sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

E se fosse assim?


Gostaria de resgatar uma vez mais – prometo ser a última – o assunto sobre o formato de disputa dos estaduais, desenvolvendo um pouco o que foi discutido na semana passada. A idéia seria pensar um formato para o estadual do Rio de Janeiro que tentasse conciliar os interesses dos principais envolvidos na competição.

Antes de apresentar uma idéia para o estadual, é importante considerar que existem interesses muito distintos envolvidos não apenas na manutenção dessas competições, consideradas sem importância por muitos times grandes, mas fundamentais para a manutenção das estruturas de poder que mantém as federações quase como feudos.

Para os clubes grandes, o ideal seria termos um torneio curto, que funcionasse como complemento da pré-temporada. Seria importante ter jogos somente aos fins de semana e evitar gramados ruins, onde jogadores de custo altíssimo possam vir a se machucar. Um atrativo seria maximizar os confrontos entre os grandes, incentivando a rivalidade local e atraindo público, TV e patrocinadores.

Para os pequenos, interessa a possibilidade de ganhar algum dinheiro que mantenha o clube ao longo do resto do ano. Um jogo contra um grande que atraia o público, como por exemplo a estréia de Ronaldinho pelo Flamengo em 2011 contra o Nova Iguaçu, costuma ser suficiente para bancar os custos de um time pequeno por 4 a 6 meses. Outra possibilidade é conseguir que seus jogadores apareçam bem nos jogos televisionados e sejam negociados.

A Federação usa os estaduais inchados como forma de “ajudar” os clubes pequenos em troca de apoio político. Com isso, mantém inalterada a imensa estrutura burocrática que mantém comissões de arbitragens, tribunais desportivos e diversos mecanismos que, ano após ano, continuam sem evoluir.

Para a TV, interessa ter futebol para preencher sua grade de programação durante a maior parte do ano, às quartas e domingos, garantindo audiência em horários que seriam quase mortos. E para os patrocinadores, é uma simples questão de exposição de marca, em um produto que tem, ainda, boa audiência.

A proposta do campeonato parte de uma reorganização das cotas de TV repassadas aos times, aumentando significativamente os repasses aos clubes menores e diminuindo o dos grandes. Para compensar, aumentar-se-ia o valor das premiações para os que se classificassem para as finais dos turnos e a decisão do campeonato. A proposta seria dividir a cota da TV em três partes. 40% seriam divididos de maneira igual a todos os clubes participantes. 30% seriam destinados as premiações e 30% seriam divididos de maneira igual entre os grandes e os quatro classificados da fase eliminatória.

Esta primeira fase teria 6 grupos com 5 clubes, divididos em regiões geográficas, Norte, Sul, Serrana, Lagos, Baixada e Capital. Os clubes jogariam um turno único classificando-se o primeiro de cada chave e os dois melhores segundos colocados. Para minimizar os custos do torneio, teríamos sempre rodadas duplas, uma na sede de cada time, com eventos paralelos para atrair o público. A idéia é que esses eventos sejam festas locais, shows com grandes artistas, micaretas, etc, com venda casada dos ingressos e promoção das partidas. A divisão regional reduziria os custos com viagens e incentivaria as rivalidades locais, incentivando os moradores a torcer pelos times de suas cidades.

Os oito clubes classificados disputariam um mata-mata em jogos de ida e volta para definir os quatro que avançariam para a fase final.

A fase final seria disputada pelos quatro clubes ranqueados nas séries A e B nacionais somados aos quatro classificados na fase eliminatória. Os times seriam divididos em duas chaves sorteadas e jogariam um primeiro turno contra os adversários do mesmo grupo. Os campeões de cada grupo decidiriam em jogo único a Taça Guanabara. Para o segundo turno, a Taça Rio, seria feito o cruzamento dos grupos, com o campeão sendo decidido novamente entre os campeões dos grupos. Aqui, uma proposta para equilibrar mais o torneio seria de que os pequenos sempre fossem mandantes quando enfrentassem os grandes, aumentando as chances de terem uma boa renda e expor seus patrocinadores. A decisão do campeonato seria em dois jogos, entre os campeões dos turnos, sem vantagem por melhor campanha. Se algum time vencer os dois turnos, é campeão direto.

Por ser um torneio curto, o campeonato fica mais simples e emocionante, com cada jogo tendo sua importância aumentada. Os grandes clubes teriam uma semana de intervalo entre cada jogo, podendo se dedicar a preparação física e ir ganhando ritmo ao longo do campeonato, sem maratona de jogos.

Para os pequenos, o forte programa de redução de custos na fase preliminar compensaria a falta de exposição dos times na TV. Aqueles que chegarem a fase final, ganham a chance de receber os grandes em casa, expondo patrocínio e ficando com a renda destes confrontos.

Para a federação, a vantagem fica no aumento da sua importância no crescimento econômico dos clubes pequenos, estando mais presente e divulgando sua marca e de seus patrocinadores. Além disso, um programa de investimentos nas diferentes sedes das partidas de cada divisão geográfica, pode trazer mais investimentos para o futebol carioca e, consequentemente, aumento das cotas de patrocínio e televisão. Estes se associariam a um torneio curto e com mais jogos decisivos, atraindo mais público e audiência.

Sobre os primeiros jogos do ano

Sobre o jogo de quarta-feira, não vejo muito a comentar. Apesar das duas vitórias, o time que foi a campo me passou a impressão que faltam sobretudo técnica e entrosamento àqueles jogadores. Ainda assim, nota-se o bom trabalho do Jayme, especialmente no posicionamento defensivo que ficou mais organizado no início dos dois tempos. Penso que o melhor momento do time foi no início do segundo tempo contra o Audax, em que houve mais organização na defesa e uma boa transição no contra-ataque.

Confesso que estou bastante curioso para ver como vai se apresentar o time com os principais jogadores nesse fim de semana. Será que o time ainda manterá o padrão de jogo do último ano? Que novidades teremos no posicionamento e na distribuição do jogo com os novos reforços? E será que vai continuar a fantástica média de gols do Brocador? Amanhã à noite começaremos a descobrir!

abraços a todos e SRN!