Essa enxurrada de notícias ontem foi decorrência do vazamento da demissão do Jayme, muito mais do que a derrota para o Fluminense, as derrotas, já que o 7 x 0 no sub-20 não está fora deste contexto de implosão do departamento de futebol. Isto está claro. A demissão estava madura. E agora, o que fazer depois da demissão de Jayme e Pelaipe? Foi desastrosa e a magoada (com razão) declaração do ex-treinador comprova isso.
Pois bem, para modificar de vez e reestruturar, com um período de menor efervescência política (mesmo que nunca duvide dela no Flamengo), na época da Copa do Mundo, a mudança deve ser profunda. Nos profissionais, nos processos, em tudo. Os azuis já sabem o que é certo e o que é errado no Flamengo, e podem com mais de um ano de mandato, formar uma estrutura duradoura para o clube, que possa passar por possíveis turbulências futuras, numa situação conhecida de dívidas, só que com mais tranquilidade.
Com a estrutura de trabalho adequada, o caminho será pavimentado com mais tranquilidade. Nem falo aqui de estrutura física, CT, fundamental, falo de material humano mesmo. Não tenho clareza nem a certeza de que os profissionais que hoje se encontram no Flamengo estejam executando bem suas funções (nem poderia ter de fora). O todo parece ruim. Não “taco pedra” por tacar, proponho e odeio foca que bate palma e ri. Na imprensa, tem muita hiena que come (e vomita) merda e ri... Se é pra reformar, tem que mexer em tudo. Definitivamente.
Como torcedor posso ser volátil, o dirigente não pode ser, mas nos dois casos ninguém é impedido de enxergar quando algo está certo ou errado, ok? Ou então, ser humilde para reconhecer um caminho errado. A estrutura do departamento de futebol deveria ser muito melhor qualificada. Existe uma economia burra, em minha opinião, em relação aos profissionais de algumas áreas, mas entendo por ser um passional torcedor e não especialista. O setor de Marketing, comunicação e planejamento poderiam ser ampliados com a contratação de mais funcionários para agilizar o processo de desenvolvimento do clube, considero investimento, não custo.
Infelizmente o problema mais visível do Flamengo está no departamento de futebol, que tem errado, até por falta de comunicação e orientação de como lidar com a pressão interna e externa (torcida, imprensa e redes sociais, sim). A única certeza é a de que não quero de jeito nenhum é as pessoas que "afundaram" o clube, de volta. Refletindo a reformulação, penso em nomes e funções específicas que ajudariam a construir esse “futuro” melhor pavimentado pelo clube e para o clube. São elas:
Funções
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Opção
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VP
de Futebol
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Alguém
que tenha conhecimento da política interna do clube, sangue novo de preferência
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Diretor
Administrativo
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Leonardo
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Diretor
Técnico
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Oscar
Tabarez
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Treinador
Profissional
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Ney
Franco
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Gerente
Base
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Alguém
que tenha profundo conhecimento de gestão e mercado de base
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Coordenador
Base
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Alguém
com experiência em formação, não precisa ser brasileiro
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Treinador
Sub-20 (23)
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Jorginho
(Ex-Palmeiras), Fernando Diniz
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Para a VP de futebol, poderia ser alguém mais acostumado com a efervescência política dentro do clube, que desse tranquilidade para que os profissionais trabalhem e esse alguém não tem sido o Wallim, que vira e mexe dá munição aos críticos, não conseguindo arrefecer as crises. Crises essas que tem se sucedido por consequência também da política de austeridade financeira, e logicamente, pelos maus resultados dentro de campo. Coisas normais do futebol. será preciso alguém que trabalhe constante e diretamente com os setores de comunicação e marketing, integração.
