sexta-feira, 27 de junho de 2014

A volta dos anos 90


Depois de ver o Flamengo jogar contra o Palmeiras num alucinado arremedo do 4-2-4 dos anos 50 e 60, eis que Ney Franco pula as décadas de 70 e 80 e nos traz agora aos anos fatídicos anos 90. O recomeço do Flamengo na temporada 2014 ressuscita o velho 3-5-2, que fez sucesso na Itália e em várias equipes europeias e alcançou o auge no Brasil com o São Paulo de Muricy Ramalho.

Como de costume, a ideia da coluna é trazer um assunto para as mesas do Buteco e apresentar argumentos para começar a conversa. Ao contrário de outras vezes, porém, resolvi colocar de cara minha opinião sobre o assunto: Considero o sistema um retrocesso no futebol e uma prática que não tem, do ponto de vista histórico e da tradição, nada a ver com o futebol brasileiro e muito menos com o Flamengo.

A memória de times com três zagueiros me lembra de um futebol chato, retrancado, medroso, tacanho. Me lembra da copa da Itália, do Muricybol, do Lazaroni e de outros desastres no passado do futebol, inclusive do Jaílton, no time armado pelo mesmo Ney Franco e “aperfeiçoado” pelo Joel em 2007. Para concluir o desabafo, tenho a opinião que o sistema dos três zagueiros - e as vitórias que conquistou – acabaram por causar um enorme desserviço ao futebol, ao praticamente extinguir os laterais, substituindo-os pelos tais “alas”. Estes, que deveriam compensar a fragilidade defensiva com enorme ímpeto e qualidade no ataque, na grande maioria das vezes mal passam da intermediária adversária, limitando-se a chuveirinhos.

No caso do Flamengo, por exemplo, o estrago permanece até hoje, assombrando fantasmagoricamente o lado direito, e apenas mudando-se o nome do responsável pelo desastre no lado esquerdo. Ainda, segundo a imprensa esportiva, a mudança de sistema foi fruto de uma reunião com os jogadores em que foi discutida a melhor forma de atuar. Em uma equipe em que os líderes são um zagueiro lento e dois laterais-alas que não sabem defender, a opção pelo 3-5-2 parece bastante natural.

As primeiras informações sobre os coletivos, falam de um time mais organizado e sendo orientado a marcar pressionando desde a saída de bola adversária. Mudança de postura? Reflexo de um meio de campo mais povoado? Somente saberemos quando o campeonato nacional recomeçar. Acredito que pode dar certo, especialmente se os jogadores derem a Ney Franco agora a dedicação e a disciplina que deram a Jayme em 2013 mas sonegaram em 2014. Apesar de me entristecer de ver o Mais Querido jogar de uma forma que me desagrada, vou torcer demais para que isso aconteça e o clube consiga se salvar, mais uma vez. Mas sobretudo ficarei na torcida para que o Flamengo, um dia talvez, pare de flutuar ao sabor das vontades de técnicos e boleiros. Quee decida comandar seu próprio futebol. Que o técnico e os jogadores sejam escolhidos para jogar como o Flamengo joga, como o torcedor do Flamengo gosta que ele jogue e não o contrário.

Abraços a todos e SRN!