segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ponderação, Fome e (Um pouco de) Ira

Buongiorno, Buteco! 0x3 pro time das flores, do tapetão, da virada de mesa, rebaixado, em plena semana de preparação para a Libertadores, com o time titular, depois de estar liderando a Taça Guanabara, sendo que o vexame poderia ter sido maior. Uma partida na qual o time simplesmente parou de jogar após a parada técnica primeiro tempo (portanto, aos 20 minutos de jogo) e depois passou a perder as divididas e se intimidar em campo. Uma partida na qual até o Jayme resolveu dar uma de Professor Pardal e escalar o sem ritmo Éverton torto o pela meia direita. Então tá. As duas primeiras palavras do título do post sugerem a postura que devemos ter diante da primeira derrota no ano; a ilustração o sentimento de torcedor pela atuação do time. É mais ou menos como me sinto: tentarei ser justo e não me deixar levar pelas emoções na análise, mas não garanto nada...

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E a fome? O que tem a ver com isso tudo? Tudo, na minha opinião. Vejo o sucesso do time no ano passado como uma consequência da "fome" dos jogadores: necessidade de conquistar (em alguns casos, reconquistar) um lugar no mercado futebolístico, tentar uma vaga na seleção, dar a volta por cima após a humilhação impingida pelo ex-treinador Mano Menezes... Motivos não faltam. Acho que é inegável que o time não pode ser qualificado como um dos mais técnicos que o Flamengo já teve e nem tampouco como um dos mais sofisticados taticamente. Era, sim, um dos que teve mais "fome". Um dos mais básicos (como esse, para mim, irresistível prato de arroz com feijão) e aplicados da história. Por isso conquistou a Copa do Brasil.

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Os problemas defensivos do Flamengo não são novidade pra quem frequenta o Buteco: essa é a grande vantagem desse espaço. Muitas vezes a coluna de segunda-feira se escreve sozinha, nos comentários ao longo da semana. Minha tarefa é muito fácil. Os gols que o time vinha tomando dos "pequenos" eram um alerta paro qual  vários amigos já vinham chamando a atenção por aqui. O que aconteceria em um clássico ou mesmo na estreia da Libertadores, portanto, era a dúvida que alguns menos empolgados já tinham. Os motivos mais apontados (não exclusivos) são a falta de pegada no meio do campo e a zaga. Trocando em miúdos ou dando nome aos bois: a falta de pegada de Muralha no meio e a entrada de Erazo na zaga.

Algumas ponderações, porém, precisam ser feitas. Começo por lembrar que o sistema defensivo não funciona apenas com a atuação dos "defensores" propriamente chamados. Especialmente no chamado "futebol moderno", o normal, o comum é que os dez jogadores da linha marquem, ainda que por setor. Ou seja: o adversário não pode trabalhar a bola confortavelmente. No Flamengo do ano passado, campeão da Copa do Brasil, o único jogador que talvez deixasse a desejar nesse quesito fosse o Carlos Eduardo, por suas limitações físicas já conhecidas por todos nós. O que temos nesse ano de diferente? A saída de dois titulares no meio (Elias e Luiz Antonio) e a entrada de dois jogadores que marcam menos (Muralha e Elano). Como se não bastasse, um pouco mais à frente o antes aplicadíssimo Paulinho parece um espectro em campo, sendo justo perguntar se hoje por acaso lhe falta fome esse ano. E temos a zaga, onde Erazo nitidamente não está com ritmo de jogo para o futebol profissional brasileiro da Série A.

Não há sistema defensivo que resista a essa conjunção de fatores e ainda por cima de uma só vez, combinados como se numa conspiração. E como se não bastasse, a falta de movimentação mais à frente de Elano, Carlos Eduardo e Paulinho, na maioria dos jogos, e também de Éverton, torto e sem ritmo, no sábado, fizeram com que Amaral e Muralha não guardassem posição e se lançassem mais do que deviam à frente, desguarnecendo a defesa. Os gols sofridos, tanto dos pequenos, como no clássico, não foram obra do acaso.

