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As definições de manutenção são:
1 - Ação ou efeito de manter ou MANTER-SE, ação de sustentar; 2 - Serviço de conservação ou REPARO, fiscalização.
O Flamengo precisa dos dois sentidos da expressão. Num primeiro momento, manter suas tradições, seu poderio nos torneios em mata-mata e passar pelo Botafogo na Copa do Brasil, já amanhã, fazendo deste o próximo “jogo do ano”. Temos de vencer, pegar confiança e fazer na marra a sorte voltar pro nosso lado. Por que não agora? Já! Uma aula de História, alguns dos muitos textos do Melo no vestiário, na concentração ou na preleção seria de ótimo tom, pra esses mulambos entenderem o que é o Flamengo, o que é o Flamengo em dificuldades, e o que é o Flamengo quando tem a torcida ao seu lado (a diretoria também precisa ouvir...).
No segundo sentido da expressão, temos o reparo em algumas diretrizes, principalmente em momentos de crise, que penso ainda não chegou, mas se avizinha (está perto, perto). Devemos rever algumas rotas, revisar e consertar defeitos no caminho. Tentando não ser prolixo, vou me ater na questão do Maracanã e seus ingressos, melhor, nos ingressos, pois sobre o Flamengo no Maracanã sou contrário por fatores diversos que não vem ao caso.
Existem “problemas” para se chamar o torcedor ao estádio com ingressos que não são caros (como dizem os azuis, concordo), porém (como diria Paulinho da Viola: “ai, porém”) estão acima da realidade brasileira e além da capacidade de consumo do “consumidor habitual de futebol”, que em média tem renda mais baixa. Não sei se se trata de uma mudança de perfil, mas que o torcedor mais pobre fica afastado do seu clube no estádio, isso fica, e é um movimento anterior a 2013, precisamente iniciado em 2001 com os megaeventos no Brasil (candidatura vencedora dos jogos pan-americanos) evidenciada bruscamente em 2007, com a realização dos próprios jogos pan-americanos e a confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo de futebol em 2014.
Para quebrar este paradigma e trazer as famílias para dentro do estádio, sem afastar os antigos torcedores (não falo de bandido, porque isso é caso de polícia), podemos fazer a dobradinha “gente no estádio + Sócio Torcedor”. Vejam que novidade? Gente no estádio! O ideal é que não fosse apenas em momentos de grandes decisões, do time bem e voando em busca de títulos ou em crise, com planejamento (o atual parece de longe mal construído e mal-executado, parece). Reconheço ser normal em estabelecimentos "sob nova direção" não se conhecer com certeza "o produto e seu público". Sinceramente, o que era mais comum: o Flamengo colocar 15 mil pessoas ou 40 mil pessoas no Maracanã? 15 mil, né? Porque isso mudaria? Para ter grandes públicos o Flamengo só precisa de si mesmo. Essa cultura do resultado é que deve mudar. Temos que arranjar um modo de colocar sempre torcedores no estádio, sempre.
Diminuindo o valor do ingresso no global, se obtém vantagem e margem para atrair o Sócio Torcedor, pois o valor pago para se tornar ST será do clube, diretamente, e o do ingresso será dividido com a concessionária do estádio, mesmo com o novo acordo em vigor. Cadeira vazia é ruim pra todo mundo e “estádio cheio é ativo do clube”, bom para a imagem e o fator pressão no time e nos adversários, além de cadeira vazia ser dinheiro “não ganho”, não dinheiro não gasto. Melhor estádio cheio do que setor fechado, ok?
O primeiro passo da manutenção é construir uma tabela de preços, para deixar claro como vai proceder o clube, chamando seu maior contribuinte e ativo para participar do momento, a torcida. Essa tabela deveria ser divulgada para o ano de 2014, inclusive, com os ingressos da Copa do Brasil variáveis e fora da tabela (as copas ficam de fora para se ganhar com o valor do ingresso não fixo). A medida facilitaria a venda de tíquetes anuais, semestrais, de turno ou pacotes de jogos específicos, já que ainda não temos uma cultura de ir a todos os jogos no estádio, longe disso. Os pacotes facilitariam as vendas e deixariam as previsões do clube mais próximas da realidade ao longo do tempo, inclusive promovendo descontos. Abaixo uma tabela com os preços básicos dos ingressos, para diferenciados para jogos normais, clássicos e superclássicos:
Superclássico (Botafogo, Fluminense e Vasco) (R$)
Atrás do Gol – 60/30 meia – ST 30/15 meia
Meio do Campo – 80/40 meia – ST 40/20 meia
Meio do Campo Premium – 400/240 meia – ST 240/120 meia (R$ 40 são do serviço de alimentação)
Adversário, Gol UERJ – 60/30 meia (acordo com rivais)
Clássico (Grêmio, Internacional, Atlético, Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) (R$)
Atrás dos Gols – 40/20 meia – ST 20/10 meia
Meio do Campo – 60/30 meia – ST 30/15 meia
Meio do Campo Premium – 400/240 – ST 240/120 meia (R$ 40 são de alimentação)
Adversário – 100/50*
Jogo "normal" (Brasileiro e estadual)
Atrás dos Gols – 30/15 meia – ST 15/7,50
Meio do Campo – 40/20 – ST 20/10
Meio do Campo Premium – 400/240 – ST 240/120 (R$ 40 são de alimentação)
Adversário/Estadual – 30/15 meia*
Adversário/Brasileiro – 60/30 meia*
*A setorização do estádio é nossa, se não gostou é problema do adversário, ninguém é obrigado a vir ao nosso estádio. Se vier será bem-vindo, mas pagará a mais por isso. O estádio é novo e confortável. Muitos fazem isso contra nossa torcida, a reciprocidade é válida. Acabou a moleza.
