quarta-feira, 21 de maio de 2014
O ouro está na base
A jornada esportiva do último domingo seguia para o seu melancólico final com a derrota do Flamengo quando o atual presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, foi entrevistado por uma emissora de rádio do Rio de Janeiro e afirmou que logo depois de assumir o cargo foi ver um jogo, anonimamente, dos juniores do seu clube em um estádio na cidade. Bastou os garotos pisarem no gramado para escutar de um torcedor: "Está entrando em campo o cemitério de jogadores!". Curioso com os porquês da pesada expressão, na primeira oportunidade perguntou ao cidadão quais os motivos que o levaram a se referir daquele jeito ao time da base, tendo o mesmo replicado que, com aquela camisa, "morriam todos para o futebol";
Preocupado, nos dias seguintes tratou de oferecer condições humanas e materiais um pouco melhores àquela categoria, nada de outro de mundo que justifique a feitura de um livro sobre o assunto e, já em 2013, apenas decorridos quatro anos daquele episódio, colhia os frutos da simples iniciativa adotada, citando diversos jogadores revelados nesse pequeno período, entre vários, Vitinho, Dória e Daniel, os que gravei, que tinham dado retorno e estão rendendo bem tecnicamente nos profissionais, além de reforçar os combalidos cofres do clube através das transações efetuadas com a transferência dos respectivos direitos dos atletas para o exterior;
A fórmula usada em General Severiano é mais antiga do que andar pra frente, velha conhecida de todos, ou seja, se não há recursos financeiros para investir em jogadores consagrados em seus clubes a alternativa é formá-los em casa. Daí que surgiu o lema perdido no tempo, segundo o qual "craque o Flamengo faz em casa";
O problema a ser enfrentado é que os futuros craques não se fazem sozinhos e tampouco são despejados na Gávea pelos céus por compaixão dos deuses do futebol que vestem vermelho e preto. É necessária uma estrutura com gente competente que interaja com os responsáveis pela equipe de profissionais e esteja disposta a garimpar e lapidar talentos entre as centenas de meninos que se apresentam, são indicados e levados ao CT, e que esse setor seja monitorado pela Vice Presidência de futebol;
Como está, sem recursos financeiros para contratar nomes já revelados em outras plagas e sem revelar jogadores para o time profissional, o Flamengo continuará vivendo de espasmos, das ligas eventuais entre time e torcida para conduzir todos a títulos imprevisíveis num ano, e luta contra o rebaixamento no outro ou, bizarramente, na mesma temporada, num tipo de vida inconsistente como tem sido a nossa rotina dentro dos campos de futebol, com a predominância da insegurança técnica do time, que assusta a torcida, já que tudo pode acontecer dentro de uma partida disputada, de uma vitória heroica a um vexame histórico;
SRN!