Passada
a emoção vou colocar algumas coisas sobre o basquete do Flamengo
que acompanhei nestes últimos 20 meses como membro da atual
diretoria do Flamengo:
Desde
meados de dezembro de 2012, quando se discutia como seria o Governo
do Flamengo para o triênio de 2013-2015 uma das certezas é que com
a GRAVISSÍMA situação financeira não seria possível manter todas
as modalidades dos Esportes Olímpicos por ser, naquele momento, a
Unidade de Operacional mais deficitária do Clube, avisamos na época
“um passo atrás para darmos dois passos mais a frente”. O
Basquete era a modalidade com maior peso neste Déficit (Despesas
muito superiores a Receita), mas era também a que apresentava a
maior exposição e potencial de crescimento, decidimos, portanto,
por unanimidade manter a modalidade e correr atrás com prazo de um
ano para resolver a questão.
A
verdade é que não é fácil obter apoio para recursos para o
Esporte Brasileiro. A saída seria, portanto buscar recursos
incentivados, para tal teríamos que colocar todas as contas em dia
do Clube para nos tornarmos elegíveis!
Em
janeiro de 2013 a projeção financeira indicava que o Flamengo
pararia de pagar todas as suas contas a partir de maio o buraco era
de R$ 120 milhões. Os times de todas as modalidades parariam, todos
os salários dos funcionários e demais atletas não seriam pagos. O
que mais me impressionou é que no Conselho Diretor ninguém tremeu,
ou correu, seguimos em frente com medidas duras, tivemos que reduzir
a folha de pagamento, cortar custos e ampliar as Receitas (Sócio
Torcedor, Novos Patrocínios, aumento do valor dos ingressos, etc).
Eram
meses de salários atrasados no basquete! Você sabe o que é
trabalhar com meses de atraso? Não a toa o time não havia ganhado
nenhum título nos últimos 3 anos (o único e último título na NBB
havia sido em 2009), não havia patrocínios. O Póvoa bem pontuou em
maio de 2013, o acerto salarial foi um dos fatores a dar
tranquilidade ao time num campeonato que fora muito equilibrado. A
final contra o Uberlândia com mais de 16.000 pessoas no HSBC foi um
show a parte.
A
despeito do acerto o desafio continuava a modalidade não era
auto-sustentável ainda. E graças a pessoas como o Sergio Bessa, do
SóFLA conseguimos achar outras fontes de recursos incentivados como
o do ICMS do RJ. Me lembro bem dessas discussões, pois foram na
época do nascimento do meu filho. Em poucos meses o Flamengo montou
o projeto, aprovou no Governo do Estado e consegui o apoio da TIM,
2013 estava resolvido. Para mantermos a modalidade em 2014 não
bastaria o projeto do ICMS, precisaríamos de mais recursos e faltava
apoio para a base.
O
projeto Anjo da Guarda foi lançado e R$ 1.802.804 foram arrecadados
via de isenção de IR de 822 doadores (eu e muitos amigos ajudamos a
escrever este capítulo) Primeiro ano e recorde de captação. A
mesma lei permitia obter recursos de IR de Empresas, foram contatadas
sob a liderança do Povoa a ajuda de todos da Diretoria 154 empresas.
6 se dispuseram ajudar. No caso do basquete 4 se destacavam: a TIM; a
Brasil Brokers; a Estacio e a SKY.
O
título da NBB havia trazido o acesso a Liga das Américas, lembro do
esforço do Povoa para trazer as finais para o Rio em março de 2014.
Não tínhamos os recursos necessários, estimativa era de R$ 600
mil. Graças a Brasil Brokers este evento aconteceu no Rio, muito
pelo esforço do Plínio Serpa Pinto a quem serei eternamente grato
por isso. A Estácio e a SKY se tornaram patrocinadores exclusivos da
modalidade. Sobre a SKY gostaria de fazer um aparte para contar uma
história:
Em
outubro de 2013, logo após assumir a VP do Fla-Gávea, eu estava em
SP a trabalho pelo Banco e tinha uma manhã livre, liguei para o Bap
e perguntei se ele conhecia alguém do Pinheiros, pois eu estava no
Blue Tree da Faria Lima ao lado do Clube. Rapidamente ele me
conseguiu um contato. Tive a oportunidade de visitar o Pinheiros
(ECP) e conhecer o Diretor de Esportes Olímpicos que foi taxativo:
vocês tem o Bap do lado de vocês! Vocês serão os maiores campeões
do Brasil.
-
Eu perguntei: ao que você se refere?
-
Ele: disse campeão de tudo. Você não tem idéia do que o Bap fez
pelos Esportes Olímpicos do Pinheiros, e ele é Flamengo e está com
vocês na Diretoria.
E
eu só imaginava a terrível situação financeira que enfrentávamos,
de como nossas instalações estavam sucateadas (E o Pinheiros é um
Benchmark como bem observou o Luis Felipe Teixeira quando postei uma
foto no ECP) e como uma pessoa de fora tinha tanta certeza do sucesso
do Flamengo? A SKY acabou por apoiar o basquete, apesar de TUDO o que
a oposição fez para impedir (sim esses mesmos que agora se
vangloriam do título Mundial). Nesses 20 meses o basquete do
Flamengo simplesmente Ganhou TUDO, absolutamente TODOS os títulos
que disputou. E hoje é superavitário.
É
um puta orgulho de fazer parte de um Grupo que não se dobrou nas
dificuldades, não ficou apenas se lamentando, nem apelou ao
populismo irresponsável. Pelo contrário, correu atrás pra KCT! E
enquanto éramos chamados de arrogantes, poucos conhecedores de
Flamengo, dentre outras bobagens, estávamos correndo atrás de apoio
financeiro para o Clube. A marca Flamengo é imensa, mas não se
vende por si só, tem que correr atrás e ser perseverante exatamente
igual aos atletas em campo. Fosse fácil não teríamos a dívida que
temos, que já foi de R$ 750 milhões, mas que já está caindo.
Vamos
Mengão, Avante Mengão, nosso time é forte!
*Rafael
Strauch é Vice-Presidente do Fla-Gávea, um dos fundadores do
SóFLA e foi coordenador de campanha da Chapa Azul.