Nota-se que os ingressos premium não terão alteração nos jogos em que o Flamengo for mandante, independe do adversário e de motivação. Quem pode pagar por estes ingressos e quiser mais conforto vai pagar de qualquer jeito, com o estádio cheio ou vazio. É muito mais interessante o ingresso mais caro, bem mais caro do que o ingresso comum e um serviço de qualidade, com o estádio cheio com os ingressos mais baratos e alimentação dentro do estádio.
O que o Flamengo pode aprender com o “Rock in Rio”?
Muito. Com erros e acertos do festival.
O esquema de alimentação do Rock in Rio pode ser seguido e aperfeiçoado no Maracanã. Os hambúrgueres e a bebida são padrão, há ainda a opção de “sanduíche natural” (também padronizado), uma opção de massa (yakissoba), pastel, cachorro-quente (decente, ótimo) e batata frita (foram as opções de alimentação mais vendidas), tudo padronizado. Isso facilitaria a maior e melhor alimentação do público que vai ao estádio, mas que seja por um preço justo. Uma combinação no Rock in Rio, que é um evento premium (serviço nem tanto) de sanduíche + bebida sai por aproximadamente R$ 17,00 podendo chegar a R$ 21,00 dependendo do tipo de sanduíche e a R$ 24,00 com cerveja. Uma massa, por exemplo (o yakissoba) servido (satisfatório), por R$ 23,00 reais + refrigerante saía por R$ 29,00; com cerveja R$ 32,00. Estes valores tem margem para baixar, minorando o custo e fazendo o torcedor e sua família a se alimentarem dentro do estádio, com o ingresso seja mais convidativo e a alimentação também.
Particularmente, não sou consumidor de habitual de álcool (foi mal RNT, Hic), exceto em algumas situações específicas (vontade, ambiente, não estar de carro e dirigir...), mas acho uma burrice sem tamanho proibir a venda de cerveja dentro dos estádios de futebol, pelo mesmo motivo de que ela é vendida em festivais de música, muito mais passiveis de violência gratuita por causa de “gracinhas com mulheres acompanhadas”... É muito legal e saudável sair de uma rotina estressante do cotidiano, bebendo uma cervejinha com os amigos num estádio de futebol. Quem nunca? (desde que não se vá dirigir, por favor!)
Estas parcerias de fornecimento seriam excelentes para se padronizar de alguma forma os serviços, principalmente os de alimentação, como já ressaltado, com certa variedade. Pode o Flamengo e seu parceiro criar uma empresa, contratar um pool de serviços ou propor uma joint-venture para atender a demanda específica do estádio (Sanduíches + Massas = Flafood). O ideal é que fosse um parceiro de alimentação (Bob's no caso do RIR, McDonald's, Burguer King) somado a um serviço de massa expressa (Spolleto Parmê), algo diferente em estádios do Brasil, já que ninguém come aquele pão com salsicha horroroso do Maracanã.
Não deveria ser algo muito sofisticado e caro, pois para isso existe a opção dos restaurantes Premium (dentro do estádio, a se construir) e do setor Premium. O que penso é algo como uma alimentação um pouco mais elaborada, rápida e por um preço justo e que faria com que mais famílias fossem ao estádio e com maior antecedência. É preciso também um parceiro de venda em varejo que dê capilaridade e visibilidade para a marca, que esteja em diversos pontos da cidade e na internet, uma loja que possa vender, associar e licenciar produtos com a marca Flamengo, no caso RIR o Grupo que contempla as Lojas Americanas, Submarino e mais uma megaloja de roupas. Penso na parceria com a Caixa que poderia vender produtos virtuais e ingressos em suas lojas lotéricas.
Com preços mais baixos, grandes veiculações e promoções o clube e a concessionária tem muito mais a ganhar com imagem e patrocínios vinculados ao estádio e ao clube, como placas, produtos vendidos, visitas ao estádio e outras coisas, nos anos posteriores à copa do mundo. Convenhamos é melhor do que a imagem de um estádio novo, mas de um lugar com serviços ruins, de ingressos caros e bancos vazios, mosaico às avessas. Antes de qualquer coisa, o clube deve se fortalecer em qualquer acordo, procurando parceiros que possam encampar a estas demandas, dando atenção ao seu cliente, o torcedor. Ainda na fase de projetos o RIR captou alguns parceiros âncoras, e pagou toda a infraestrutura montada, como palco, brinquedos, luzes, e alguns artistas com a venda antecipada de ingressos (o que chamam de 1º lote, em Novembro de 2012) e o Flamengo deveria fazer exatamente a mesma coisa para seus jogos e/ou para a construção de seu estádio e em anexo a ele uma megaloja e um museu do clube, mas isso é um outro assunto.
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!