Vendo a partida de estréia do Brasil na Copa, fiquei me questionando há
quanto tempo não temos um ídolo rubro-negro vestindo a amarelinha.
Puxando pela memória, creio que faz muito tempo que não temos sequer um
jogador do Flamengo na seleção, mesmo entre os reservas. Talvez, o
último atleta rubro-negro a se destacar no escrete canarinho seja o
goleiro Julio César, que nem jogava mais no clube quando começou a ser
convocado.
É algo a ser pensado, especialmente se lembrarmos que ainda na fase da
campanha eleitoral, os diretores do Flamengo falavam da importância de
se ter um ídolo, um jogador para chamar a torcida, alavancar vendas de
camisas, etc. O camisa 12 da seleção, por exemplo, é rubro-negro
fanático e um cara carismático e bem articulado, que poderia fazer esse
papel.
Ocorre que, desde que os grandes jogadores passaram a jogar fora do
Brasil, a seleção foi perdendo gradualmente a identificação com os
torcedores. O processo se agravou ainda mais quando o time passou a
jogar quase sempre na Europa e em horários que não permitem que um
trabalhador normal assista o jogo. A Copa, sendo jogada em território
nacional, oferece uma oportunidade de reverter esse quadro, ajudando a
resgatar a relação entre os jogadores e os torcedores. E nesse aspecto, a
identificação dos jogadores com seus clubes locais, ajuda a fortalecer a
relação com a torcida.
Infelizmente, em meio à grave que crise que se abateu sobre o futebol
rubro-negro em 2014, os dirigentes não souberam ou não conseguiram
aproveitar as oportunidades que a Copa trouxe para o Flamengo. Temos
pouca repercussão sobre o fato de uma das principais seleções estar
treinando na nossa casa e ter transformado nosso velho campo em um
tapete de nível internacional. Nosso único representante na copa do
Mundo é um zagueiro odiado pela torcida e última opção no banco apesar
de ser o capitão da seleção de seu país. E mesmo com a fornecedora de
material esportivo tendo usado nosso Manto Sagrado como referência para a
camisa da Alemanha, não fomos sequer convidados ou procurados para
fazer amistosos contra as seleções que vieram se preparar no Brasil.
O recesso do futebol brasileiro é também uma oportunidade para que o
Flamengo possa olhar para si mesmo. Um clube como o nosso, não pode se
esconder num momento em que os olhos do mundo estão voltados para o
Brasil. Na próxima segunda-feira, chegam ao fim as inacreditáveis férias
de duas semanas dadas aos jogadores e finalmente poderemos ver que
medidas estão sendo tomadas para modificar o panorama atual.
abraços e SRN!