do século passado eram comuns as excursões dos clubes brasileiros para
torneios de verão europeus e até, eventualmente, visitas de clubes de lá ao
nosso território. Impossibilitadas por nosso insano calendário futebolístico, eram
excelentes oportunidades para os clubes brasileiros, não apenas divulgarem suas
marcas e camisas no velho continente, mas também para o velho e bom intercâmbio
técnico. O livro Soccernomics traz boas informações sobre os benefícios da
mistura de estilos, do aprendizado resultante dos confrontos e dos inúmeros
benefícios levado ao futebol europeu. É sempre bom lembrar que temos como bons
exemplos um técnico espanhol campeão na Alemanha, um italiano e um argentino campeões na Espanha
e um chileno campeão na Inglaterra. Enquanto isso, nosso futebol, fechado em si
mesmo, continua taticamente estagnado, com os clubes sendo sobrepujados
taticamente por times da Bolívia e do Equador, mesmo jogando em casa.
Nesse momento, o Flamengo
está tendo uma oportunidade maravilhosa de conhecer outros mercados e ser por
eles conhecido. A competente equipe técnico-administrativa dos esportes
olímpicos rubro-negros, ao entrar em contato com esse novo paradigma de
profissionalismo, precisará repassar esse conhecimento ao resto do clube,
especialmente ao futebol. Indo um pouco mais além, é preciso saber explorar ao
máximo o aprendizado técnico/tático, para que o convite possa ser repetido
anualmente e até expandido para outros esportes em que o Flamengo alcance
destaque.
abraços a todos e SRN!