Destreinador, losango
maldito, insubstituível e manager foram algumas das palavras que vieram a mente
após o anúncio da mudança do treinador do Flamengo. Seguidas de um enorme desânimo,
especialmente após ter lido e assistido declarações do presidente Bandeira e do
Ximenes falando sobre a importância de manter o trabalho e seguir com as
convicções. Acima de tudo uma sensação enorme de que a diretoria estava
finalmente cedendo às pressões dos antigos caciques, simbolizada na tal carta
que dois deles divulgaram em diversos portais esportivos, pedindo a saída do
Ney Franco e nomeação imediata de um VP de futebol experiente.
A resposta dos mandatários
rubro-negros foi agressiva e arriscada, ainda que tenha sido realmente por
falta de opção. Trouxeram para treinar um time um nome que chama a atenção dos
críticos para si, ajudando a aliviar a pressão tanto sobre o elenco quanto a
diretoria. Vanderlei tem a seu favor ainda o fato de ser um bom treinador de
futebol, com um currículo vitorioso e ser um cara que tende a funcionar bem
quando seus poderes são restritos ao comando técnico do time. Além disso é
cascudo, sabe aguentar a pressão e conhece muito bem o Flamengo.
Mas a lista de contras que
envolve o nome do treinador também não é pequena. É adepto de elencos caros, não
trabalha bem com jovens jogadores e costuma ser apegado a teimosias táticas,
como o tal meio de campo em losando que marcou sua última passagem pelo
Flamengo. Há ainda todos os boatos que cercam sua trajetória desde o fatídico
período na seleção, mas para mim, existe um motivo maior do que todos para
ficar incomodado com a contratação de Luxemburgo. Aparantemente, foi a mesma
tática usada pela diretoria anterior, tão criticada por muitos de nós por agir
de forma amadora ao “terceirizar” o departamento de futebol para um cara que
entende do assunto. É difícil de engolir que a diretoria que se elegeu com a
bandeira do profissionalismo, da transparência e da modernização das práticas
dentro do Flamengo acabe agindo exatamente da mesma maneira, escolhendo
Luxemburgo como escudo das críticas.
Aqui pausa para uma
ressalva importante: Não estou afirmando que foi por esse motivo que Vanderlei
tenha sido escolhido como técnico do Flamengo, da mesma maneira que não posso
afirmar que a presidente anterior tenha feito com esse intuito. É apenas a
impressão que ficou a meu ver e a mesma que muitos amigos rubro-negros
compartilharam comigo nestes últimos dois dias.
O desânimo bate quando se
olha para o que não foi feito em quase 18 meses da gestão Bandeira de Mello. O
Flamengo continua sem ter a definição clara da hierarquia e das atribuições no
futebol, desde o VP ou do “conselho gestor” até os níveis operacionais. O que
faz o gerente? Qual a diferença deste para o diretor? E os dirigentes amadores?
Mesmo sem tempo para estarem presentes, têm ingerência nas decisões
operacionais? Será que mudou alguma coisa no futebol do Flamengo desta gestão
para as anteriores?
Sinceramente, eu não
consigo perceber até aqui nenhum trabalho consistente, que possa nos levar a um
caminho tranquilo ao longo dos campeonatos que disputamos. Lembrando que
títulos são importantes, mas que a torcida, ao comprar a idéia em 2012 mostrou
que aceitaria um período de vacas magras, desde que o time jogasse com
dignidade. Declarações desastradas dos dirigentes, prometendo reforços de peso,
mudaram as expectativas da torcida e aumentaram ainda mais a pressão num
momento em que tudo que o Flamengo precisa é de calmaria e tranquilidade. Sem
isso, não haverá clima para trabalhar na parte administrativa onde o clube
ainda pena e muito pela falta de recursos.
O jogo contra o Botafogo
será decisivo, provavelmente com estádio cheio. O time está sentindo a pressão
e vai treinar na gávea no sábado pela manhã. Acredito em uma vitória
simplesmente porque o Flamengo se alimenta de crises e vai entrar para jogar o
clássico numa situação de vida ou morte. Vamos ver se a experiência do
Luxemburgo, somada às estreias de Canteros e Eduardo Silva vão conseguir fazer
o time começar a sair do sufoco.
* * * * *
P.S. O Flamengo começou
2013 com o técnico de 2012, trocou por um “estudioso do futebol” que acumulou
derrotas antes da parada para a copa das confederações. Em seguida, optou por
um medalhão renomado e acabou a temporada ficando com seu auxiliar. Em 2014,
começamos a temporada com o técnico de 2013, trocamos por um estudioso do
futebol que também acumulou derrotas e também foi substituído por um técnico
renomado. Será que vamos acabar a temporada com o Deivid no comando do time?
Desculpem. Não resisti à
piada infeliz.
abraços a todos e SRN!