Salve, Buteco! Luxemburgo persiste com o discurso da cautela e afirma que em três rodadas essa confortável distância que hoje separa o Flamengo da ZR pode ser tirada. Nada mais certo. Porém, o desempenho do Flamengo nas últimas cinco rodadas é superior até mesmo do que a máquina demolidora do Cruzeiro, merecida e inquestionavelmente líder do campeonato. Uma marca e tanto para o time que, após a Copa do Mundo, era o lanterna e pior ataque da competição, além de detentor da defesa mais vazada. Agora, somam-se três gols sofridos em seis jogos, contra oito marcados. Cinco vitórias e uma derrota, que pode ser atribuída a uma falha do goleiro Paulo Victor (Chapecoense, fora). Mas quais são as perspectivas para o Brasileiro? Afinal de contas, é time para G4?
Sigo pensando que, dando-se prioridade ao Brasileiro (e a tendência é de eliminação da Copa do Brasil), o Flamengo seguramente ficará entre os dez primeiros; mas como o momento é de sintonia fina entre o time, a torcida e o Maracanã (fator absolutamente decisivo), aposto que o time briga por uma vaga no G4. Há um turno inteiro pela frente e, disputando uma só competição, a união desses três elementos sempre operou milagres e reviravoltas sensacionais, quando todos davam o Flamengo como perdido. Por que seria diferente esse ano? Se o time é limitado, o nível do campeonato também é. É claro que título, com esse estupendo desempenho do Cruzeiro, é impossível. Mas o G4 não. São sete pontos de distância, um turno inteiro, provavelmente uma só competição e a viabilidade de ter um desempenho competitivo em relação aos rivais.
Claro que há o inesperado e temos que torcer para que jogadores como Cáceres, Canteros, Eduardo da Silva e Éverton não se contundam. Eu ainda contrataria um lateral esquerdo, pois João Paulo não pode ser a única opção para a posição.
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O jogo de ontem mostrou a manutenção de um padrão nesses seis jogos. Defesa segura, time compacto, cedendo poucas oportunidades de gol ao adversário, e uma evidente limitação na parte ofensiva, com erros de passe na articulação das jogadas, especialmente no ataque. Começando pela defesa, embora ache que Paulo Victor falhou no gol do Vitória, fez uma defesa absolutamente sensacional em uma conclusão de Caio (o único jogador perigoso do Vitória) e ainda defendeu um pênalti, redimindo-se. Essa conclusão de Caio se originou de um dos poucos lances nos quais houve cochilo no sistema defensivo, prova de que o time é limitado e depende de atenção e transpiração durante 100% do tempo. Marcelo alternou bons e maus momentos, tanto no ataque, quanto na defesa. Fez o gol, cedeu um pênalti por bobeira, falhou na cobertura de Leo Moura em um lance, mas ganhou a maioria dos outros. Já Wallace teve atuação mais equilibrada.
O Vitória cedeu muitos espaços para o contra-ataque, inclusive no primeiro tempo. Com um pouco mais de qualidade do meio pra frente, o Flamengo poderia ter criado mais e aberto vantagem elástica. Essa, porém, parece ser a limitação desse time, que, do meio pra frente, vive dos passes de Canteros, que a rigor é volante mas tem desempenhado o papel de articulador por absoluta ausência de outra opção, e da correria de Éverton, o único que conseguiu levar perigo ao gol do Vitória com a bola rolando. Só nos resta esperar que jogadores como Lucas Mugni e Eduardo da Silva, que têm um pouco mais de qualidade técnica, consigam, o primeiro, amadurecer e assim jogar por mais tempo, e, o segundo, adquirir condições físicas para disputar uma partida inteira. Além disso, algumas jogadas podem ser ensaiadas e uma delas é a jogada com Márcio Araújo dentro da área, onde sempre se posiciona bem para a conclusão.
