Buongiorno, Buteco! Começamos a semana com mais um título: o Flamengo levou ontem para a Gávea a sua vigésima Taça Guanabara, estando agora a duas conquistas de atingir o dobro do segundo colocado em títulos da competição, que é o Vasco da Gama. Zoação e divertimento garantidos. É a parte boa da conquista e de ser Flamengo. Porém, esse ano a Taça GB, que representará a maior parte do Campeonato Estadual, foi bastante esvaziada tanto pelo formato da competição, com jogos no Maracanã dos grandes contra pequenos em horários impraticáveis e a preços salgados, como também pelo número de pequenos. Prejuízo certeiro, que só pode ser minimizado com a conquista do título. Como em uma ópera bufa, o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro faz pouco caso e debocha do prejuízo do gigante de 40 (quarenta) milhões de torcedores no mundo todo. Refém de tal contexto e obrigado a disputar a competição por imposições regulamentares, conquistá-la passa a ser uma obrigação moral, pelo tamanho do clube, cada vez mais agigantado em comparação com os tradicionais rivais, e também como forma de evitar um grande prejuízo financeiro.
O ex-presidente Márcio Braga, em cujos mandatos o Flamengo conquistou a maior parte dos títulos brasileiros, de maior expressão, chegou ao ponto de dizer que os estaduais eram o "ganha-pão" do Flamengo, declaração que atribuo ao quadro de penúria e asfixia financeira, aliviada pelos recursos captados pela venda dos direitos de transmissão à TV e outras fontes de receita de marketing envolvendo a competição, além do retorno em sedução de torcedores com as frequentes conquistas. Mas claro que o Flamengo é bem maior que isso. Sua história o diz. E a atual Diretoria tem tudo para alterar esse quadro de dependência e fragilidade em competições de maior porte, o que, por sinal, já começou a ocorrer.
***
Esclareço ainda que não vejo como um treinador possa cogitar decidir sozinho não disputar o Campeonato Estadual com o máximo de seriedade possível. Uma decisão do tipo relegar a competição a um plano secundário é evidentemente maior e por isso incompatível com as atribuições o cargo de treinador; na verdade, uma questão "presidencial", por envolver questões como tradição esportiva na competição, aceitação dos torcedores e administração financeira do clube. No caso de Jayme, há ainda o singular aspecto de se tratar de um profissional experiente no futebol, porém novo na carreira de treinador, e, portanto, naturalmente dependente de fatores como resultados a curto prazo, o que títulos podem prover com inegável efetividade.
Portanto, considero natural, compreensível e válida a decisão de buscar o título da Taça Guanabara com a maior antecedência possível, inclusive porque permitirá administrar com tranquilidade a utilização do elenco e dos jogadores titulares durante boa parte do restante da fase de grupos da Libertadores. O que pode ser discutido, entretanto, é até que ponto a estratégia adotada pelo treinador para atingir essa meta foi a mais adequada.
***
Ontem vi o Flamengo escalado e jogando em campo de uma maneira totalmente diferente do que o Jayme vem fazendo desde que assumiu o clube ano passado. Os jogadores escolhidos para o meio de campo tinham características excessivamente defensivas e o time deliberadamente optou por cozinhar o jogo, segurar o placar de 1x0 conseguido com pouco tempo de jogo e não correr riscos. Com isso, jogou de forma lenta, enfadonha e muito pouco objetiva. E ao abdicar da velocidade e da objetividade, contrariou duas características e qualidades que Jayme havia introduzido no time desde que assumira a equipe, o que não impediu, no segundo tempo, o Botafogo criar ao menos duas oportunidades que poderiam colocar a perder a estratégia rubro-negra. Parecia até o Joel, com todo o respeito ao experiente ex-treinador do clube.
Jayme fez bem ou mal ao promover essas alterações para ganhar esse jogo e, consequentemente, o título? A resposta não é simples, mas pondero que o Botafogo poderia ter empatado e arrastado a decisão do título para rodadas posteriores. Futebol está longe de ser uma ciência exata e por isso mesmo o resultado positivo, ao meu ver, não garante que a equação possa ser repetida para reproduzi-lo. O certo, para mim, é que a troca de volantes quando o time tinha três e vantagem no placar, com um a mais em campo e a maior parte da defesa adversária advertida com cartão amarelo não será lembrada como um dos melhores momentos do nosso Jayme.
Outro ponto que merece ser destacado é a escalação de Leonardo Moura, de 35 anos. A sua contusão e o desempenho do seu reserva mostram que Jayme possivelmente superestimou a capacidade de resistência do adversário.
***
Falando em prioridades, o Estadual já me preocupou mais em relação à Libertadores. Hoje nem tanto, devido ao bom elenco montado pela Diretoria. Preocupa-me mais o fato de o time titular ainda não haver se encontrado, "não ter dado liga".
Quarta-feira, dia 12, o adversário será o Bolívar, no Maracanã. Jogos em casa contra bolivianos costumam ter desfechos extremos e opostos: goleadas ou vitórias suadas, apertadas e dramáticas. Tudo depende do quão cedo o primeiro gol sai.
A vitória é fundamental para que a sequência de dois jogos fora seja enfrentada com tranquilidade.
Gostaria de saber qual é o time que @ amig@ do Buteco escalaria e se tem fé que, dentro desse elenco, encontraremos uma formação tão forte e efetiva como a do ano passado.
Bom dia e SRN a tod@s.