segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sobre Esquemas Táticos, Elenco e Jogadores

Buongiorno, Buteco! Estava assistindo, sonolento e desinteressado, ao passeio que os reservas do Botafogo davam no lento e previsível Fluminense, aquele mesmo Fluminense que atropelou o time titular do Flamengo outro o dia mesmo, e, além de me ocorrer o quanto o futebol e os clássicos, especialmente, podem ser imprevisíveis, prestei um pouco mais de atenção nos reservas do Botafogo e constatei um time veloz, compacto e bem distribuído em campo, apesar de não mostrar qualquer brilho individual que merecesse algum destaque. Então perguntei-me se o resultado poderia ser taxado de imprevisível para um observador mais atento e que acompanhasse de perto o dia-a-dia dos dois elencos. Lembrei-me imediatamente do time do Flamengo de 2013, especialmente da esfuziante velocidade com que contra-atacava e pressionava os adversários. Vejam, a questão não é o time reserva do Botafogo, mas a fragilidade e pouca competitividade que um time lento e sem objetividade normalmente apresenta no futebol atual. Quando o desnível técnico não é abissal, um time menos técnico, porém com fôlego e aplicado taticamente tende a superar com alguma margem de folga um adversário com características opostas. E quando a técnica é agregada à aplicação tática e à velocidade, temos o que há de mais moderno e competitivo no futebol mundial.

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Detesto números para definir esquemas de jogo pelo simples fato de que as funções defensivas e táticas normalmente variam durante as partidas, conforme o posicionamento e a escalação do adversário, inclusive substituições, além de circunstâncias como necessidade de construir o placar, contusões, etc. A definição a partir de números é estática, enquanto o jogo de futebol é dinâmico e está em constante processo de transformação. Acima de tudo isso, porém, estão as características dos jogadores. No futebol de hoje, por exemplo, os esquemas táticos mais populares são montados com meias ou atacantes abertos nas pontas. Mais importante do que saber em qual definição numérica o esquema se encaixa é a certeza de que o meia ou o atacante executarão com eficiência tanto as funções ofensivas quanto as defensivas. Há atacantes que não voltam para marcar e meias que marcam, e vice-versa. Há atacantes que não finalizam bem e meias que são artilheiros. Tudo depende do jogador (mas por favor, @s amig@s do Buteco estejam a vontade para utilizarem as definições por números; eu apenas delas não me valho).

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Tenho defendido e continuarei a defender que o Flamengo se desapegue de 2013 e, assimilando as ausências de Elias e Luiz Antônio, monte outros time, esquema tático e estratégia de jogo de acordo com as características dos jogadores que hoje dispõe no elenco, e claro que, sempre, levando em conta o adversário. Mas confesso que ainda não entendi aonde o Jayme quer chegar com a formação que até aqui parece ter escolhido como sendo a titular. Eis os problemas que enxergo no momento:

a ) o time tem um centroavante que sabidamente não tem por característica tabelar e jogar fora da área, mas sim concluir a gol no chamado "último toque"; b) esse centroavante tem atuado isolado na frente e o novo meio de campo, mais de toque de bola e lançador, não tem quem lançar na frente; c) o time perdeu velocidade e aumentou o toque de bola, que porém tem sido na maior parte do tempo improdutivo, problema que provavelmente tem relação de causa/consequência com o anterior; d) há menos jogadores comprometidos com as atividades defensivas do que ano passado e, por isso, as laterais, compostas por jogadores extremamente técnicos, porém fisicamente limitados, estão mais desprotegidas; e) alguns jogadores não rendem como no ano passado - Amaral, Paulinho e o próprio Hernane, que provavelmente é vítima da incompatibilidade entre suas características e a de um esquema com toque de bola lento e cadenciado.

Vejo em Mugni um jovem jogador que ainda pode render muito, mas é normal que sinta dificuldade inicialmente para se adaptar ao nosso futebol e mesmo a um time desentrosado, com esquema tático e escalação indefinidos ou, no mínimo, ainda não consolidados. E mais: o pouco que Mugni exibiu até aqui, na minha opinião, resumiu-se a bons passes verticais e sempre com jogadores mais incisivos e velozes ao seu lado, o que não existe na formação titular de Jayme. Parece ser um jogador que corre menos, mas faz a bola correr. Ao seu lado, na direita, tem o veterano Elano, com função tática e características parecidas, além de ser importante na bola parada, e, à esquerda, o "motor" Éverton, o qual executa múltiplas funções táticas, inclusive a de se preocupar com André Santos, e que, portanto, está longe de ser um atacante.

Então, com todo o respeito, Jayme, ainda não entendi. Não vejo "liga" nesse time e parece que estamos saindo do estilo coelho para uma tartaruga que gira em círculos. Espero que você esteja vendo algo que não consigo enxergar e que os resultados venham a me contradizer.

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O elenco do Flamengo é bom? Um dos melhores do Brasil na teoria, por certo; contudo, na real, acho que o elenco do Flamengo tem é enorme potencial, mas muitos problemas atualmente. Se todos conseguirem atingir o mesmo nível de competitividade, e alto, poderá ser o que todos esperamos dele. Mas por enquanto não é; muitos ainda não rendem o que já renderam ou podem render, conforme o caso. Nada a ver com esquema tático ou escalação e sim com o que os jogadores estão rendendo. Por isso o considero um "pode vir a ser" ou um "potencialmente bom elenco".

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Falta "punch", agressividade, velocidade e aplicação tática (especialmente na parte defensiva) a esse time. Estou de olho no Amaral e acho que não há motivos para o Gabriel estar no banco.

Independentemente da escalação, que todos os corações rubro-negros e flamengos do mundo estejam quarta-feira no Maracanã; mas gostaria imensamente de saber d@ amig@ do Buteco qual o time que desejaria de ver em campo contra o Emelec.

Bom dia e SRN a tod@s.