Mas ainda gostaria de tecer algumas outras considerações a respeito de cada um desses jogadores, sempre no intuito de ser o mais justo possível. Claro que conto com o prestimoso auxílio d@s amig@s para me corrigirem quando por acaso me exceder.

Erazo - gostaria de dar o exemplo do horroroso início do Wallace para ponderar que não podemos fazer juízos definitivos. O problema ocorrerá se o Jayme cogitar de utilizá-lo a curto prazo. Na verdade, ele não poderia sequer embarcar para o México. Hoje, é o nosso sétimo zagueiro, atrás do Wallace, do Samir, do Chicão, do González, do Welinton e do Frauches. O tempo pode inverter completamente essa equação; Jayme só não pode querer colocar a carroça à frente dos bois.

Aliás: Erazo jogou apenas duas partidas. Tudo bem que em nenhuma delas o time tomou menos do que dois gols. Só que, com a (boa) zaga titular, o time também tomou dois gols, do "poderoso" Duque de Caxias, o que prova que o problema é do sistema defensivo e não apenas da zaga.

Muralha - todos vocês que estão criticando o Muralha e me dão a enorme satisfação de ler essa coluna, por gentileza, parem um pouco, respirem fundo e recordem-se de que o cara era, até 2012, um reserva não muito utilizado até ser emprestado para a Portuguesa de Desportos, onde pouco jogou, até que, em 2014, virou titular do Flamengo (por conta das saídas abruptas de Elias e Luiz Antonio). Já disse aqui que o início do Muralha parece bastante com o do Luiz Antonio. Acho ate que a grande maioria vai concordar. Mas sabem qual é a diferença? O Luiz Antonio não teve essa responsabilidade. Entrou, fracassou, foi bem outras vezes, até que conseguiu ter a regularidade necessária, ganhou a posição, passou merecidamente a ser titular e fez uma ótima reta final da Copa do Brasil, sendo destaque na finalíssima. Então, era pro Muralha ser titular hoje? Há algum sentido nisso? Acho que não, né?

Muralha não tem culpa de hoje ser o único segundo volante do elenco; ao menos o segundo volante com um mínimo de técnica. Precisamos ser justos para reconhecermos que, se a Diretoria mandou muito bem na montagem do elenco, perdeu o "timing" na espera por Elias sem buscar solução alternativa. A Libertadores vai começar e nem sabemos se o Canteros virá. Canteros que, diga-se de passagem, é humano e terá (teria) que passar por um período de adaptação, entrosamento, etc. Tudo isso com a competição rolando...

Dito isso, sim, acho que Muralha tem que sair do time. Pelo seu bem e pelo bem do time. Precisa aprimorar a marcação, ainda é instável. Mas não acho que seja culpa dele o que está acontecendo e penso que pode evoluir, assim como Luiz Antonio no ano passado. E digo mais: foi um dos que mostrou mais brio e abatimento no sábado ao sair de campo.

Elano - serei curto e grosso. Muito tempo como reserva no Grêmio e não é garoto. Ok. Mas o Renato Abreu (sim, ELE, senhoras e senhores) tinha menos categoria, porém era mais eficiente nas faltas, tinha mais sangue nas veias e marcava mais gols. Ah, e não tinha cara de pastel de queijo. Deu pra entender?

Paulinho - Paulinho, VTNC. Nada mais. Ponto.

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Será que o planejamento foi correto? Escalar o time titular em um clássico que pouco valia às vésperas uma exaustiva viagem? Agora já era e, de concreto, resta-nos a escalação para quarta-feira. Um dilema. Eu tentaria o time mais copeiro e aplicado possível. O ideal não seria precipitar a entrada do Mugni no time, mas vejo que não tem jeito. Eu iria de Felipe, Leo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Amaral e Cáceres; Elano (Gabriel), Mugni e Paulinho (Gabriel); Hernane. Mandaria Elano ou Paulinho para o banco. Acho que o Éverton ainda está sem ritmo de jogo.

Gostaria de ouvir as opiniões d@s amig@s do Buteco.

Bom dia e SRN a tod@s.