O fim do mundial de
futebol não vai nem nos dar tempo de recolher os cacos do futebol brasileiro. No
meio da próxima semana, o apertado calendário já vai nos enfiar goela abaixo o
retorno do campeonato brasileiro, com jogos no meio da semana no maravilhoso
horário das 22h. Saem as partidas emocionantes com poucas faltas, times bem
armados, variações táticas e estádios cheios. Retornam as faltas em profusão,
acréscimos de 1 minuto no primeiro tempo e 3 no segundo, laterais que não sabem
cruzar, estádios às moscas e entrevistas enfadonhas dos professores ao final
dos jogos explicando sua genialidade.
O triste quadro
apresentado, que parece ainda mais triste depois do festival de bons jogos que
a copa nos trouxe, para nós, Flamengos, ainda tem como cereja do bolo a 19ª colocação
na tabela. É chegada a hora de sabermos na prática os resultados do trabalho
desenvolvido no clube durante o recesso. Será que finalmente veremos um time do
Flamengo em 2014?
A volta do campeonato, tão
pouco tempo depois do inquestionável massacre sofrido pela Seleção Brasileira na
copa do mundo, nos impõe obrigatoriamente uma reflexão sobre o que está sendo
feito do nosso futebol. Infelizmente, isso não quer dizer que alguma coisa
efetivamente será feita, mas uma derrota como a que ocorreu em Belo Horizonte
não pode nem deve ser ignorada. Precisamos entender não o que houve em campo
naquela tarde terrível, mas qual foi o caminho que nos levou àquele vexame.
É certo que a teimosia de
um treinador ultrapassado, a falta de apoio das arquibancadas e o nível
altíssimo do time adversário são alguns dos motivos mais visíveis para o
desastre mas não passam de detalhes menores. Me atrevo a dizer sem medo que a
falta de qualidade no futebol que veremos pelo resto do ano, a partir da
próxima quarta-feira, está intimamente ligada ao que aconteceu no Mineirão.
O caminho a ser seguido
daqui por diante é incerto. A iniciativa do bom senso no campeonato de 2013
parece ter perdido força. Os manda-chuvas do futebol não têm interesse em
mudanças profundas nem reconhecem o tamanho do estrago feito. Pior, não
conseguem admitir a defasagem técnica e tática do futebol que jogamos aqui. Se
fiam na velha “qualidade do jogador brasileiro” e nos “talentos que surgem em
toda parte”. Novamente nós, torcedores do
Mais Querido, conhecemos muito bem os efeitos desastrosos de dirigentes que
acham que a grandeza de um time é eterna e que não demanda trabalho sério.
Sofremos na pele durante anos, e ainda vamos sofrer mais um tempo, o resultado
da falta de seriedade e comprometimento fora de campo e seu impacto dentro
dele. E estamos aprendendo a duras penas como é difícil ver o crescimento dos
rivais enquanto estamos pagando nossos pecados.
Para o futebol brasileiro
também não vai haver saída fácil. O estrago é enorme e a arrogância de
dirigentes, técnicos, jogadores, torcedores e jornalistas é quase tão grande e
tão danosa quanto. Somente a união de todos os atores envolvidos vai trazer uma
solução e não deve ser no curto prazo. Exemplos existem, para serem estudados,
não necessariamente copiados, na Inglaterra, Alemanha e até na Itália. É apenas
uma questão de encontrarmos e trilharmos nosso caminho de volta as vitórias,
com paciência e determinação.
A derrota de 50 e as lições que aprendemos com ela nos levaram a
3 triunfos em 4 copas.
Onde o vexame de 2014 nos
levará?
abraços a todos e SRN!