Depois de ver o Flamengo
jogar contra o Palmeiras num alucinado arremedo do 4-2-4 dos anos 50 e 60, eis
que Ney Franco pula as décadas de 70 e 80 e nos traz agora aos anos fatídicos
anos 90. O recomeço do Flamengo na temporada 2014 ressuscita o velho 3-5-2, que
fez sucesso na Itália e em várias equipes europeias e alcançou o auge no Brasil
com o São Paulo de Muricy Ramalho.
Como de costume, a ideia
da coluna é trazer um assunto para as mesas do Buteco e apresentar argumentos
para começar a conversa. Ao contrário de outras vezes, porém, resolvi colocar
de cara minha opinião sobre o assunto: Considero o sistema um retrocesso no
futebol e uma prática que não tem, do ponto de vista histórico e da tradição,
nada a ver com o futebol brasileiro e muito menos com o Flamengo.
A memória de times com
três zagueiros me lembra de um futebol chato, retrancado, medroso, tacanho. Me
lembra da copa da Itália, do Muricybol, do Lazaroni e de outros desastres no
passado do futebol, inclusive do Jaílton, no time armado pelo mesmo Ney Franco
e “aperfeiçoado” pelo Joel em 2007. Para concluir o desabafo, tenho a opinião que
o sistema dos três zagueiros - e as vitórias que conquistou – acabaram por
causar um enorme desserviço ao futebol, ao praticamente extinguir os laterais,
substituindo-os pelos tais “alas”. Estes, que deveriam compensar a fragilidade
defensiva com enorme ímpeto e qualidade no ataque, na grande maioria das vezes
mal passam da intermediária adversária, limitando-se a chuveirinhos.
No caso do Flamengo, por
exemplo, o estrago permanece até hoje, assombrando fantasmagoricamente o lado
direito, e apenas mudando-se o nome do responsável pelo desastre no lado
esquerdo. Ainda, segundo a imprensa esportiva, a mudança de sistema foi fruto de uma
reunião com os jogadores em que foi discutida a melhor forma de atuar. Em uma
equipe em que os líderes são um zagueiro lento e dois laterais-alas que não
sabem defender, a opção pelo 3-5-2 parece bastante natural.
As primeiras informações
sobre os coletivos, falam de um time mais organizado e sendo orientado a marcar
pressionando desde a saída de bola adversária. Mudança de postura? Reflexo de
um meio de campo mais povoado? Somente saberemos quando o campeonato nacional
recomeçar. Acredito que pode dar certo, especialmente se os jogadores derem a
Ney Franco agora a dedicação e a disciplina que deram a Jayme em 2013 mas
sonegaram em 2014. Apesar de me entristecer de ver o Mais Querido jogar de uma
forma que me desagrada, vou torcer demais para que isso aconteça e o clube
consiga se salvar, mais uma vez. Mas sobretudo ficarei na torcida para que o
Flamengo, um dia talvez, pare de flutuar ao sabor das vontades de técnicos e
boleiros. Quee decida comandar seu próprio futebol. Que o técnico e os
jogadores sejam escolhidos para jogar como o Flamengo joga, como o torcedor do
Flamengo gosta que ele jogue e não o contrário.
Abraços a todos e SRN!