Tentando definir o time do
Flamengo que jogou na quarta-feira, não consegui encontrar nada mais adequado
que o título deste texto. Imediatamente após uma copa onde ficou evidente a
importância da movimentação constante e da ocupação dos espaços com velocidade
e intensidade, foi um tremendo choque voltar a realidade de assistir o Mais Querido
jogar. Na verdade, basta ler a escalação do time para perceber um dos principais motivos da lentidão do time.
Chicão, Leo Moura, André Santos, Elano e Alecsandro têm mais de 30 anos.
Simplesmente meio time.
A primeira impressão que o
jogo deixou foi simplesmente devastadora. Não é possível um grupo passar 30
dias treinando e se apresentar daquela maneira. Todavia, revendo o jogo depois,
e com alguma boa vontade, é possível perceber alguns traços de organização no
time. Porém a lamentável forma técnica de peças como Alecsandro, Paulinho,
André Santos e Wallace aliados a um péssimo gramado – que atrapalhou os dois
times – soterraram qualquer traço de boa atuação que o time pudesse ter tido.
O início foi muito ruim,
com o time acuado pela marcação sob pressão feita pelo jovem time paranaense. Talvez
acostumados ao longo período apenas de treinos, os jogadores do Flamengo sofreram
com a intensidade do CAP, algo que não deveria tê-los surpreendido. Aqui vale
lembrar o que disse o técnico Ney Franco, na segunda-feira:
“É uma equipe que vai nos
dar liberdade e depois da primeira linha de marcação vai apertar. Não podemos
ter erro de zagueiro ou volante nessa bola virada. Mas intensificamos também a
bola parada. Eles têm uma equipe rápida, mas que não é alta. Fizemos um
trabalho de bola alta ofensiva e defensiva. Pode ser decisivo.”
Nota-se que o time errou
exatamente o que o treinador disse que não poderia errar, com uma sequência de
erros de passe de Leo Moura e Chicão, atravessando a bola no meio de campo,
dando ao adversário a possibilidade de executar sua jogada mais perigosa. Além
disso, apesar de ter tido diversas oportunidades de alçar a bola na área,
explorando o ponto fraco identificado pelo treinador, o Flamengo errou a
maioria dos escanteios e cobranças de falta. Elano, especialmente, esteve em
uma noite muito ruim nesse quesito.
No início do segundo tempo
até o segundo gol paranaense, o Flamengo teve seu momento menos pior em campo.
Foi quando o time esteve mais agrupado, bloqueando razoavelmente bem o
adversário e conseguindo trocar alguns passes, apesar do gramado horroroso.
Como disse o treinador, a
derrota nos levou ao fundo do poço e agora precisa encontrar a saída de uma
situação que tende a ficar ainda pior na próxima semana. Ney Franco já acumula
6 jogos sem vencer e uma vitória em Porto Alegre no domingo é, no mínimo, improvável.
Com isso, terá mais uma semana de treinos para uma verdadeira decisão contra um
Botafogo também em crise, num jogo que pode ser o do último contra o penúltimo
da tabela.
A saída talvez esteja naquilo
que foi apresentado na copa do mundo, não pelas grandes seleções mais
especialmente pelas pequenas. Obviamente, o exemplo que chama mais atenção é o
da Costa Rica, mas creio que o time em que o técnico rubro-negro deveria se
espelhar é a seleção argelina. O time africano não contava com jogadores de
grande talento e tinha muitos jogadores lentos no time. Conseguiu se classificar
contra a Rússia e levar o duelo contra a Alemanha para a prorrogação usando o
antigo recurso daqueles que não contam com o talento. Uma defesa bem postada e aguerrida
aliada uma saída veloz no contra-ataque.
Em português claro: é hora de jogar como time
pequeno.
abraços a todos e SRN!