Buongiorno, Buteco! Dizem que há males que vêm para bem. Sem querer bancar o filósofo de boteco ou o gato-mestre da autoajuda, acredito que a derrota de ontem, da forma pela qual ocorreu, teve um único aspecto positivo, que foi definir o papel do Flamengo no restante do Campeonato Brasileiro e da própria temporada. É claro que a fragilidade do time era notória; porém, em um campeonato no qual, até a 28ª rodada, todos os times, a partir do 6º lugar, lutavam contra o rebaixamento, e no qual o último campeão, após essa mesma rodada, encontra-se a três pontos da Zona do Rebaixamento e o atual campeão mundial a cinco míseros pontos, o sétimo lugar do Flamengo e a possibilidade de vitória sobre o então terceiro colocado, resultado que o deixaria a apenas seis pontos do mesmo adversário, deixava toda a torcida inquieta, como não poderia deixar de ser. Como costumo dizer por aqui, não discuto com fatos. E se o Flamengo houvesse vencido a partida na qual teve oportunidades de sobra para vencer, seria inevitável fazer uma série de projeções e cálculos sobre as chances de figurar no Z4 e conseguir uma vaga na Libertadores/2014. A derrota de ontem, porém, foi decisiva para esta finalidade: agora, a onze pontos do Z4, e a cinco da ZR, cabe ao Flamengo atingir o mais rápido possível a "zona do conforto" e concentrar suas atenções na Copa do Brasil, um título possível e do qual inclusive a tal vaga na Libertadores poderá ser conquistada.
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Por que o Flamengo perdeu ontem? Gostei de um comentário que o amigo bittencourt23 fez durante a partida: "faltou qualidade". Sim, porque chances, e muitas, foram criadas por ambas as equipes. E chances claras. Só Hernane, o artilheiro que nada mais sabe fazer do que concluir a gol dentro da área, ficou cara a cara com o goleiro duas vezes. No primeiro tempo, atrapalhou-se ao tentar driblá-lo; no segundo, passou a bola com força em demasia para Elias. A Oswaldo de Oliveira bastou assistir aos tapes das últimas partidas do Flamengo e perceber que a mina de ouro é forçar o jogo pelas laterais. Logo nos primeiros minutos, pelo lado de João Paulo, o Botafogo quase abriu o placar; depois, para empatar no primeiro tempo, instaurou o caos no lado direito da defesa rubro-negra, com Seedorf jogando em cima de Leo Moura e Chicão saindo toda hora para fazer a cobertura. Seedorf "jantou" os dois e passou para Gegê, que "limpou" constrangedoramente Wallace, que havia saído de sua posição para cobrir Chicão, e empatou a partida.
Antes disso o Flamengo teve um período de ampla superioridade no primeiro tempo. Em menor proporção, lembrou o jogo contra o Atlético/PR. Os gols não saíram e o Flamengo pagou o preço, exatamente pelo mesmo lado do nosso setor defensivo. E naquela partida Leo Moura não jogou, é bom que se frise. O problema existe com ou sem o nosso lateral direito titular. Na esquerda ocorre o mesmo e foi por onde o Vasco da Gama empatou a partida no Mané Garrincha. Mas ontem era dia do lado direito. E naquela balbúrdia o ataque do Botafogo encontrou espaço para outro cruzamento certeiro na nossa área, aproveitado por Rafael Marques, que virou a partida, já no segundo tempo.
De bom o time mostrou boa capacidade de articulação das jogadas no primeiro tempo e novamente uma capacidade de pressionar o adversário e de criar oportunidades no segundo tempo, em busca do empate, que por pouco não saiu. De negativo, Jayme terá que tentar ao menos minimizar esse problema crônico do nosso sistema defensivo para os próximos confrontos no Brasileiro e para o jogo de volta contra o próprio Botafogo pela Copa do Brasil.
Outro aspecto negativo é a falta de capacidade de tocar a bola no meio e de segurar a própria posse da bola. Como o time não tem qualidade para isso, precisa aprender a jogar com eficiência no contra-ataque e matar as partidas nas quais abre o placar cedo. Basta lembrar da partida contra o Atlético/PR e do sufoco passado contra o Criciúma, apesar do placar elástico desse último jogo.
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Até a 38ª Rodada o Flamengo terá os seguintes compromissos: Bahia (c), Atlético/MG (f), Portuguesa (n/Belém), Fluminense (n), Goiás (c), São Paulo (f), Grêmio (f), Corinthians (c), Vitória (f) e Cruzeiro (c).
Os confrontos diretos contra Bahia, Portuguesa, Fluminense, Goiás, São Paulo, Corinthians e Vitória serão importantes. Destaco o fato de que o jogo contra a Portuguesa, que seria fora, será em Belém, ou seja, em campo neutro.
Muitos confrontos diretos, muitas chances para escapar. Nada está perdido.
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Não sei se o Flamengo será campeão da Copa do Brasil, mas sei que atropelará o Botafogo no jogo de volta pelas quartas-de-final. Passei a ter certeza logo após o apito final do árbitro.
Conheço o meu time.
Bom dia e SRN a todos.