Saudações flamengas a
todos,
Essa
semana, inicio a segunda parte da série “Apostas Esquecidas”,
mencionando alguns jogadores de baixo custo utilizados na construção
do elenco que ganharia o Estadual-86 e o Brasileiro-87.
APOSTAS
ESQUECIDAS – PARTE II (1986-1987)
GOLEIROS
HUGO (1983-87)
Revelado
nas divisões de base, foi titular da seleção brasileira campeã
mundial de juniores em 1983. No entanto, não prosperou em uma
posição dominada por goleiros de primeira linha (Raul, Fillol, Zé
Carlos). Após rápido empréstimo ao Vitória-BA, foi negociado com
o futebol português.
MILAGRES
(1987-91)
Ascendeu
à reserva imediata de Zé Carlos, após a venda de Hugo e a
aposentadoria de Cantarele. Fechou o gol contra o Bahia (Fonte Nova,
Copa União 1988, derrota 0-1), jogo que o tornou conhecido. Mas não
conseguiu ter uma sequência maior, e acabou se radicando no futebol
mineiro, onde conseguiu fazer sucesso, sendo campeão pelo
América-MG.
LATERAIS
JAIME
BONI (1986)
Lateral-direito
defensivo, foi titular do esquecível Palmeiras do início dos anos
80, onde ganhou o apelido de “Jaime Bonde”. Veio ao Flamengo como
reposição para as futuras convocações de Jorginho, mas não
conseguiu mostrar nada que desmentisse o malicioso apelido.
Dispensado ao final do Brasileiro-86.
ÍNDIO
(1986)
Volante que também atuava como lateral-direito,
filho do atacante Índio, grande goleador do Flamengo nos anos 50,
foi aproveitado em alguns jogos do final do Brasileiro de 1986, mas
não agradou e não teve continuidade no elenco (não confundir com o
zagueiro que atuou em meados dos anos 90).
MALHADO
(1986-87)
Lateral-esquerdo
tido como promissor, acabou lançado na fogueira, num difícil jogo
contra o Guarani de Evair e João Paulo (o time vinha voando), no
Maracanã. Não foi mal, mas Lazaroni o considerou ainda “verde”.
Enquanto aguardava outras chances, viu o surgimento de Leonardo, que
acabou minando seu espaço. Negociado, fez razoável carreira no
futebol nordestino.
Lateral-direito
revelado pelo Campo Grande-RJ, chegou para compor elenco. Com a
demora na renovação do contrato do titular Jorginho, conseguiu uma
inesperada sequência de jogos na reta final do Brasileiro-87, onde
não comprometeu, mas já deu mostras de limitação técnica.
Mantido no elenco, acabou cometendo duas falhas capitais numa partida
contra o Nacional-URU (0-2, diante de um Maracanã com 70 mil) que
sepultaram suas chances no clube. Ainda andou rodando por times como
Fluminense, Corinthians e Bahia, nos anos 90.
AIRTON
(1986-87)
Contratado
de forma emergencial para substituir Adalberto (após sua fratura),
este lateral ex-Vasco e América em nenhum momento exibiu um futebol
convincente. Lateral voluntarioso, de poucos recursos técnicos,
chegou a ser barrado por Aldair e Jorginho, que atuavam improvisados.
Com a promoção de Leonardo, viu seu ciclo no clube encerrar de vez.
Foi negociado com o Grêmio, onde teve boa passagem.
ZAGUEIROS
GUTO
(1983-87)
Mais um
jovem campeão do mundo de juniores em 1983, trazido do XV de Jaú-SP
como aposta para futura qualificação do elenco. Forte e vigoroso,
chegou a ter sequência como titular em alguns momentos, participou
ativamente da campanha do Estadual-86, mas acabou preterido pelos
mais técnicos Aldair e Zé Carlos II. Em 1987, surgiu proposta do
futebol português e foi negociado. Faleceu em 2009, vítima de
complicações decorrentes do alcoolismo.
GONÇALVES
(1987-89)
Taça
Rio. Flamengo vence o Botafogo (3-1) e vai perdendo gols. O lance parece simples, mas o inexperiente zagueiro não percebe a saída de
Zé Carlos e, ao recuar a bola, acaba encobrindo o goleiro. Esse gol
contra transformou uma possível goleada em uma reação (3-3) que, para muitos, decidiu o Estadual de 1989. Seu protagonista, o
habilidoso zagueiro Gonçalves, não resistiu à pressão decorrente
da falha, e logo acabaria transferido. Ironicamente, ao próprio
Botafogo, onde se tornou ídolo.
