Tenho ouvido muita gente
falando nos últimos tempos que a torcida Rubro-Negra é bipolar. Isso acontece principalmente
por conta das reações extremadas após os jogos, trovejando irreversíveis
rebaixamentos após as derrotas e fazendo contas para arrancadas milagrosas após
as vitórias.
Uma característica que
sempre diferenciou o rubro-negro dos seus rivais foi justamente a capacidade de
acreditar em reações improváveis em partidas e campeonatos que pareciam
perdidos. Mesmo nos calamitosos tempos da nadadora-vereadora, vários de nós nos
surpreendemos fazendo cálculos elaborados, combinando resultados na busca de
arrancadas para as primeiras posições. Infelizmente, essas projeções serviram
apenas para aumentar a angústia das lutas contra o rebaixamento em 2 dos
últimos 3 anos.
E é daí que vem a tal
bipolaridade. O torcedor quer acreditar, se empolga com os grandes jogos, apóia
e por vezes acaba muito frustrado com atuações bem ruins, até para os padrões
desse time, como contra o Corinthians. Nessas horas a paixão fala mais alto e
as críticas vem cheias de mágoa, cegando as percepções racionais do momento em
que o clube atravessa.
Mais uma vez, vivemos
momentos difíceis no campeonato nacional. A expectativa de um time de baixo
custo porém equilibrado, que passasse pelo campeonato sem sustos, não se
confirmou. Temos hoje um time fraco, com um elenco mal montado no qual faltam
jogadores em algumas posições e peças de reposição em muitas outras.
De positivo temos um
excelente treinador – na opinião deste colunista, um dos melhores disponíveis –
e um grande jogador, que vem sendo o ponto de equilíbrio do time: Elias. Nos
grandes momentos dessas duas figuras, acompanhadas por boas partidas de outros
jogadores, saíram os melhores jogos do Flamengo na temporada, como na grande
vitória contra o Cruzeiro e no Fla x Flu em que fomos amplamente superiores.
Acredito que ficaremos
nessa gangorra até o final do ano, alternando bons e maus jogos, dependendo do
time, dos desfalques e de onde escolhermos nosso mando de campo. Pessoalmente,
mantenho minhas expectativas bastante baixas, quase incompatíveis com a
grandeza do Flamengo. Acho que, na situação atual, ficarei satisfeito se o time
terminar o ano na metade de cima da tabela e não apanhar de mais ninguém no
campeonato. Ficarei muito feliz se vencermos os três clássicos regionais do
returno e, como todo torcedor bipolar, vou ter convicção de que o Flamengo vai
rumo ao Tóquio (ou ao Marrocos) se vencermos a copa do Brasil.
Uma rápida observação
sobre a próxima partida, de novo contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte. Ainda
que o Flamengo não possa se dar ao luxo de poupar jogadores dada sua delicada
situação no campeonato, acredito que seja hora de avaliar com inteligência o
uso dos parcos recursos humanos de que dispomos. Após essa partida, na qual temos
remotas possibilidades de vitória, meio da semana que vem, teremos um jogo
importante contra o Santos no Maracanã. Me parece que seria prudente garantir
que jogadores como Leo Moura e Chicão, por exemplo possam estar 100%
fisicamente e que os que estão pendurados com cartões, caso de Elias, possam
jogar.
abraços a todos e SRN!