quarta-feira, 14 de maio de 2014

Azuis enrolados dentro de campo


Em uma das entrevistas com os presidentes das federações responsáveis pelas seleções classificadas para a Copa, o artilheiro do torneio de 1998 e atual dirigente da federação croata, Davor Sucker, afirmou que em função da crônica falta de recursos para investir em craques consagrados, os times da Croácia, difícil (não se iludam) adversário do Brasil em sua estreia na Copa do Mundo daqui a menos de um mês, implantaram uma criteriosa política de investimentos nas categorias de base daquele país, tendo como resultado a médio prazo "ser o único país europeu a se classificar para todos os mundiais mais recentes, em todas as categorias, Sub-17, Sub-20 e principal";

De imediato, a óbvia associação feita por uma mente rubro-negra foi com o que se passa atualmente no Flamengo, que padece de semelhante carência de recursos para contratar jogadores que resolvam seus problemas dentro de campo, com enorme diferença de postura em relação às divisões de base, de onde não sai um garoto bom de bola há bastante tempo, com exceção do Samir que chegou ao clube há apenas duas temporadas, aos 17 anos de idade, porém, por outro lado o vexame tem sido o prato da casa oferecido, com sucessivas goleadas vergonhosas sofridas recentemente;

No embalo da desastrada condução da demissão do treinador Jayme de Almeida, o gerente das categorias de base do clube, Marcos Biasotto, foi justa e tardiamente demitido, ficando a impressão de ser o único momento de conexão entre a base e os profissionais, nessa fase do "salve-se quem puder";

Por falar na destrambelhada forma de demissão de um funcionário do alto escalão do departamento de futebol do clube, impressiona o Flamengo insistir nos mesmos erros consagrados no passado, formando escola nessa arte, ou como Zico pontuou:"a predominância da mesmice", no que concordo, já que não vamos chegar a lugar algum, talvez uma conquista aqui, outra ali, nada consistente para o futuro, levando mais duas décadas para conquistar um Campeonato Brasileiro, sem um trabalho a médio prazo e tendo o imediatismo como filosofia, a mesma que determinou a passagem pela direção do time, em apenas 16 meses, de cinco treinadores, chegando a quase vinte neste início de século;

Está na cara de quem quiser ver que o problema não está onde o procuram na figura do treinador. O buraco é mais embaixo e se encontra, entre outros, na falta de um planejamento a médio/longo prazos, na falta de sintonia da equipe de preparadores dos profissionais com as categorias de base, o que acaba dificultando a transição dos garotos para os profissionais, nos poderes absolutos do técnico que comete barbaridades como afastar do jogo seguinte um jogador que teve boa atuação na partida anterior, sem que seja questionado pelo executivo ou VP do futebol. Nessa conjuntura, Ney Franco poderá ganhar um ou outro campeonato, mas levará um pé nos fundilhos antes do próximo Dia das Mães, na 1ª ou 2ª crise que enfrentar, ou seja, já chega ao Flamengo com prazo de validade estipulado;

Encontro-me, com satisfação, entre os que apoiam a atual gestão dos azuis, que realiza um trabalho invejável na reestruturação financeira do clube, entretanto, não ofereço aos seus integrantes o beneplácito da imunidade às críticas em relação aos sucessivos erros cometidos no futebol, onde parecem crianças que não podem ficar sozinhas, senão fazem...enfim, sabemos o quê.

SRN!