VOLANTES
VALTINHO
(1985-86)
Filho do
atacante Silva, o Batuta, foi um dos garotos lançados em 1985, já
num contexto de contenção de gastos com reforços. Agradou (logo na
estreia marcou um golaço) com seu futebol vigoroso e seu chute muito
forte. Versátil, era capaz de ocupar todas as posições do meio,
mas essa característica acabaria lhe atrapalhando (não tinha a
velocidade de um volante nem a técnica de um meia). Vivia entrando e
saindo do time e, insatisfeito, acabou negociado com o futebol de
Portugal.
VÍTOR
(1986)
(Não
confundir com o volante do início dos anos 80, que chegou à
Seleção). Veio por empréstimo do Dom Bosco-MT, fez alguns jogos
pelo Brasileiro-86 onde mostrou qualidades (aplicação tática, bom
passe, boa chegada ao ataque), chegando mesmo a ganhar a posição de
titular. Mas o alto preço cobrado por seu passe (o Dom Bosco dobrou
o preço) e o excesso de jogadores para o setor, aliado ao mau
momento do time, fizeram com que fosse devolvido ao final da
temporada.
VALMIR
(1986-87)
Volante
“moderno” para a época, muita transpiração, chute forte e
pouca técnica. Andou sendo utilizado em alguns amistosos, mas nunca
se firmou. Transferido para o América, onde teve certo destaque.
FLÁVIO
(1987-88)
Trazido
do Olaria, logo agradou Carlinhos pela sua capacidade de fechar
espaços e sua movimentação elegante em campo. Volante de bom passe
e ótima finalização, também podia ser usado na meia, e não era
raro aparecer substituindo Zico. No entanto, não resistiu ao péssimo
início de temporada em 1988 e, ao final do Estadual, foi negociado.
Apareceu com destaque no São Paulo, pouco tempo depois.
MEIAS
GILMAR
POPOCA (1983-87)
“Aqui
os índios treinam mas os caciques jogam”. O desabafo, no início
de 1987, custou caro a Gilmar, jogador tido como extremamente
habilidoso e problemático. Com efeito, desde que foi efetivado no
elenco (era mais um campeão mundial junior de 1983), sempre
demonstrou grande categoria (meia clássico, de lançamentos
primorosos, chute certeiro, bom toque de bola, mas algo lento) e
excesso de confiança em seu talento, o que lhe rendeu muita encrenca
(vivia reclamando da reserva). Teve algumas sequências de jogos
(1985 e 1986), mas nunca estourou de vez. E a declaração de 1987
lhe foi fatal, fechando de vez as portas no clube, de onde foi
transferido para a Ponte Preta, o que iniciou uma peregrinação por
inúmeras equipes do Brasil e do Exterior.
HENÁGIO
(1987-88)
Meia
goleador em Pernambuco, contratado junto ao Sport-PE como opção para a
reserva de Zico. Discreto na campanha do tetra, foi bastante
utilizado no Estadual-88, onde até marcou alguns gols (como na
partida contra o América, que deu o título da Taça GB ao
Flamengo), mas seu comportamento irregular fora do campo, além dos
maus resultados no semestre, fizeram com que o clube, antes do
Brasileiro, se livrasse do jogador, que voltou ao Nordeste.
LUIZ
HENRIQUE (1987-88)
Vindo da
Catuense-BA, foi contratado juntamente com Henágio, com quem
estabeleceu uma concorrência direta pela vaga de Zico. Mais veloz,
driblador e comportado que o “rival”, ganhou certa preferência
de Carlinhos. Mas, ainda jovem, não conseguiu ser efetivo nos jogos
maiores (até marcou gols em partidas menos importantes) e desabou de
vez ao ser injustamente envolvido em uma detenção por suposto
tráfico de drogas. Sem estrutura psicológica, voltou à Bahia, onde
se reergueu para construir uma boa carreira, com ótimas passagens em
centros maiores e pela Seleção Brasileira (seria nome certo para
1994 não fossem lesões).
(CONTINUA...)