Irmãos flamengos,
quem se dispusesse a comparar os
comentários desta semana com os da semana passada ficaria perplexo com a
capacidade do Flamengo em levar sua torcida aos mais altos momentos de alegria
e otimismo para, logo depois, conduzir-nos todos à dura realidade das
oscilações de uma equipe ainda em busca de sua melhor formação.
De minha parte, me absterei de analisar
componentes táticos ou relacionados à escalação do time, pois a cada jogo,
aquilo que era certeza para mim, torna-se dúvida. Então, na qualidade de comandante do Flamengo, e contando, aliás, com toda a minha confiança, deixo ao Jaime de Almeida a tarefa de escolher o
melhor esquema e escalar os melhores jogadores.
O que ele determinar, terá meu apoio.
...
Sobre o clássico de amanhã, se me
coubesse a decisão, escalaria um time reserva, do goleiro ao ponta esquerda.
Se a Taça Libertadores da América
realmente é a nossa prioridade, creio que o melhor para o Flamengo seja poupar
o time titular, que vem de uma viagem longa e desgastante, e de uma partida
muito cansativa, de forte intensidade, em que a equipe atuou a maior parte do
tempo com um jogador a menos.
Podem objetar que “os atletas são profissionais,
pagos para jogar.” Verdade. Contudo, se pensarmos num planejamento voltado para
o jogo contra o Emelec, no próximo dia 26, no Maracanã, o ideal seria manter o
time titular em preparação exclusiva para a partida, que será nossa estreia em
casa, diante de nossa torcida.
Assim, eu deixaria o time titular
treinando até quarta-feira, dia 19, ocasião em que o colocaria em campo pelo
Campeonato Carioca, a fim de não perder o ritmo de jogo. Após, retomaria os
treinamentos visando o desafio do dia 26, o qual pode ser encarado como uma
decisão, porquanto a vitória em casa nos é imprescindível.
Ademais, o jogo contra o Vasco
assemelha-se ao do Fluminense: se vencermos com o time titular, não faremos
mais que a obrigação, pelo fato do adversário estar na Segunda Divisão do
Campeonato Brasileiro; por ouro lado, se não ganharmos, além da crise bater às
nossas portas, daremos munição e moral para time rebaixado, que possivelmente
terá no jogo de domingo a sua única oportunidade de nos enfrentar no ano.
Afora os benefícios físicos, técnicos,
táticos e psicológicos advindos da preparação exclusiva para o jogo do dia 26,
se escalarmos o time reserva diante do Vasco a lógica acima se inverte: se
vencermos, o Flamengo se encherá de moral, pois sobrepujaremos um rival
tradicional com nosso segundo esquadrão; se não ganharmos, o dano será
minorado, afinal, jogamos com...o time reserva.
Me parece, portanto, que ao Flamengo não
basta dizer que prioriza a disputa da Libertadores. É fundamental traduzir essa
afirmação em atos.
A ideia de prioridade não pode conviver
com exceções justificadas tão-somente em razão de ser o adversário um
tradicional rival da cidade, ou com base na assertiva de que o time precisa de
moral. A moral de que carecemos, na minha opinião, é vencer o Emelec dia 26 no
Maracanã.
Até porque o Flamengo fez uma boa
campanha inicial no Campeonato Carioca, possuindo alta pontuação, e, em caso de
um resultado não favorável domingo, teremos tempo suficiente para recuperar-nos.
Eu, como todo flamengo, quero que o
Mengão conquiste tudo, inclusive o Campeonato Carioca. Mas, se a priorização da
Libertadores é um desejo sincero do clube, aqui entendido em acepção ampla,
incluindo-se diretoria, jogadores, comissão técnica, e, claro, torcida, alguns
sacrifícios deverão ser feitos.
Estamos ainda no início da temporada, e
a partida do dia 26 já se apresenta como “o jogo do ano”. Temos de vencer. Não há
meio termo. E será indispensável o apoio maciço da Nação Rubro-Negra.
Ademais, já disseram alhures que o time
reserva do Flamengo tem a fibra necessária para vencer domingo, afinal, nós
vestimos o Manto Sagrado.
Que assim seja.
...
E que bela homenagem a Alemanha prestou
ao Clube de Regatas do Flamengo. Alemanha que, juntamente com Brasil, Itália e
Argentina, integra o restritíssimo grupo das quatro maiores seleções de futebol
do planeta.
E parece que a moda está pegando, pois o
México também já anunciou que vestirá vermelho e preto na Copa.
Os arco-íris, raivosos, irados de inveja
e despeito, mal conseguem esconder seu recalque diante de um ato que, uma vez
mais, comprova a grandeza imensurável do Mengo, O Mais Amado.
Para a Alemanha, a homenagem representa
uma tremenda jogada, pois angariará, no mínimo, a simpatia e a torcida de
quarenta milhões de flamengos.
E que não me acusem de falta de
patriotismo. Sou brasileiro e torcerei para nossa seleção. Todavia, a Alemanha,
ao vestir uniforme declaradamente inspirado na sagrada camisa rubro-negra, tornará
inevitável o recebimento, com fartura, do meu apreço.
Quando, às vésperas da Copa de 1950, a
seleção brasileira enfrentou em amistoso o time reserva do Flamengo, alguns
jornalistas criticaram os mais de dois mil operários que comemoraram
efusivamente o gol marcado pelo Mengão no selecionado nacional.
A defesa dos humildes flamengos foi,
porém, fulminante. Não me recordo se feita por Nelson Rodrigues ou Mário Filho,
ou ambos, que afirmaram que o erro não era dos operários, antes de tudo
apaixonados pelo Flamengo, seu clube do coração, mas sim daqueles que botaram a
seleção brasileira justamente para enfrentar o Flamengo. Sábias palavras.
E não se trata tampouco de subserviência
cultural. Já imaginaram uma Copa do Mundo na Espanha e a seleção brasileira
adotando um uniforme branco em homenagem ao Real Madrid? Ou azul e grená em
homenagem ao Barcelona? Ou se a Copa fosse na Itália e o uniforme brasileiro estivesse
tingido de vermelho e preto, em honra ao Milan, ou apenas vermelho, em honra à
Roma? Ou se fosse na Alemanha e o uniforme da seleção tivesse por inspiração a
camisa do Bayern de Munique? Ou se fosse na Inglaterra, e o vermelho fosse
escolhido por causa do Liverpool ou do Manchester United? Tenho certeza de que
os torcedores dos respectivos clubes ficariam enormemente honrados com a
homenagem, dada a grandeza do homenageante e do homenageado.
Portanto, como flamengo, sinto-me muito
honrado com a homenagem feita, com pompa, pela seleção da Alemanha ao Clube de
Regatas do Flamengo.
...
P.S.: menção honrosa à estupenda atuação do
basquete rubro-negro, que assinalou 79 pontos em apenas 20 minutos,
conquistando uma grande vitória sobre o Capitanes, de Arecibo, por 123 x 90, na
estreia do time Campeão do NBB na Liga das Américas. Avante Mengão!
Abraços, Saudações Rubro-Negras e bom
fim de semana a todos.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.