quinta-feira, 8 de maio de 2014

Alfarrábios do Melo



Saudações flamengas a todos,

Essa semana, inicio a segunda parte da série “Apostas Esquecidas”, mencionando alguns jogadores de baixo custo utilizados na construção do elenco que ganharia o Estadual-86 e o Brasileiro-87.

APOSTAS ESQUECIDAS – PARTE II (1986-1987)

GOLEIROS

HUGO (1983-87)
Revelado nas divisões de base, foi titular da seleção brasileira campeã mundial de juniores em 1983. No entanto, não prosperou em uma posição dominada por goleiros de primeira linha (Raul, Fillol, Zé Carlos). Após rápido empréstimo ao Vitória-BA, foi negociado com o futebol português.

MILAGRES (1987-91)
Ascendeu à reserva imediata de Zé Carlos, após a venda de Hugo e a aposentadoria de Cantarele. Fechou o gol contra o Bahia (Fonte Nova, Copa União 1988, derrota 0-1), jogo que o tornou conhecido. Mas não conseguiu ter uma sequência maior, e acabou se radicando no futebol mineiro, onde conseguiu fazer sucesso, sendo campeão pelo América-MG.

LATERAIS

JAIME BONI (1986)
Lateral-direito defensivo, foi titular do esquecível Palmeiras do início dos anos 80, onde ganhou o apelido de “Jaime Bonde”. Veio ao Flamengo como reposição para as futuras convocações de Jorginho, mas não conseguiu mostrar nada que desmentisse o malicioso apelido. Dispensado ao final do Brasileiro-86.

ÍNDIO (1986)
Volante que também atuava como lateral-direito, filho do atacante Índio, grande goleador do Flamengo nos anos 50, foi aproveitado em alguns jogos do final do Brasileiro de 1986, mas não agradou e não teve continuidade no elenco (não confundir com o zagueiro que atuou em meados dos anos 90).






MALHADO (1986-87)
Lateral-esquerdo tido como promissor, acabou lançado na fogueira, num difícil jogo contra o Guarani de Evair e João Paulo (o time vinha voando), no Maracanã. Não foi mal, mas Lazaroni o considerou ainda “verde”. Enquanto aguardava outras chances, viu o surgimento de Leonardo, que acabou minando seu espaço. Negociado, fez razoável carreira no futebol nordestino.

LEANDRO SILVA (1987-88)
Lateral-direito revelado pelo Campo Grande-RJ, chegou para compor elenco. Com a demora na renovação do contrato do titular Jorginho, conseguiu uma inesperada sequência de jogos na reta final do Brasileiro-87, onde não comprometeu, mas já deu mostras de limitação técnica. Mantido no elenco, acabou cometendo duas falhas capitais numa partida contra o Nacional-URU (0-2, diante de um Maracanã com 70 mil) que sepultaram suas chances no clube. Ainda andou rodando por times como Fluminense, Corinthians e Bahia, nos anos 90.

AIRTON (1986-87)
Contratado de forma emergencial para substituir Adalberto (após sua fratura), este lateral ex-Vasco e América em nenhum momento exibiu um futebol convincente. Lateral voluntarioso, de poucos recursos técnicos, chegou a ser barrado por Aldair e Jorginho, que atuavam improvisados. Com a promoção de Leonardo, viu seu ciclo no clube encerrar de vez. Foi negociado com o Grêmio, onde teve boa passagem.

ZAGUEIROS

GUTO (1983-87)
Mais um jovem campeão do mundo de juniores em 1983, trazido do XV de Jaú-SP como aposta para futura qualificação do elenco. Forte e vigoroso, chegou a ter sequência como titular em alguns momentos, participou ativamente da campanha do Estadual-86, mas acabou preterido pelos mais técnicos Aldair e Zé Carlos II. Em 1987, surgiu proposta do futebol português e foi negociado. Faleceu em 2009, vítima de complicações decorrentes do alcoolismo.





