Irmãos
flamengos,
a frase que ilustra o título desta coluna foi dita pelo nosso presidente, Eduardo Bandeira de Mello, ao ser entrevistado sobre a possibilidade de contratação do Robinho ou de outro jogador de renome.
Mais
do que uma mera regra de austeridade, a inflexibilidade da atual diretoria do
Clube de Regatas do Flamengo no que tange ao pagamento das dívidas encerra um
princípio de alto valor moral, que pode ser assim traduzido: o Flamengo honra a
sua palavra e cumpre seus compromissos.
Na
busca dessa meta, talvez a diretoria pudesse decidir-se por soluções mais fáceis e
trilhas menos espinhosas.
Certos
clubes, por exemplo, escolheram ludibriar seus credores, transferindo, em
vulgar ardil, todas as suas receitas para um CNPJ limpinho, e deixando as dívidas
para a insolvente instituição esportiva pagar.
Outros
preferem curvar-se, até ficar de quatro, a certas parcerias, feitas à moda de
mecenato, com operadoras de planos de saúde, com a máfia russa, com bancos
privados, ou com o governo.
Mas
a diretoria do Flamengo optou pelo caminho mais árduo e difícil, em que o clube
precisa cortar fundo na própria carne, com grande sacrifício, a fim de pagar as
dívidas de anos e anos de irresponsabilidade financeira com os recursos da
instituição.
Embora
mais sofrido, esse caminho escolhido é muito mais sólido e gratificante, pois escancara
o estado caótico em que se encontrava nosso querido Mengo e, mais ainda, exige
a participação do clube como um todo, envolvendo nesse processo de reconstrução
não apenas a entidade esportiva, mas também a torcida.
Paralelamente
à reconstrução financeira, desenvolve-se o processo de estruturação física, com
a retomada, em definitivo, das obras do nosso tão sonhado Centro de
Treinamento, que estará à altura dos melhores do mundo.
É
fundamental, portanto, nesse momento de dificuldade, e sem embargo de alguns
erros e equívocos na condução do departamento de futebol, reconhecer o ótimo
trabalho feito pela gestão capitaneada pelo presidente Eduardo Bandeira de
Mello.
Hoje,
eu visto o Manto Sagrado e sinto orgulho não apenas da nossa história, da nossa
tradição, da nossa camisa e de ser integrante da maior e melhor torcida do
mundo, a Nação Rubro-Negra.
Hoje,
sinto gratidão e orgulho também da nossa diretoria, a única que, em minha vida
de torcedor, presenciei trabalhar de verdade em prol do Flamengo.
Mas
para que o trabalho desenvolvido pela atual administração frutifique, é
necessário que o futebol do Flamengo reme em águas relativamente calmas, pois se
o futebol do clube desandar, o trabalho de reconstrução, por mais profícuo que
seja, não se sustentará.
...
Dito
isso, eu, particularmente, gostei muito da contratação do técnico Vanderlei
Luxemburgo.
Ele
veio preencher uma lacuna no departamento de futebol do Flamengo.
O
afastamento de certos jogadores do elenco, uma das primeiras medidas adotadas
por Luxemburgo, evidenciou a inexperiência da diretoria em lidar com certos
problemas típicos do futebol, problemas esses que estavam a conduzir o clube
para um rumo perigosíssimo.
Aliás,
essas medidas deveriam ter sido tomadas antes da parada para a Copa do Mundo.
Mas não foram e só agora o futebol do Flamengo parece reagir aos desmandos,
dentro e fora de campo, que tornaram-se comuns em 2014.
Em
verdade, não funcionou a contento a metodologia inicialmente idealizada pela
diretoria para o futebol do clube, e que consiste num diretor de futebol
encarregado das contratações e da parte disciplinar, e de um técnico de perfil
discreto para cuidar exclusivamente do trabalho de campo com os atletas.
Tal
perspectiva pode funcionar num clube estruturado e sem uma torcida tão gigante
e fanática como a do Flamengo.
Mas
num clube que é constante turbilhão, local onde tradicionalmente os jogadores sempre
tiveram certa liberdade para impor sua vontade, e que, para agravar o quadro, vive uma
fase de reestruturação e transição, vê-se claramente que a ocasião está a
exigir outro tipo de abordagem.
O
Ney Franco pode ser um sujeito legal e boa praça, pode ser estudioso e
entender de tática, mas pouco sabe de liderar e comandar pessoas. Não
identifica os problemas do grupo, e, se porventura assim o faz, prefere
omitir-se.
Por
tudo isso, achei muito bem-vinda a chegada do Vanderlei Luxemburgo.
Pode
parecer retrocesso contratar um técnico com quatro passagens pelo Flamengo.
