sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Relacionamento com as organizadas


Em conversas ao longo dessa semana, debatemos aqui no Buteco a questão das torcidas organizadas, sua importância e de que maneira os clubes, em especial o Flamengo, poderiam lidar com elas.
 
Esse assunto já havia sido discutido naquela fase do início do ano, quando o time está de férias e não temos muito sobre o que discutir. Numa dessas ocasiões, resolvi escrever um esboço de projeto para um programa de relacionamento entre o Flamengo e suas torcidas organizadas. Trata-se de um modelo de parceria que visa trazer ganhos aos dois lados, baseado em um sistema de metas para o relacionamento com bonificações e punições para que as organizadas se sintam incentivadas a representar cada vez melhor o Flamengo e coibir ações de seus integrantes que possam pôr em risco o clube e os torcedores não organizados.
 
Transcrevo a seguir o texto completo, para levantar o tema para discussão e ser enriquecido pelos comentários dos frequentadores do Buteco.
 
 
 
 
 
 

Programa de relacionamento institucional entre o CRF e as torcidas organizadas do Flamengo


Função e importância das T.O.s
Desde o surgimento da Charanga Rubro-Negra, as Torcidas Organizadas se tornaram responsáveis pela maior parte da festa nas arquibancadas dos jogos do Flamengo. Instrumentos de música, cantos, papel picado, faixas, bandeiras, sinalizadores ajudaram a criar a atmosfera que tornaram os jogos contra o Flamengo no Maracanã um pesadelo para muitos clubes no Brasil.
Fundamentais na construção da mística rubro-negra, as T.O.s tiveram papel decisivo em partidas históricas, como no caso do cornetaço que desestabilizou o time do Vasco no primeiro jogo da decisão do estadual de 2000. Ainda, sua presença constante quando o time joga fora de casa, leva a outras regiões do Brasil o clima envolvente do Maracanã, e reforçando o caráter  nacional, e as vezes internacional,  que só a torcida e do Flamengo tem, contribuindo para o crescimento e a consolidação do valor da marca do CRF.
Comportamento ruim e transtornos causados ao clube
Infelizmente, a partir dos anos 90, principalmente, se intensificaram as brigas e as batalhas campais envolvendo torcidas organizadas, especialmente as do Flamengo, que brigavam entre si. Confrontos violentos, com armas e mortes se tornaram comuns e as tardes de famílias no Maracanã se tornaram apenas uma doce memória.
Além do afastamento natural do torcedor comum dos estádios e da conseqüente queda de arrecadação e média de público, a violência das T.O.s acabou trazendo uma imagem negativa para o Flamengo.  Os jogos do clube se tornaram sinônimos de brigas, vandalismo, confrontos com a PM, arrastões e todo tipo de confusão. A prisão de torcedores organizados leva as marcas de patrocinadores do clube aos telejornais e às páginas policiais, dificultando negociações e afastando novos patrocinadores.
Além disso, a festa das torcidas muitas vezes sai de controle, causando punições ao clube com perda de mandos de campo que causam prejuízo financeiro e técnico ao time, que é forçado a jogar em campos menores, fazer viagens desnecessárias com impacto no preparo físico dos jogadores.
Estabelecer uma relação ganha-ganha
O objetivo deste plano é estabelecer normas para que haja uma relação institucional oficial entre o CRF e as principais T.O.s,  de modo que ambos possam ganhar com isso.
O ganho para o clube seria a garantia de presença e apoio em todos os jogos, especialmente fora de casa e uma ajuda na fiscalização do público nos estádios, evitando brigas e atitudes de torcedores que possam prejudicar o Flamengo, causando perda de mando de campo e danos a sua imagem ou de seus patrocinadores.
O ganho para as organizadas viria inicialmente na forma de ingressos para uma parcela de seus membros, dentro das regras estabelecidas pelo clube e variável de acordo com o desempenho dentro de critérios estabelecidos e fiscalizados pelo CRF. As torcidas organizadas receberiam ainda auxílio logístico e de contatos para realização de projetos especiais com apoio (não financeiro) do clube(ex. maior mosaico do mundo, camisa gigante do Flamengo no dia do rubro-negro, homenagens especiais, etc.).