GONÇALVES (1987-89)
Taça Rio. Flamengo vence o Botafogo (3-1) e vai perdendo gols. O lance parece simples, mas o inexperiente zagueiro não percebe a saída de Zé Carlos e, ao recuar a bola, acaba encobrindo o goleiro. Esse gol contra transformou uma possível goleada em uma reação (3-3) que, para muitos, decidiu o Estadual de 1989. Seu protagonista, o habilidoso zagueiro Gonçalves, não resistiu à pressão decorrente da falha, e logo acabaria transferido. Ironicamente, ao próprio Botafogo, onde se tornou ídolo.

VOLANTES

VALTINHO (1985-86)
Filho do atacante Silva, o Batuta, foi um dos garotos lançados em 1985, já num contexto de contenção de gastos com reforços. Agradou (logo na estreia marcou um golaço) com seu futebol vigoroso e seu chute muito forte. Versátil, era capaz de ocupar todas as posições do meio, mas essa característica acabaria lhe atrapalhando (não tinha a velocidade de um volante nem a técnica de um meia). Vivia entrando e saindo do time e, insatisfeito, acabou negociado com o futebol de Portugal.



VÍTOR (1986)
(Não confundir com o volante do início dos anos 80, que chegou à Seleção). Veio por empréstimo do Dom Bosco-MT, fez alguns jogos pelo Brasileiro-86 onde mostrou qualidades (aplicação tática, bom passe, boa chegada ao ataque), chegando mesmo a ganhar a posição de titular. Mas o alto preço cobrado por seu passe (o Dom Bosco dobrou o preço) e o excesso de jogadores para o setor, aliado ao mau momento do time, fizeram com que fosse devolvido ao final da temporada.

VALMIR (1986-87)
Volante “moderno” para a época, muita transpiração, chute forte e pouca técnica. Andou sendo utilizado em alguns amistosos, mas nunca se firmou. Transferido para o América, onde teve certo destaque.

FLÁVIO (1987-88)
Trazido do Olaria, logo agradou Carlinhos pela sua capacidade de fechar espaços e sua movimentação elegante em campo. Volante de bom passe e ótima finalização, também podia ser usado na meia, e não era raro aparecer substituindo Zico. No entanto, não resistiu ao péssimo início de temporada em 1988 e, ao final do Estadual, foi negociado. Apareceu com destaque no São Paulo, pouco tempo depois.

MEIAS

GILMAR POPOCA (1983-87)
“Aqui os índios treinam mas os caciques jogam”. O desabafo, no início de 1987, custou caro a Gilmar, jogador tido como extremamente habilidoso e problemático. Com efeito, desde que foi efetivado no elenco (era mais um campeão mundial junior de 1983), sempre demonstrou grande categoria (meia clássico, de lançamentos primorosos, chute certeiro, bom toque de bola, mas algo lento) e excesso de confiança em seu talento, o que lhe rendeu muita encrenca (vivia reclamando da reserva). Teve algumas sequências de jogos (1985 e 1986), mas nunca estourou de vez. E a declaração de 1987 lhe foi fatal, fechando de vez as portas no clube, de onde foi transferido para a Ponte Preta, o que iniciou uma peregrinação por inúmeras equipes do Brasil e do Exterior.

HENÁGIO (1987-88)
Meia goleador em Pernambuco, contratado junto ao Sport-PE como opção para a reserva de Zico. Discreto na campanha do tetra, foi bastante utilizado no Estadual-88, onde até marcou alguns gols (como na partida contra o América, que deu o título da Taça GB ao Flamengo), mas seu comportamento irregular fora do campo, além dos maus resultados no semestre, fizeram com que o clube, antes do Brasileiro, se livrasse do jogador, que voltou ao Nordeste.

LUIZ HENRIQUE (1987-88)
Vindo da Catuense-BA, foi contratado juntamente com Henágio, com quem estabeleceu uma concorrência direta pela vaga de Zico. Mais veloz, driblador e comportado que o “rival”, ganhou certa preferência de Carlinhos. Mas, ainda jovem, não conseguiu ser efetivo nos jogos maiores (até marcou gols em partidas menos importantes) e desabou de vez ao ser injustamente envolvido em uma detenção por suposto tráfico de drogas. Sem estrutura psicológica, voltou à Bahia, onde se reergueu para construir uma boa carreira, com ótimas passagens em centros maiores e pela Seleção Brasileira (seria nome certo para 1994 não fossem lesões).

(CONTINUA...)