Boa noite, irmãos rubro-negros.
Hoje faço a minha primeira
postagem aqui no Buteco do Flamengo, espaço genuinamente flamengo, onde se
debatem temas acerca do maior e melhor clube do mundo sempre com muito respeito
e consideração ao próximo.
Peço, de antemão, muitas
desculpas pela extensão do texto, mas são muitos assuntos a serem tratados,
sobretudo por ser meu primeiro post, e foi-me muito difícil reduzi-lo.
Vamos lá: há alguns dias recebi
um gentil convite da administração do Buteco, precisamente do Rocco e do
Gustavo, para escrever uma coluna quinzenal.
Com muita gratidão e humildade, aceitei
o convite e cá estou, traçando essas singelas, porém profundamente sinceras, linhas
vermelhas e pretas.
Antes de tudo e qualquer coisa,
gostaria de agradecer a oportunidade a todos os integrantes da administração do
Buteco do Flamengo, em especial ao Rocco e ao Gustavo, bem como a todos os
amigos e irmãos de fé que fazem do Buteco um local do mais alto nível, onde se
respira Flamengo dia e noite.
É curioso esse negócio de
internet, blog e mundo virtual porque, ao fim e ao cabo, eu passo muito mais
tempo aqui no Buteco, trocando idéias com os amigos que o freqüentam, do que em
casa ou com conhecidos antigos.
E acaba que, naturalmente, nós
vamos estreitando os laços e criando uma certa familiaridade.
Enfim, muito obrigado Rocco,
Gustavo, amigos da administração e irmãos de fé que fazem do Buteco do Flamengo
o melhor espaço para conversar sobre o Mais Querido.
Decidi dividir este post em duas
partes, que na verdade são uma só, pois os assuntos estão umbilicalmente
relacionados, reiterando as desculpas pela extensão do texto.
Segue o texto.
O Novo Maracanã
Amigos, vivi no Maracanã, desde tenra idade, algumas
das maiores emoções da minha vida.
Os amigos podem imaginar o quanto
me entristeceu, assim como a todos os rubro-negros, o fechamento do Maracanã. Mas
o velho estádio, agora novo, foi finalmente reaberto, em formato de Arena, o “New
Maracanan”.
E minha estréia foi no jogo
contra o Cruzeiro, na última quarta-feira.
Meu irmão, Lipão, meu grande
amigo e irmão de fé, com quem vivenciei todos os momentos de extrema alegria e
tristeza no Maracanã, não pôde comparecer (que falta!), pois está a alguns
milhares de Km do Brasil, retornando ao Rio de Janeiro apenas na semana que
vem.
Combinei, então, com outros
grandes amigos flamengos, Farley e Tiaguinho, também companheiros de muitas jornadas,
o retorno ao colossal estádio. Mas, ao rumar para o estádio, deles me separei,
pois meu ingresso era para setor distinto.
Lá chegando, ao adentrar a arquibancada, fui tomado por um sentimento de
nostalgia muito grande. A realidade estava posta: o Maracanã que eu conheci não
existia mais.
Deu saudade. Muita. Tanta que,
embora eu tentasse me controlar, acabei sucumbindo à emoção e comecei a chorar.
Sim, chorei. Como criança.
Aí, resolvi ligar para meu amado
pai, que estava em casa assistindo ao jogo pela TV. E disse-lhe, com todas as
letras, em meio à gritaria da massa, que o Maracanã fora destruído. Falei-lhe
que o Maracanã não existia mais, mas que a torcida, a Magnética, a Nação Rubro-Negra,
essa sim, era a mesma.
E o coroa, em todo seu
rubro-negrismo e sabedoria, respondeu: “filho, oh, escuta teu pai. Mengão vai
vencer o jogo e trazer essa vaga.”
E me lembrei, de súbito, que fora
feita uma convocação.
O Flamengo conclamou a Nação
Rubro-Negra a carregá-lo no colo e a empurrá-lo. E torcedor flamengo, quando convocado,
se apresenta devidamente fardado e pronto a cumprir seu papel.
Durante os 90 minutos, a nostalgia
e a saudade ficaram para trás.
O Flamengo estava em campo e a
torcida também.
Sobre o jogo em si, pouco, ou
nada, tenho a dizer.
Um jogo como esse, o torcedor rubro-negro
não assiste, e tampouco torce. Vive-se! De corpo e alma. Cada segundo, cada
minuto, cada dividida, cada milímetro do campo e da arquibancada.
Minha impressão do que ocorria em
campo era a seguinte: quando a bola estava com o adversário, torcia
alucinadamente para que o Flamengo a retomasse; quando estava com o Flamengo,
sofria loucamente para que o time a empurrasse para as redes rivais.
Só isso e nada mais.
E, no final, aos 43 minutos do
segundo tempo, como nos contos épicos, o Flamengo fez o gol da vitória, o gol
da classificação. Gol feito por aquele que, hoje, enverga com honra e raça o Manto
Sagrado: Elias, o profeta rubro-negro.
É a mística rubro-negra, que faz
do Clube de Regatas do Flamengo o que ele é.
Gostei do novo Maracanã. Limpo, asseado, espaçoso. Perdeu,
sim, a magnitude de outrora, mas ganhou no conforto ao torcedor e isso é importante.
Muitas famílias, muitas crianças,
muitas mesmo, embora o jogo fosse à noite.
E a atual arquitetura do estádio
faz com que a torcida do Flamengo cante junta, num grito só, uníssona, como foi
muito bem salientado pela Unabomber Flamenina. Grande vitória essa!
Agora, há que se fazer alguns
questionamentos.
O Maracanã é do Flamengo
Sem dúvida, se no Maracanã cabem
76.000 torcedores, na quarta-feira havia tranquilamente mais de 60.000
rubro-negros. Considerando que o público
divulgado foi de 53.000 presentes, asseguro que seria impossível colocar mais
23.000 torcedores no estádio.
Houve evasão. E muita. Eu, como
muitos irmãos aqui do Buteco, ingressei no estádio sem passar pela roleta, que
estava desligada.
Outra coisa importantíssima, para
não dizer fundamental: dos mais de R$ 2.000.000,00 de renda proporcionados pela
torcida do Flamengo, coube ao Flamengo pouco mais de R$ 700.00,00.
Isso é inaceitável!
Se o Flamengo pretende competir
em paridade de condições com os grandes do futebol brasileiro, precisa de um
estádio que lhe propicie toda renda possível que sua fanática e inigualável torcida
pode proporcionar.
Não falo só de bilheteria, mas de
tudo que envolve um estádio próprio.
Basta olhar ao redor e verificar
que nossos adversários estão construindo, ou ganhando de graça, às custas de
dinheiro público, estádios modernos e de grande porte.
Se o Flamengo não se adequar à
realidade, ficará para trás.
O clube, hoje, emitiu nota
oficial em seu site a respeito da situação. Gostei muito do teor do
comunicado. É quase que um apelo às
autoridades e à Nação Rubro-Negra.
Então, se o momento é de pelejar
ao lado do nosso amado Flamengo, façamos nosso papel, como temos feito, com
tanta coragem e denodo, ao longo de nossa história.
O comunicado do Clube de Regatas do
Flamengo esta lá, para ser lido, analisado, divulgado e para nos servir de
inspiração.
E guardemos sempre, em nosso
coração, corpo e alma:
Uma vez Flamengo, sempre
Flamengo.
Luiz Mengão Eduardo.