Gostaria de resgatar uma
vez mais – prometo ser a última – o assunto sobre o formato de disputa dos
estaduais, desenvolvendo um pouco o que foi discutido na semana passada. A
idéia seria pensar um formato para o estadual do Rio de Janeiro que tentasse
conciliar os interesses dos principais envolvidos na competição.
Antes de apresentar uma
idéia para o estadual, é importante considerar que existem interesses muito
distintos envolvidos não apenas na manutenção dessas competições, consideradas sem
importância por muitos times grandes, mas fundamentais para a manutenção das
estruturas de poder que mantém as federações quase como feudos.
Para os clubes grandes, o
ideal seria termos um torneio curto, que funcionasse como complemento da pré-temporada.
Seria importante ter jogos somente aos fins de semana e evitar gramados ruins,
onde jogadores de custo altíssimo possam vir a se machucar. Um atrativo seria
maximizar os confrontos entre os grandes, incentivando a rivalidade local e
atraindo público, TV e patrocinadores.
Para os pequenos, interessa
a possibilidade de ganhar algum dinheiro que mantenha o clube ao longo do resto
do ano. Um jogo contra um grande que atraia o público, como por exemplo a
estréia de Ronaldinho pelo Flamengo em 2011 contra o Nova Iguaçu, costuma ser
suficiente para bancar os custos de um time pequeno por 4 a 6 meses. Outra
possibilidade é conseguir que seus jogadores apareçam bem nos jogos
televisionados e sejam negociados.
A Federação usa os
estaduais inchados como forma de “ajudar” os clubes pequenos em troca de apoio
político. Com isso, mantém inalterada a imensa estrutura burocrática que mantém
comissões de arbitragens, tribunais desportivos e diversos mecanismos que, ano
após ano, continuam sem evoluir.
Para a TV, interessa ter
futebol para preencher sua grade de programação durante a maior parte do ano,
às quartas e domingos, garantindo audiência em horários que seriam quase
mortos. E para os patrocinadores, é uma simples questão de exposição de marca,
em um produto que tem, ainda, boa audiência.
A proposta do campeonato
parte de uma reorganização das cotas de TV repassadas aos times, aumentando
significativamente os repasses aos clubes menores e diminuindo o dos grandes.
Para compensar, aumentar-se-ia o valor das premiações para os que se
classificassem para as finais dos turnos e a decisão do campeonato. A proposta
seria dividir a cota da TV em três partes. 40% seriam divididos de maneira
igual a todos os clubes participantes. 30% seriam destinados as premiações e 30%
seriam divididos de maneira igual entre os grandes e os quatro classificados da
fase eliminatória.
Esta primeira fase teria 6
grupos com 5 clubes, divididos em regiões geográficas, Norte, Sul, Serrana,
Lagos, Baixada e Capital. Os clubes jogariam um turno único classificando-se o
primeiro de cada chave e os dois melhores segundos colocados. Para minimizar os
custos do torneio, teríamos sempre rodadas duplas, uma na sede de cada time,
com eventos paralelos para atrair o público. A idéia é que esses eventos sejam
festas locais, shows com grandes artistas, micaretas, etc, com venda casada dos
ingressos e promoção das partidas. A divisão regional reduziria os custos com
viagens e incentivaria as rivalidades locais, incentivando os moradores a
torcer pelos times de suas cidades.
Os oito clubes classificados
disputariam um mata-mata em jogos de ida e volta para definir os quatro que
avançariam para a fase final.
A fase final seria
disputada pelos quatro clubes ranqueados nas séries A e B nacionais somados aos
quatro classificados na fase eliminatória. Os times seriam divididos em duas
chaves sorteadas e jogariam um primeiro turno contra os adversários do mesmo
grupo. Os campeões de cada grupo decidiriam em jogo único a Taça Guanabara. Para
o segundo turno, a Taça Rio, seria feito o cruzamento dos grupos, com o campeão
sendo decidido novamente entre os campeões dos grupos. Aqui, uma proposta para
equilibrar mais o torneio seria de que os pequenos sempre fossem mandantes
quando enfrentassem os grandes, aumentando as chances de terem uma boa renda e
expor seus patrocinadores. A decisão do campeonato seria em dois jogos, entre
os campeões dos turnos, sem vantagem por melhor campanha. Se algum time vencer
os dois turnos, é campeão direto.
Por ser um torneio curto,
o campeonato fica mais simples e emocionante, com cada jogo tendo sua
importância aumentada. Os grandes clubes teriam uma semana de intervalo entre
cada jogo, podendo se dedicar a preparação física e ir ganhando ritmo ao longo
do campeonato, sem maratona de jogos.
Para os pequenos, o forte
programa de redução de custos na fase preliminar compensaria a falta de
exposição dos times na TV. Aqueles que chegarem a fase final, ganham a chance
de receber os grandes em casa, expondo patrocínio e ficando com a renda destes
confrontos.
Para a federação, a vantagem
fica no aumento da sua importância no crescimento econômico dos clubes pequenos,
estando mais presente e divulgando sua marca e de seus patrocinadores. Além
disso, um programa de investimentos nas diferentes sedes das partidas de cada
divisão geográfica, pode trazer mais investimentos para o futebol carioca e,
consequentemente, aumento das cotas de patrocínio e televisão. Estes se
associariam a um torneio curto e com mais jogos decisivos, atraindo mais
público e audiência.
Sobre os primeiros jogos
do ano
Sobre o jogo de quarta-feira,
não vejo muito a comentar. Apesar das duas vitórias, o time que foi a campo me
passou a impressão que faltam sobretudo técnica e entrosamento àqueles
jogadores. Ainda assim, nota-se o bom trabalho do Jayme, especialmente no
posicionamento defensivo que ficou mais organizado no início dos dois tempos.
Penso que o melhor momento do time foi no início do segundo tempo contra o Audax,
em que houve mais organização na defesa e uma boa transição no contra-ataque.
Confesso que estou
bastante curioso para ver como vai se apresentar o time com os principais
jogadores nesse fim de semana. Será que o time ainda manterá o padrão de jogo
do último ano? Que novidades teremos no posicionamento e na distribuição do
jogo com os novos reforços? E será que vai continuar a fantástica média de gols
do Brocador? Amanhã à noite começaremos a descobrir!
abraços a todos e SRN!