Depois de muito tempo e pouco à vontade, resolvi falar de campo e bola, na decisão da Copa do Brasil. É um assunto ao qual não sou muito bom, porque não separo a paixão das análises, domínio zero ou perto disso. Pessoalmente, entrar nestas questões é mais difícil do que falar sobre estruturas, realidades e conjunturas, fazer projeções. Pois bem, alguns dados e fatos podem mudar o jogo do ano a favor do Flamengo. Muita gente não sabe ou não se recorda, mas no mês passado o Flamengo contratou o analista de desempenho do Criciúma, João Roberto Sauthier da Fonseca, conhecido como Bebeto (o bom, não o escroque) e isso pode sim pender a balança para nosso lado.
Bebeto vai ajudar, certamente já está ajudando à Rafael Vieira, ex-analista de desempenho da seleção e coordenador do recente setor de análises técnicas e táticas do futebol do Flamengo. Vale para a decisão contra o Atlético Paranaense e na formatação do elenco para a temporada de 2014, assim como em futuras contratações. O analista de desempenho ou Scout, geralmente é um treinador formado que se especializa na compreensão dos dados e os “traz para o mundo do mundo boleiro”. Simplifica e catalisa. É muito comum em esportes como vôlei, basebol, futebol americano, todos os esportes com bola, individuais ou coletivos.
Dois jornalistas que leio e respeito bastante, André Rocha e Mauro César Pereira, destrincharam alguns dos segredos do Atlético em matérias recentes. Acho que na Gávea (Ninho) sabem disso, mas é legal para que nós, simples mortais, observem melhor ao jogo, percebendo mais facilmente à sutilezas táticas, estratégicas. As demonstrações ajudam a perceber as futuras dificuldades e esclarecem até mesmo a quem já assistiu a jogos do Atlético no segundo semestre, sem a nitidez do especialista.
Nosso adversário é um time equilibrado e bem distribuído pelo campo e veloz, que ocupa bem os espaços e com a defesa alta, marcação avançada. Gosta muito de jogar com velocidade e transição pelos lados do campo, baseados em lançamentos e na ligação direta pelas laterais, via lançamentos de Manoel ou do goleiro. O experiente Paulo Baier não apenas cadencia ao jogo, como serve aos lados do campo sendo uma das principais armas, como faz Ronaldinho Gaúcho no Atlético Mineiro. O que Ronaldinho não conseguia fazer no Flamengo por ter atacantes lentos. É um time perfeito, imbatível? Longe disso. É uma boa equipe sem dúvida, mas o time do Flamengo tem características similares, mas prefere ainda girar mais a bola pelo meio do campo, também com equilíbrio. Vejam o Mapa de calor e leiam a explanação no post do Mauro César Pereira.
O Atlético aposta suas fichas no quarteto Paulo Baier, Éverton (velho conhecido) Marcelo e Éderson, um time rápido na movimentação e com criatividade. Estes devem ser marcados de perto, muito perto. Carlos Eduardo tem função muito parecida com Paulo Baier e podemos dizer que o esquema tático do Flamengo espelha ao do adversário; Paulinho e Marcelo são similares; existem diferenças claras, como as funções de Elias, que na criação se assemelha a Everton, porém mais participativo defensivamente; Hernane inicia a marcação da equipe, mas joga mais próximo do gol do que Éderson o artilheiro Paranaense. É preciso cuidado com a movimentação dele e de Marcelo. Sem cornetear, garanto que se Paulo Baier estivesse do nosso lado e Cadu do outro venceríamos com mais facilidade. Hoje Carlos Eduardo, mesmo sendo importante para o esquema montado por Jaime, é inferior tática e fisicamente a Paulo Baier. Serão partidas bem difíceis. Vejam o campinho do André Rocha:
Como torcedor, ACHO que o Jaime deveria colar Elias em Paulo Baier, deixando Amaral livre para ajudar a cobertura nas laterais. Penso que Baier não acompanhará Elias na recomposição, outro jogador deve fazer a função (talvez Marcelo por dentro ou um dos volantes adiantado). Jaime deve espelhar e fazer Elias marcar Éverton. Aliás, Elias vai ser a peça chave no jogo. Terá de ser muito mais volante do que meia, Carlos Eduardo vai ter de colaborar, acompanhando um volante e Luiz Antônio terá trabalho do lado direito, com Éverton, Baier e ocasionalmente Marcelo. Léo Moura e André Santos não terão vida fácil e a participação de Paulinho e Luiz Antônio, nas extremidades do campo será fundamental! Cadu hoje tem um problema físico (impressão minha) que impede que dê mais intensidade a equipe, e contribua mais tecnicamente, sem falar na questão da motivação. É o jogo para acordar de vez e se dar conta de que pode fazer o que seu ídolo Ronaldinho não fez, levantar uma taça nacional. Protagonista não será, mesmo que tenha "classificado o Flamengo contra o Cruzeiro".
De resto é Fé em Zico, no Broca, e na força de nossa camisa. A contratação do olheiro do Criciúma para mim foi de suma importância, utilíssima nestas partidas finais, já que conhece ao time do Atlético e a realidade do futebol do sul do país. Irá ajudar muito! Esse final de temporada é singular para nós, mais do que uma virada na História do Flamengo, pode ser uma virada na carreira dos jogadores que entrarão em campo para honrar o manto e garantir um ótimo final de ano e uma expectativa de bom ano novo. Suor e esforço máximo é o mínimo exigido, porque ninguém vai dar nada de graça para nós, nunca deu. Serão alçados à condição de heróis ou vilões, eles tem que saber disso, devem estar cientes de toda a situação. Vamos com tudo!
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!
