Irmãos
flamengos,
naturalmente,
estamos todos decepcionados com o resultado de quarta-feira. Jogando em casa,
com apoio intenso da torcida, e enfrentando aquele que, em tese, é o adversário
mais fraco do grupo, a expectativa por uma boa atuação e pela vitória era muito
grande. Não obtivemos, porém, os três pontos e o rendimento do time foi abaixo
do esperado.
Contudo,
algumas conclusões positivas podem ser extraídas da partida:
Em
primeiro lugar, a atuação soberba do Cáceres. O paraguaio foi a encarnação em
campo da legendária raça rubro-negra. Jogou com brio, fibra, gana e brigou
bastante, às vezes sozinho contra dois ou três adversários.
Seu
companheiro de meio de campo, Muralha, por ser oriundo da nossa base, era quem
deveria dar o exemplo, se portando de acordo com a tradição flamenga de muito
espírito de luta e denodo em busca da vitória.
Mas,
nesse quesito, o Cáceres reinou solitariamente, pois, além do Muralha, Elano,
o outro meio-campista, também ficou muito aquém da vontade mostrada pelo paraguaio.
Paraguai,
aliás, que tem profícua relação com o Clube de Regatas do Flamengo.
Modesto
Bria, jovem promessa guarani, veio para o Flamengo na década de 1940, com apenas
dezoito anos, e se sagrou Tricampeão Carioca (1942/43/44), além de ter sido
técnico das divisões de base e, eventualmente, do time profissional. O Bria,
como era chamado, chegou, inclusive, a ser treinador do Zico, tanto na base
como no profissional. Era tão apaixonado pelo Flamengo que chorava copiosamente
após vitórias e derrotas. Trabalhou a vida inteira no Flamengo.
Outro
paraguaio de muito sucesso no Mengo foi Manuel Fleitas Solich, técnico que assumiu
um desacreditado Flamengo e o conduziu ao Tricampeonato de 1953/54/55. Nessa
equipe tricampeã, também figuravam com destaque o goleiro Sinforiano García e o
atacante Jorge Duilio Benítez Candía, ou simplesmente, Benítez, grande goleador.
Ambos paraguaios.
O
Cáceres está longe de ter a história dos acima mencionados, mas, repita-se, tem
apresentado uma característica similar a de seus conterrâneos: a raça.
Houve
um momento no jogo de quarta-feira em que, da arquibancada do Maracanã, parecia
que o Cáceres se multiplicava pelo campo, brigando na frente, recompondo o setor
defensivo, dando carrinhos, dividindo e se impondo no meio de campo.
Trata-se
de um jogador de estilo lento, mas que, recuperado da lesão no quadril que o
deixou fora dos gramados praticamente todo o ano passado, mostrou grande poder
de recuperação e entusiasmo em vestir o Manto Sagrado.
Vale
lembrar, ainda, que por ocasião de sua chegada ao clube, o Cáceres afirmou que
a sua posição de origem não é a de volante, mas a de segundo homem do meio.
Infelizmente,
no momento em que seu futebol crescia exponencialmente, ganhando com justiça a
simpatia da Nação Rubro-Negra, sempre inclinada a devotar seu coração àqueles
que demonstram vontade e que se esforçam pelas cores vermelha e preta, o
paraguaio se lesionou novamente e ficará, ao que parece, seis semanas fora da
equipe.
E mesmo com o time empatando o jogo, saiu de campo aplaudido pela massa.
E mesmo com o time empatando o jogo, saiu de campo aplaudido pela massa.
Perda irreparável, sem dúvida. Que consiga se recuperar o quanto antes e
que retorne com a mesma postura.
E
que sua atuação sirva de exemplo aos demais atletas.
...
Além
do Cáceres, quem teve comportamento exemplar no jogo de quarta-feira foi a
torcida do Flamengo.
Jogou
com o time o tempo inteiro. Evitou vaiar atletas como Léo e João Paulo, que,
claramente, sentiram a pressão de jogar num Maracanã com mais de quarenta mil
flamengos.
A
torcida merecia melhor sorte e a vitória faria justiça ao povo que, numa
quarta-feira, às dez da noite, após um dia de trabalho, fez valer seu amor pelo
Flamengo.
A
virada do time, conquistada, verdade seja dita, aos trancos e barrancos, foi,
certamente, fruto desse calor incansável que a Magnética transmite aos
jogadores.
Nesse contexto, o empate sofrido pela equipe não correspondeu ao papel desempenhado pela torcida.
Nesse contexto, o empate sofrido pela equipe não correspondeu ao papel desempenhado pela torcida.
A
torcida do Flamengo realmente faz a diferença.
...
Agora,
a situação do clube na Taça Libertadores ficou dramática.
Subiremos
a ladeira no próximo jogo e precisaremos vencer no coração dos Andes.
Tarefa
hercúlea e dificílima, dado o grau de problemas físicos ocasionados pela
altitude. Afora a inconsistência de um time que, passados quase dois meses do
início da temporada, ainda não teve uma atuação verdadeiramente convincente.
Mas
para o Flamengo tudo sempre é sofrido, e nossas vitórias e títulos são
alcançados mediante muita luta e esforço. Mesmo nos tempos de Zico e cia., nossas
conquistas dependiam de bastante suor e emoção.
Não
será diferente agora.
Embora
estejamos chateados com o mau resultado de quarta-feira passada, não devemos
esmorecer ou abaixar a cabeça.
Muito
pelo contrário, o momento é de vestir o Manto Sagrado com orgulho e paixão. Até porque teremos o apoio da Fla-Sucre.
Vamos
vencer em La Paz!
...
Abraços, Saudações Rubro-Negras e bom
fim de semana a todos.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.