quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Recomeço com equilíbrio
Faz bem aos olhos flamengos ver o empenho dos dirigentes para manterem o clube equilibrado sobre a tênue linha imaginária que separa a incipiente estabilidade financeira alcançada em 2013 e o caos que lentamente vai ficando para trás, sem deixar saudades, embora os coveiros de sempre continuem de plantão, na tocaia depois da curva dos inevitáveis erros de uma gestão complexa de um clube que se encontrava profundamente inadimplente no mercado há apenas alguns meses;
A velha bravata "compra que a torcida paga" perdeu o prazo de validade tendo em vista os estratosféricos custos do futebol, dos salários dos executivos remunerados aos dos jogadores que formam um mediano elenco para, no mínimo, honrar o manto sagrado e consagrado durante a temporada que lentamente se inicia. Não que a torcida tenha se tornado irrelevante nesse jogo milionário, muito pelo contrário, ela ainda desempenha um papel importante e indispensável na vida do clube, porém, sua colaboração não é mais garantidora da sustentação de um elenco de craques, daqueles que fazem a diferença dentro de campo, pois os salários decolaram na vertical como o velho avião de caça inglês Harrier, subiram várias camadas da atmosfera administrativa, quase se tornando satélites em órbita na terra, formando uma bolha que, desconfio, uma dia vai estourar onde não se organizarem, e os exemplos são muitos como sabemos;
Daí, é preciso olho de águia para separar o joio do trigo nas ofertas diárias que chegam ao clube para acertar num Elias, cravar aposta de pouco valor em um novo Paulinho e muito critério recheado de paciência para promover os garotos da base a fim de descobrir uma revelação como o jovem Samir;
Dinheiro curto é como bala de prata, que não deixa margens para equívocos como o cometido na contratação do Carlos Eduardo, que muitos queriam no início de 2013, mas quem atirou e errou o tiro foi o Flamengo, não acertando nem a tabela que sustentava o alvo;
Mas Walacce e Paulinho foram apostas bem feitas, geraram retorno e garantiram o superavit da aplicação realizada no diretor de futebol Paulo Pelaipe, contestado em boa parte do ano, mas que no balanço final apareceu com letras verdes no documento, pois justificou que valeu mais do que custou;
Muitos argumentam que o tri-campeonato da Copa do Brasil veio por acaso. Estou fora dessa já que considero a conquista do título inesperada, o que é bem diferente, se levarmos em conta uma série de fatores que foram bem conduzidos até a consagração final no templo do futebol, entre eles, o imprescindível pagamento da folha salarial em dia, condição essencial para o sucesso de uma equipe de futebol e o "fechamento" dos campeões com seu treinador e com o diretor imediato, o que ficou demonstrado na homenagem que fizeram a este ao final da partida decisiva da Copa do Brasil, quando o carregaram nos ombros em pleno gramado do Maracanã. "A maior emoção que tive na vida", confessou o gaúcho numa entrevista durante as férias;
Que o ambiente continue assim para que o time possa superar possíveis barreiras técnicas com disciplina, garra e dedicação, tendo-se a certeza que este ano de 2014 Jayme de Almeida não disporá de um elenco galático mas, sem dúvidas, disputar a Libertadores tirou tanto a diretoria quanto a torcida rubro-negra da zona de conforto neste início de temporada, empurrando-os para o caminho que leva a um up-grade do time campeão.
SRN!