Com a queda do valor dos ingressos estabelecidos pelo Flamengo nas últimas partidas, o clube deveria vender um pacote de ingressos para as 10 rodadas finais do campeonato Brasileiro, as que tem mando de campo. Passaríamos desse momento difícil com mais segurança dentro de campo por causa da torcida e do caixa reforçado. Em Maio desse ano, publiquei um post demonstrando a esse mesmo pacote e apresentei uma calculadora de ingressos do Flamengo e do Cruzeiro.
Eram boas as possibilidades de se oferecer um "season ticket", pois ficamos 45 dias sem partidas do Flamengo durante a Copa do Mundo. Passaram-se os meses de Junho e Julho e a chance de massificar a propaganda, trabalhando o fator “saudade do Flamengo”. Com valores parcelados o custo para o torcedor não ficaria tão pesado, o custo seria diluído (5x Ago, Set, Out, Nov, Dez), fosse ele associado ao programa Nação Rubro-Negra (ST) ou não. A melhor forma de levar a torcida para os jogos e renda para os cofres é a produção desse carnê, ainda para a reta final do Brasileirão 2014. Jogos das últimas 10 rodadas:
Neste ano, foram vendidos para a disputa da Taça Libertadores 23.500 pacotes, mesmo com a “não tradição” nesse tipo de promoção e para a edição de 2012, aproximadamente 17.000 pacotes. São marcas consideráveis. Tabela explicativa:
O carnê é uma alternativa capaz de construir uma “base de torcedores” no estádio, receita nova e limpa, empurrando a equipe e criando uma demanda de nova de ingressos avulsos, nos dias de jogos. Como houve o Fla-Flu com mando do Fluminense e acordo entre os clubes, o Setor Sul não seria comercializado, já que é destinado por tradição aos torcedores do rival. O Setor Oeste também não estaria disponível nestes pacotes para organizar melhor aos torcedores, inclusive na conferência das meias entradas. Todos os outros setores estariam disponíveis, inclusive os “mistos”.
Com a medida, o setor Sul seria vendido como ingresso avulso em sua totalidade (85%, desconta-se 15% para as gratuidades por lei), com o valor majorado em relação ao setor Norte;assim como o Setor Oeste em relação ao Leste. O carnê seria vendido até o dia 20/09 véspera do Fla-Flu, terceiro jogo do pacote. depois deste período somente ingressos avulsos seriam postos à venda. Seriam 30.110 pacotes, o que representa 61.4% da capacidade a ser vendida pelo Flamengo (49.000 ingressos), e 41.8% do total do estádio (72.000 ingressos).
Não há empecilho para esta promoção, bastaria apenas ao clube repassar o valor referente aos ingressos vendidos para a concessionária em cada partida disputada, transformando-a em “prestadora de serviços para o clube”, não "parceira" na venda dos ingressos. Atualmente, a bilhetagem dos jogos do Flamengo no Maracanã fica por conta do consórcio, no novo contrato firmado. É perceptível com uma análise minuciosa dos borderôs dos jogos com mando do clube, no estádio.
A possibilidade de se vender mesmo sem a “bilhetagem controlada” pela concessionária é real e possível com o cartão-ingresso do Sócio Torcedor ativo ou mesmo a troca de um voucher do ingresso nas bilheterias. O comprador do pacote poderia se tornar ST até o final de 2014 (caso o clube queira). Certamente o Flamengo ganharia com os novos STs e teria ainda a Copa do Brasil para aumentar o valor do ingresso avulso e por consequência do ingresso médio fora do pacote, se necessário.
Culturalmente, o torcedor de futebol no Rio de Janeiro decide ir aos jogos no dia ou muito próximo, e esse é um complicador em relação ao planejamento e antecipação de receitas para a montagem do elenco. O Ingresso de temporada reduz essa defasagem sendo e é utilizado a mais de 120 anos na Europa, há mais tempo que a fundação do Clube de Regatas do Flamengo, uma curiosidade.
Quando há uma base, uma previsão de casa cheia, confirmada pelos pacotes vendidos anteriormente, fica “mais fácil” lotar o estádio. Essa afirmação é subjetiva, uma percepção da realidade baseada em observação. Quantas foram as vezes que nós rubro-negros não fomos ao estádio por imaginá-lo lotado? E o famoso “ih, o jogo é domingo... venderam 20.000 até ontem... vamos comprar”?! Na hora da partida (Bum!), 50.000 pessoas no estádio.
O torcedor é passional, movido pelo espetáculo que promove nas arquibancadas e pela necessidade do time no campo, curte entrar no jogo e cobrar, participar. Se houver um pacote garantindo uma presença mínima de pessoas no estádio em todos os jogos, outros torcedores irão aos jogos “contagiados” pelo bom público já confirmado, mesmo que “pagando mais” num ingresso avulso. Essa é a parte aproveitável da cultura do “em cima da hora compro até com cambista”! Essa base de exatamente 30.110 torcedores, impulsionará a venda de ingressos avulsos.
Pelo acordo feito com o consórcio o valor do ingresso médio baixo é prejudicial ao Flamengo, é essa é uma das razões do alto valor anterior do ingresso. Com a venda dos pacotes, mesmo com uma base que dê um leve prejuízo num primeiro momento, existe a possibilidade da recuperação em outras propriedades como estacionamento e bares, principalmente os bares. Quanto maior público, maior o consumo. Com uma média que enxergamos como possível de 40.000 pagantes, os quase 10.000 pagantes avulsos já seriam suficientes para trazer ao clube lucro razoável, não ideal, razoável. O risco compensa.
Existe uma "brecha" no contrato que estimularia a venda dos pacotes. A partir de 30.000 torcedores, o clube tem o custo operacional limitado a R$ 300.000,00, acima disso os custos são divididos, o mesmo com lucros menores. Um improvável prejuízo com os mais de 30 mil pacotes seria compensado de duas formas:
- os ingressos avulsos automaticamente subiriam o valor do ingresso médio e o lucro buscado pelo contrato, onde o valor mais alto do ingresso aumenta a margem de lucro pro Flamengo.
- Na questão imaterial do ingresso mais barato e um público maior com mais pessoas no estádio. A força do time em campo é inegavelmente maior com a pressão das arquibancadas. E é uma medida "popular" aos olhos da imprensa, inclusive.
É importante que o Flamengo controle a entrada de seu torcedor. Só entrará com meia entrada quem realmente tiver esse direito, mesmo que o indivíduo entre no estádio com 30 minutos do segundo tempo. Se a Fifa conseguiu controlar, porque o Flamengo não? Com os pacotes vendidos para apenas 3 setores (Norte, Leste, Maracanã+) o controle é facilitado, e dos outros setores também. O ingresso de temporada “cria tempo” para uma reformulação no programa de ST, traz receita mesmo que dividida com a concessionária, porém com o plano de ST criando receita direta ao clube. Há de se pensar nisso para ontem.