Elegibilidade
Para dar início ao programa, o CRF convidará as maiores torcidas organizadas  para uma reunião onde serão apresentadas as condições e avaliado o interesse de cada T.O. em participar. As condições necessárias são:
- Não ter membros ativos com condenações transitadas em julgado.
- Ter presença comprovada em pelo menos 70% dos jogos fora de casa do Flamengo na última temporada.
- Ter presença comprovada em 100% dos jogos em casa do Flamengo na última temporada.
- Apresentar uma lista completa de todos os seus membros filiados para checagem de ficha criminal e processos na justiça.
- Apresentar uma média de freqüência de seus membros ao longo da última temporada.

Metas/Desempenho
Os critérios para avaliação de desempenho das torcidas organizadas seriam:
1.         Presença: Manutenção de uma média de freqüência baseada em números inicialmente apresentados pela própria torcida e, posteriormente, aferidos pelo CRF através do GEASE.
2.         Comportamento: Não devem ocorrer brigas e confusões envolvendo membros daquela torcida organizada.
3.         Apoio: As T.O.s devem encontrar uma forma de somar seu apoio ao time do Flamengo e nunca cantar para atrapalhar o canto de outra T.O.
4.         Criatividade: As torcidas serão incentivadas a levar bandeirões, mosaicos ou realizar ações positivas que estimulem a presença do torcedor comum ao estádio, como churrascos ou rodas de samba pré-jogo, por exemplo.
5.         Tradição:  Cantos como “Conte Comigo Mengão”, o hino do Flamengo e o tradicional grito de “Mengo!!” devem fazer parte do repertório de todas as T.O.s em todos os jogos dentro e fora de casa.
 
Incentivos/Punições
A.         Incentivos:
As torcidas que mantiverem os índices de desempenho igual ou acima do esperado, terão aumentos percentuais em sua cota de inrgressos até um limite de 75% da freqüência média.

B.         Punições:
Para o bom andamento do programa, é fundamental que as punições sejam severas e corretamente aplicadas. O GEASE será responsável por elaborar relatórios sobre o andamento de cada partida e sobre a aplicação e o cumprimento das punições. São elas:
B1. Não cumprimento das metas estabelecidas: Redução da carga de ingressos proporcionalmente até a exclusão do programa por 1 ano.
B2. Casos especiais:
Briga: A torcida que se envolver em brigas reportadas pelo GEASE terá redução imediata de sua carga de ingressos pela metade. A reincidência acarreta na exclusão do programa. Em caso de uma terceira briga reportada, a Torcida será banida dos jogos do Flamengo, com pedido enviado á PM para que impeça a entrada de qualquer material que faça referência àquela T.O.
Prisões de membros de T.O.s: Se algum membro for preso, acarreta na exclusão imediata daquela torcida no programa e seu banimento dos jogos do clube por 1 ano. Em casos de reincidência a pena será dobrada a cada caso.
Cambistas: Os ingressos cedidos as torcidas serão marcados com o nome da torcida a que foram destinados. Em caso de flagrante ou relatório do GEASE apontando para venda destes ingressos, a torcida terá sua cota reduzida pela metade. A reincidência acarretará na exclusão do programa.

Mecanismos de controle
Para controlar o desempenho das torcidas dentro dos parâmetros estabelecidos no programa, será reinstituído o GEASE, que deverá ter estrutura capaz de realizar esta tarefa. Este departamento deverá fazer relatórios a cada partida informando o transcorrido antes, durante e depois do jogo, incluindo relatórios da PM ou reportagens que envolvam o nome do Flamengo e/ou de seus patrocinadores.

Os ingressos para T.O.s deverão ter identificação especial e acesso aos estádios em que o Flamengo mandar seus jogos em entradas separadas dos torcedores comuns para evitar filas e confusões.

Finalmente, deverão acontecer reuniões entre o GEASE, os representantes do CRF e os presidentes das T.O.s a cada 3 meses para acompanhamento dos resultados do programa.

Abs e SRN!