Sobre Márcio Araújo, falamos de vários jogadores, mas, apesar da limitação técnica do "Marujo", gostaria de ressaltar a importância desse jogador nas últimas partidas. Ciente de suas limitações, procura simplificar ao máximo, raramente perde a bola, posiciona-se bem inclusive no ataque e marca forte. Em um Flamengo ideal, não poderia ser titular, mas para o ano que vem acho que merece uma vaga no elenco. Como disse o amigo Villa, tem sido bem efetivo especialmente nos jogos fora de casa.
Por outro lado, alguns jogadores do elenco podem render bem mais, dando outras opções para Luxemburgo: Alecsandro volta de conclusão e, se conseguir voltar à forma do primeiro semestre, representará um ganho no poder de fogo do time. Elton, que vem do Mundo Árabe, parece que também precisará de atenção na parte física e de ritmo de jogo. Gabriel, que também volta de contusão, já atuou melhor esse ano, inclusive em clássicos no Estadual, e pode ser mais útil, e Leo, "o Lázaro", precisa voltar a jogar futebol e dar opção para a lateral direita. Mas o jogador que mais preocupa é Paulinho, que em tese seria titular, pelo ótimo desempenho do ano passado, mas que esse ano se comporta como dono do time, abusa de firulas, frequentemente isola a bola com conclusões bizarras e não consegue mais superar os marcadores. Tudo indica que sua atenção esteja voltada para assuntos extracampo e não para a profissão. Missão e enorme desafio para Luxemburgo.
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O próximo jogo do Brasileiro será contra o Grêmio, sábado, no Maracanã. Confesso a vocês que há dois adversários que me incomodam por serem os mais "carne-de-pescoço" para o Flamengo, dificultando ao máximo a vitória em uma partida que seja. São adversários que o Flamengo costuma superar por um gol de diferença em casa e ao mesmo tempo sofrer com placares elásticos fora. Refiro-me ao Grêmio e ao São Paulo. Dois "pés-no-saco", com o perdão da expressão. Pois o jogo do próximo sábado traz o reencontro de velhos rivais, que são Luxemburgo e Scolari, os times brigam diretamente na mesma faixa da tabela, após a recuperação do Flamengo no campeonato, e, como se não bastassem as dificuldades naturais de uma partida com todo esse contexto e histórico, como por exemplo os desfalques importantes de Wallace e Éverton, a Diretoria resolve estrear um terceiro uniforme tendo como tema a flora brasileira, logo nessa partida, logo contra esse adversário.
Discordem a vontade. Não preciso nem dizer que aqui no Buteco a opinião é livre, respeitados os termos de uso do blog. Mas esse é o último jogo que eu escolheria para estrear camisa "fashion", a qual, aliás, achei feia e cafona (ressalto que não sou contra a ideia de terceiro uniforme, inclusive com cores estranhas à bandeira do clube).
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Acho que a hora é de foco no Brasileiro. Não é que a Copa do Brasil não seja importante, muito pelo contrário. Odeio perder, ainda mais de goleada, e acho que os jogadores que foram a campo na última quarta-feira deveriam ter suado sangue defendendo a camisa do clube. Só que agora já foi. Acho importante entrar em 2015 com uma boa colocação no campeonato brasileiro, o mais próximo do G4 possível, senão dentro dele. É importante para trazer paz e permitir a montagem de um elenco forte e equilibrado em 2015, ano eleitoral no clube, com chances de disputar títulos.
Eu escalaria um time de jovens na quarta-feira, enxertado com alguns reservas como Chicão, Amaral, Luiz Antonio e e Elton, por exemplo. Com todo o respeito de quem pensa o contrário.
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Fechando a coluna de hoje, as tradicionais perguntas, claro que sem prejuízo de qualquer opinião que queiram emitir a respeito do texto: a) qual o time que escalariam na quarta-feira; b) os substitutos para Wallace e Éverton no jogo contra o Grêmio (já pensando nas substituições para o segundo tempo); c) até onde esse time chega disputando apenas o Brasileiro.
Bom dia e SRN a tod@s.