Na
minha modesta opinião, porém, a despeito dos muitos defeitos que o Luxemburgo possa
ter, e ele os tem, trata-se de um treinador experiente, vitorioso, que conhece
o clube, conhece o futebol e impõe-se aos jogadores, pois tem perfil de
liderança. Ele, em suma, é um técnico que alia conhecimento tático com comando, sabendo como poucos motivar o grupo. Ou seja: é tudo de que o Flamengo precisa.
E
os ventos benfazejos trazidos pelo Luxemburgo chegaram cedo à Gávea, porquanto com
apenas dois dias de treino, de muito mais bate-papo do que de trabalho
propriamente dito, ele já conseguiu tal mudança de postura no ânimo dos atletas
que o time do Flamengo conseguiu realizar, em 27 de julho de 2014, a sua
terceira ou quarta atuação decente no ano.
Acho
que ele veio no momento certo.
Desejo-lhe,
e ao Clube de Regatas do Flamengo, toda a sorte do mundo.
...
Já
que estamos falando de reestruturação, austeridade e transição, aproveito a
oportunidade para agradecer ao nosso “grande” ex-presidente, cognominado o “mago
das finanças”, o “gênio das engenharias financeiras”, que, de tão genial, tão
devotado à causa flamenga, nos presenteou com uma bela dívida de R$ 80 milhões
com o Banco Central.
Dívida
essa que redundou no bloqueio do recebimento do patrocínio da Caixa Econômica
Federal e acabou por prejudicar o pagamento do salário dos jogadores.
Isso
para não falar na dívida milionária com o Consórcio Plaza, mais uma herança da
inesquecível gestão desse “grande” rubro-negro, que tantos serviços prestou ao
clube a ponto de figurar entre os piores presidentes da história do Flamengo.
E
o pior é saber que, segundo o referido ex-mandatário, o Flamengo não deveria
pagar nada ao Consórcio. Muito pelo contrário, o clube era até credor do malfadado
empreendimento.
O
problema é que ninguém o avisou de que o Flamengo estava sendo
cobrado judicialmente.
Ah,
essa comunicação do Flamengo...
...
Aproveito
a ocasião, ainda, para parabenizar a equipe feminina de Ginástica Artística do
Flamengo, que sagrou-se Campeã Brasileira da modalidade em competição disputada
em Aracaju-SE.
Como
sempre, o Clube de Regatas do Flamengo comprova a sua vocação esportiva, a sua
vocação para a vitória e paras as glórias.
A
propósito, deve ter muito jornalista arco-íris sentindo o indisfarçável gosto
de um belo e polpudo bolo de farinha seca na boca.
Parabéns,
Mengão!
...
Amigos
rubro-negros, antes de encerrar, faço questão de elogiar a iniciativa do
Flamengo de reduzir o preço dos ingressos, o que, a princípio, está mantido para
o próximo jogo no Maracanã.
Não
se trata de populismo. De modo algum. Populismo seria, no afã de diminuir a
pressão da torcida, contratar um jogador de renome, com o comprometimento das
finanças do clube. Ou a doação de ingressos, ou mesmo de dinheiro, às torcidas
organizadas. Isso sim seria populismo.
A
redução do preço dos ingressos é, antes de tudo, um ato de justiça.
E
a Nação Rubro-Negra reconheceu o esforço da diretoria, com o comparecimento de
mais de 52.000 torcedores no clássico de domingo passado, dos quais pelo menos
45.000 eram flamengos.
A
presença maciça da Magnética, como disse muito bem a Leila na sua coluna
pós-jogo, foi fundamental para vitória rubro-negra.
A
torcida do Flamengo está para o clube assim como o oxigênio está para a vida
humana.
Quanto
mais próxima a torcida estiver do Mengo, melhor.
E
o torcedor rubro-negro pode, e deve, ajudar o clube não apenas comparecendo em
peso aos jogos, mas também se associando ao Sócio Torcedor e participando dos
programas que têm por objetivo única e exclusivamente o bem do clube.
Nesta
semana, aliás, foram lançados dois projetos fantásticos: o “Flamengo da Nação”
e o “Fla em Dia”.
O
primeiro tem o fito de criar um fundo visando contratações para o Flamengo; o
segundo, por sua vez, objetiva o pagamento, diretamente à Receita Federal, da
dívida do clube. Neste caso, o dinheiro nem passa pelo clube, servindo
diretamente para o abatimento do débito.
Irmãos,
falo-lhes de todo o coração. O Flamengo precisa da nossa ajuda.
Tanto
maior seja a ajuda, mais fácil e rápido será o processo de soerguimento do
nosso amado Mengão.
E
você, irmão rubro-negro, já cumpriu o seu dever cívico de contribuir com o Mais Querido?
...
Abraços, Saudações Rubro-Negras e bom
fim de semana a todos.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.