Quando, no dia 2 de junho de 2014, eu escrevi a coluna "O Fundo do Poço", não imaginei que a situação pudesse piorar. Às vésperas da interrupção do Campeonato Brasileiro para a disputa da Copa do Mundo e após a divulgação do áudio da "bronca" dada por Felipe Ximenes no elenco, eu, como todo rubro-negro, imaginei que as coisas fossem se ajeitar. Esperava que ocorressem algumas dispensas ou, no mínimo, algumas punições por atitudes de indisciplina que foram noticiadas na imprensa. Esperava também a contratação de reforços. Ledo engano. Quinze dias de férias para o elenco que então deixara o Flamengo na vice-lanterna do campeonato, seguidos de trinta dias de treinamento, durante os quais vimos os mesmos jogadores treinando a maior parte do tempo no time titular, ouvimos/lemos o discurso de que jogadores foram "recuperados" e que a "vontade" demonstrada nos treinamentos era diferente, e ainda acompanhamos desconfiados um desempenho oscilante em jogos-treinos contra adversários de nível um tanto duvidoso. Pois ontem o Flamengo terminou a partida entregue, completamente esfacelado em campo, da mesma forma que terminou a partida contra o Cruzeiro em Uberlândia/MG. O que fazer?
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São múltiplos os pedidos para que Ney Franco seja demitido. Longe de pretender afirmar que @s amig@s e demais torcedores que assim pensam estejam errados, proponho um análise sem emoção do que ocorreu desde que Ney Franco assumiu o Flamengo. Antes da parada para a Copa do Mundo, se eu pudesse indicar um erro de Ney, mesmo com tão pouco tempo para trabalhar, seria o "rodízio" sem qualquer sentido que promoveu na escalação alguns veteranos, alternados com outros mais jovens. Não vejo em que tanto titubeio ajudou no desempenho da equipe. Por outro lado, uma análise minimamente justa não pode atribuir a responsabilidade a Ney por pelo menos três resultados, ou será que foi ele o culpado, no confronto contra o Bahia, pela não marcação de um pênalti claríssimo em Alecsandro e pela falta inexistente, no último minuto, que resultou no gol de empate do tricolor baiano? Da mesma forma, Ney pode ser culpado pelo gol perdido debaixo da trave por Paulinho contra o Santos, no Morumbi? E na partida contra o Figueirense, também no Morumbi: pode Ney ser responsabilizado pelo frango que Paulo Victor engoliu, cedendo o empate minutos após o time abrir o placar? É só contar: seriam seis pontos somados e muito mais tranquilidade para trabalhar.
Durante a parada do Campeonato Brasileiro para a Copa do Mundo e na retomada da competição, se eu pudesse apontar uma inconsistência no trabalho de Ney, seria a insistência com um time com seis jogadores com idade superior a trinta anos e com uma defesa que reúne um lateral direito que tem 35 anos de idade, um zagueiro de 33 e um lateral esquerdo de 31, mas que tem a mobilidade de um ancião. Perdeu-se a oportunidade de reformular a defesa, mas é justo ponderar que ninguém tem como saber se Ney foi contratado para trabalhar com esse elenco ou lhe foram prometidos reforços no setor (defesa), o pior do Campeonato Brasileiro até aqui. De qualquer modo, e lembrando que não foi Ney quem montou esse elenco, que fracassou miseravelmente na Libertadores, venceu o Estadual com um erro de arbitragem na finalíssima contra um rival do meio da tabela da Série B e é lanterna do Brasileirão com a defesa mais vazada e o segundo pior ataque, pergunto @os amig@s que defendem a saída do treinador se têm segurança de que o eventual sucessor escalaria uma equipe substancialmente diferente e se obteria os resultados que esse mesmo elenco não conseguiu até aqui? Antes de responderem, é bom ponderar, em relação ao problema mais crônico, que o reserva da lateral direita vive no Departamento Médico e o reserva da esquerda é ninguém menos do que João Paulo. O elenco será fraco para o Ney Franco, para o Guardiola, para o Joachim Löw ou para o Sampaoli.
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A propósito dos reforços, sim, são necessários e eu começaria pelas duas laterais, mas de que adiantará contratar sem pensar no todo e, por exemplo, aumentar ainda mais a média de idade do time? Como se não bastasse, vejo-me obrigado a fazer uma outra ponderação: esse elenco, que evidentemente não tem a união do ano passado, está desunido a ponto de um não correr pelo outro, para derrubar o treinador ou, a par das partes tática, técnica e média de idade, está "apenas" fragilizado emocionalmente a tal ponto que não consegue se recuperar da primeira pancada que toma em campo, desmoronando completamente?
Mas como perceber esses detalhes e cobrar do diretor técnico/supervisor e do treinador se não dão outras alternativas e se o clube está há mais de mês sem vice-presidente de futebol? Como saber se esse elenco está rachado e alguma providência precisa ser tomada se não há interlocução com a Diretoria? Como esperar uma reação do time os setores mais frágeis do elenco não são reforçados e os preços cobrados pelos ingressos são altíssimos, afastando a torcida do time?
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Acho que a estratégia que Ney adotou ontem deixou o time mais seguro defensivamente no primeiro tempo. Márcio Araújo marcou bem na lateral direita e deixou os problemas para a lateral esquerda. Contudo, a extrema fragilidade da equipe na bola aérea e um erro (ao meu ver, evidente) de Sandro Meira Ricci, que marcou pênalti inexistente e ainda expulsou indevidamente Chicão, deixaram o time fragmentado em campo, principalmente no aspecto psicológico.
Alguém achou ruim a escalação com três volantes? Ok. Muito embora ache que o Luiz Antonio tinha vaga naquele meio, por caso ele vem sendo um "maestro" dentro de campo? Era ele a diferença entre o triunfo e o fracasso? E quem mais preferiam? O Negueba, o Mattheus ou o Elano (até ontem considerado o pior jogador do elenco), ou quem sabe os três juntos? E no ataque? Ney foi burro ao não escalar o Sartori ou o Douglas Baggio? Acharam ruim a entrada do Fernando? Mas quem preferiam? O Erazo? Sério?
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Faço todas essas ponderações porque acho que é necessário ter muita calma para tomar decisões em meio a um ambiente tão carregado e profissionalmente tão tumultuado. Se é verdade que o time não está bem e precisa de reforços, também é verdade que poderia estar com pelo menos seis pontos a mais, como visto. Se é verdade que o trabalho do treinador é confuso, titubeante e inseguro, ao mesmo tempo a Diretoria não dá sinais de que ele tenha respaldo para trabalhar, inclusive pelo elenco que lhe disponibiliza, e ninguém garante que, acaso saia, o sucessor venha a ser melhor. E se é verdade que alguns dos reforços já anunciados e especulados isoladamente parecem interessantes, a maioria deles aumenta um dos problemas do time, que é a média de idade alta e a falta de competitividade dela decorrente, por conta das limitações físicas que passam a existir.
Espero que, em meio ao caos, não haja uma piração total, mas sim serenidade e sensatez para solucionar tantos problemas, além de ação em lugar da omissão que tem marcado a Diretoria nessa crise. A propósito, a janela de transferências internacionais se fechará dia 13 de agosto. Ate lá, cabe à Diretoria refletir a respeito do que pode ser feito e as consequências.
Gostaria de ler as opiniões d@s amig@s do Buteco a respeito do que precisa ser feito para tirar o Mais Querido dessa situação.
Bom dia e SRN a tod@s.