segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Futuro Começa Quarta-Feira

Buongiorno, Buteco! Há um ano atrás o Flamengo ainda era dirigido por uma pessoa que dizia, entre outras coisas, que o futebol do Flamengo passou dezessete anos sem ganhar nada e que não poderia ser responsabilizada pelos fracassos do setor em sua gestão. Já estava em pleno curso um movimento histórico, que um dia será estudado por alguém e devidamente registrado, especialmente nas redes sociais, alavancando a chamada "Chapa Azul", por muitos chamados de "Blues", e levando-a a impedir a reeleição da então presidente e a tomar o poder no Clube de Regatas do Flamengo. Veio então o proclamado período de transição, no qual, a rigor, embora não tenha sido noticiado qualquer embate sério, tampouco houve registro de algum nível colaboração. Prova disso é que contratos de alguns jogadores não foram renovados e prestações não foram quitadas. Sequer a noção do que devia ser pago e em que data os Blues possuíam. Vieram as penhoras na Justiça, a pedido da Procuradoria da Fazenda Nacional, contornados de forma hercúlea com a obtenção das certidões negativas. Ali estava a prova para todo o mercado de que, fora das quatro linhas, o Flamengo estava mudando. Os bons patrocínios obtidos apenas confirmaram essa constatação.

Infelizmente, porém, dentro das quatro linhas, não se podia dizer o mesmo, pois a eliminação no Campeonato Estadual trouxe uma série de dúvidas, que começavam com a inexperiência de alguns dos Blues para lidarem sozinhos com o meio nada virginal que é o do futebol, passando pela própria qualidade de um elenco repleto de Paulinhos, Bruninhos, Hernanes e medalhões questionados por boa parte da torcida, e terminando pelo temor de que esse elenco sequer conseguisse manter o Flamengo na Série A. Uma colocação digna no Brasileiro passou a ser a meta, compreensão com a situação do clube e pés-no-chão o mantra e sonhar com um título um sacrilégio; seria como cobrar o impossível de quem heroicamente tentava salvar o clube. Esse sentimento apenas aumentou após o fracasso de três treinadores no ano: o primeiro, Dorival Júnior, contratado pela gestão anterior e que chegara no clube como se estivesse fazendo uma ação de caridade e dizendo que Zinho, então executivo do futebol, cujo currículo, ainda que como atleta, era ao menos cem milhões de vezes superior, aprenderia muito com ele; Jorginho, um jovem treinador que pode ter futuro na profissão, mas que aparentemente foi fritado por panelas no elenco, e o renomado ex-treinador da seleção brasileira Mano Menezes, outro que chegou ao clube com ares de professor doutor e que era melhor do que o clube, tendo saído dando um piti digno de uma diva de ópera italiana, até hoje não decifrado.

Mas os Deuses do futebol trabalham por meios misteriosos, que não nos cabem compreender, mas sim comemorar, quando nos beneficiam, e eis que o quarto treinador, o humilde Jayme de Almeida, funcionário do clube e membro da comissão técnica, capitaneou uma verdadeira metamorfose no time. Com Jayme, os gols começaram a ser marcados, o Flamengo se tornou um time imbatível no Maracanã contra adversários de fora, perdendo apenas para o Botafogo em um confronto pelo Campeonato Brasileiro, porém a forra veio com juros e correção monetária com uma sonora goleada por 4x0 no segundo jogo pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Com Jayme, o Flamengo incorporou características até então raras na história recente: velocidade, objetividade, verticalidade e contra-ataques rapidíssimos. Com o tempo, começou a tocar bem a bola, sem perder aquelas características. Com os onze titulares em campo, tornou-se um time capaz de enfrentar qualquer adversário de igual para igual, e aquela modesta meta de ter apenas uma colocação digna no Campeonato Brasileiro, longe da ZR, subitamente se viu ultrapassada: agora o Flamengo pode ser campeão da Copa do Brasil, após superar o "Trem Azul" ou "Máquina Azul Celeste", então virtual campeão brasileiro por antecipação, hoje já dono do título, o queridinho da mídia Botafogo, o surpreendente Goiás e, agora, freando o Atlético/PR fora de casa na primeira partida. Todos integrantes ou disputando o G4.

É a História se escrevendo, antecipando o seu curso.

O futuro do Flamengo dentro das quatro linhas começa efetivamente quarta-feira, dia 27 de novembro de 2013.

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Penso que temos três jogadores decisivos nessa equipe: Elias, Paulinho e Hernane. Elias, ao meu ver, é exemplo de recuperação; os dois outros de superação. Começo por Elias, que estava mal na Europa e, no Flamengo, reencontrou seu bom futebol. Se o preço cobrado pelo Sporting Lisboa ou a negociação é viável, bem, acho que é assunto para outra ocasião. Fato incontestável é que Elias tem sido um dos jogadores mais decisivos do time ao longo do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, especialmente nas grandes partidas. Confio nele para a decisão de quarta-feira.

Hernane me conquistou por sua entrega dentro de campo e vontade de se tornar alguém no mundo do futebol. Como disse o nosso amigo RNT, tem uma noção de tempo e espaço apuradíssima e agora tenta melhorar também na parte técnica. Não para dentro de campo e incorpora a mística rubro-negra como poucos. Mas o que gosto mais é que não tem medo, palavra que simplesmente inexiste em seu dicionário. Confio no Broca. Quarta-feira terá gol dele. É só aguardar.

Paulinho foi o que mais me surpreendeu. Era para ser um jogador de serventia tática, para dar algumas assistências, fazer jogadas em velocidade pelas pontas e voltar para compor na marcação. Mas Jayme, grande Jayme, ajudou-o a se tornar protagonista, e agora Paulinho está aos poucos superando até mesmo uma de suas consabidas deficiências, pois já marcou gol de tudo quanto é jeito no Flamengo: sem goleiro, cara a cara e, agora, de fora da área, sem contar que, como Hernane, é incansável e um verdadeiro guerreiro rubro-negro dentro de campo.

Confio nessa trinca para a decisão de quarta-feira.

E você, amig@ do Buteco?

Bom dia e SRN a tod@s.