Para cuidar de todo o futebol do clube é preciso alguém do mercado e que entenda bastante do clube e de futebol. Seria o Diretor Administrativo. Hoje o nome perfeito seria o do Leonardo, que sempre disse que viria quando o clube pudesse trabalhar de forma mais profissional, no todo. É a hora, Léo, está esperando o quê? Ano passado foi especulada uma conversa entre ele e Wallim, que pode fazer sentido neste momento, pois na Rádio Tupi, em entrevista ontem pela noite o VP de futebol disse que a contratação do novo diretor executivo demoraria, se alongando pelo período da copa do mundo. Nessa previsão de negociação difícil, longa, pode ser o Leonardo (sonho, meu).
Nesta escala de trabalho é preciso que exista alguém que possa ajustar o trabalho do executivo, com todas as áreas do futebol, dando suporte técnico, dentro do campo e também gerindo. O nome ideal para Diretor Técnico é o de Oscar Tabarez, treinador da seleção Uruguaia, e que além de ter reinventado um estilo de jogo uruguaio, formou diversos jogadores. A função dele seria parecida com a de Parreira na seleção brasileira, somada a coordenação e “uniformidade” das categorias de base. Seria o responsável pelo “estilo Flamengo”. Ficaria acima da base e da comissão técnica do futebol e entre ela e o Diretor executivo da pasta.
O Treinador do clube é o responsável direto pela lapidação do atleta de fase final e do time principal, logicamente. É quem vai implementar o “estilo Flamengo” no time principal, onde o desempenho conta. E muito. Ney Franco já foi escolhido pela diretoria. Acho até um bom nome por conhecer o trabalho com jovens jogadores e poder fazer essa transição da base para o profissional. Boa sorte para ele!
O Gerente da base é o responsável direto pela execução das diretrizes requeridas pela cúpula da futebol. É quem fará a gestão das categorias de base no processo competitivo e da formação de cidadãos e atletas. Estará subordinado ao DT, no caso Oscar Tabarez, um exemplo. Cuidaria mais do aspecto burocrático das categorias de base, o que não impediria ser conhecedor de futebol e bom gestor de pessoas.
Abaixo do gerente estaria o Coordenador da base, aquele profissional que promove a integração entre as categorias, naturalmente, inclusive na ultima etapa, para o profissional. Ele é o responsável pela maturação, formação, na prospecção de novos atletas e a preparação das equipes. Seria o profissional mais próximo de todos os treinadores da base, de todas as categorias, desde o Sub-11 até um possível Sub-23.
A reforma seria completa no departamento, pois algumas peças neste modelo estão saindo, dentre as quais o treinador do futebol profissional, Jayme de Almeida, o Diretor-executivo de futebol, Paulo Pelaipe e o gerente das categorias de base, Marcos Biasotto. Eu não tenho conhecimento algum sobre nomes para as categorias de base, seria leviano de minha parte citar, pedir nomes, principalmente em categorias menores do que a Sub-20, onde a base é mais visível. Por isso a “indicação” do gerente da base e do coordenador da base ficarão de fora desta análise, assim como a do Vice-Presidente de Futebol, já que tenho pouco conhecimento da política interna do clube.
Outra questão me chamou atenção, por isso virou tema aqui é o organograma do clube. Alguém já viu? Ele está disponível no site oficial e demonstra as atribuições, objetivos e tarefas da gestão do clube como um todo. Atendo-me apenas ao departamento de futebol, faço um quadro para “CTRL+C, CTRL+V” do organograma verdadeiro, vejam:
Atribuição do Diretor de futebol (até ontem, Paulo Pelaipe)
- Gerenciar o futebol profissional e da base.
- Gestão das comissões técnicas permanentes em todas as categorias
- Oferecer um grau de excelência competitiva que torne o Flamengo dominante nos cenários brasileiro e continental e inserido na elite do futebol mundial
- Ter a melhor relação de custo x performance esportiva
- Ter as melhores práticas e resultados na formação de atletas de base
- Ter a melhor equipe técnica tanto no futebol profissional como de base
Agora lhes pergunto: Teria Paulo Pelaipe condições verdadeiras de coordenar a essas atribuições? Acho que não. Por isso, Leonardo talvez seja o nome perfeito para assumir essa responsabilidade. Uma “última cartada”, decisiva para um futuro mais tranquilo, mas é preciso investimento em material humano capaz de promover as mudanças necessárias no clube, rompendo com o “séc XX” de vez! Todas as áreas foram divididas e tem atribuições específicas, metas para seu funcionamento. Não podem nem devem estar desconexas.
Categorias de Base
- Formar atletas de futebol não profissionais, desde o infantil (exceto escolinhas) até o sub-23, visando a formação de (1) atletas para os quadros do Flamengo e do futebol profissional brasileiro e (2) cidadãos cultural e educacionalmente preparados para o mercado do trabalho caso estes não venham a se profissionalizar
- Operar os times, da administração das equipes técnicas e apoio, logística e demais serviços especializados necessários, seja para os treinamentos ou para as competições
- Identificar, em conjunto com a área de inteligência Competitiva, oportunidades de captura de talentos externos para que estes se incorporem as divisões de base do Flamengo
Futebol Profissional
- Operar o time de futebol do Flamengo, de modo que este atinja um grau de excelência competitivo que o projeto como time de futebol dominante no cenário Brasileiro e regional e como um dos times de elite do futebol mundial
- Operar o time profissional, a administração das equipes técnicas e apoio, logística e demais serviços especializados necessários, seja para os treinamentos ou para as competições
- Identificar oportunidades de captura de jogadores no mercado para que estes se incorporem ao time profissional do Flamengo
- Planejar e implementar ações para preparar atletas em fim do ciclo do futebol profissional para um novo ciclo de carreira na sociedade
Centro de Treinamento
- Prover a manutenção e a operação rotineira do(s) centro(s) de treinamento do Flamengo operacionais conforme as especificações técnicas das áreas de base e profissional;
- Coordenar as modernizações e expansões das estruturas permanentes do(s) centro(s) de treinamento do Flamengo, buscando atingir um patamar de excelência na disponibilização de recursos de treinamento para as divisões de base e Profissional compatíveis com as ambições do Futebol do Flamengo
- Identificar melhores práticas no desenvolvimento e utilização dos recursos dos CTs e disponibilizá-los ao Flamengo, dentro de um plano de investimentos aprovado em conjunto com a área financeira
Inteligência Competitiva e Processos
- Desenvolver, através de métodos de análise e coleta e dados, informações que permitam ao Flamengo desenvolver de forma antecipada e eficaz, decisões estratégicas que permitam identificar talentos potenciais para o Futebol, seja nas categorias de Base ou profissional, de modo que estes possam ser obtidos pelo Flamengo com superior vantagem frente aos clubes competidores, principalmente na relação custo-benefício;
- Desenvolver modelos que permitam avaliar investimentos e desinvestimentos de jogadores, apoiados por rigoroso método de análise;
- Desenvolver métodos de estudo e avaliação que suportem as categorias de base e profissional na análise de padrões de jogo, táticas e talentos individuais de clubes competidores visando melhores resultados nas competições;
- Desenvolver processos e procedimentos padrão, de modo que as atividades do departamento de futebol possam ser executadas de forma incrementalmente mais eficiente e estruturada
*Estas descrições são relatadas ipsis litteris do Organograma do Flamengo, oriundas do site do clube.
Avançando, repito a pergunta: seria Pelaipe capaz de comandar, planejar e executar a todas essas atribuições de seu departamento? Continuo com sérias dúvidas. Precisamos de alguém que tenha competência para tal. Se o Flamengo conseguir 80% do que pede seu organograma, será o time mais forte das Américas, porém precisa escolher as pessoas certas para cada função. Que passe logo essa crise, muito cultivada pela imprensa e movimentada por nós, torcedores. Boa sorte ao Jayme!