Foi fantástico! Três anos
depois o Maracanã voltou a ter uma noite épica, daquelas para as quais ele foi
construído. Assim como o Flamengo, o estádio Mario Filho não foi feito para
jogos contra a Portuguesa ou o Náutico numa quinta-feira à noite. Também não
foi feito para jogos sem graça das intermináveis rodadas dos pontos corridos. O
maior estádio do mundo só mostra toda a sua imponência quando é palco de jogos
decisivos, quando um gol pode determinar a glória ou a eliminação.
A final da copa de 50, o
milésimo gol de Pelé e os mundiais do Santos marcaram a história do Maracanã,
mas mesmo nesses grandes momentos, havia um enorme vazio na alma do estádio. Nesses
grandes momentos, faltou aquilo que diferencia o Mário Filho de outros grandes
palcos como o antigo Wembley, o Azteca ou la Bombonera. O Maracanã só o é na
sua plenitude quando é Flamengo. Eles se unem, se tornam a mesma força da
natureza capaz, ao longo dos anos, de esmagar favoritos e conquistar
campeonatos prováveis e improváveis.
Nesta quarta, o Maraca
teve uma noite de Maraca e o Flamengo teve uma noite de Flamengo. Em
desvantagem, contra um adversário tido como superior, contra todos os
prognósticos o Mais Querido voltou ao estádio acompanhado de mais de 50 mil
vozes que representavam 40 milhões de almas berrando a plenos pulmões:
MEEEEENNNNGOOOOOO!!!!!!!
Que sensação maravilhosa
ver a torcida novamente cantando sem parar, do início ao fim do jogo! Durante
90 minutos, ficaram de fora as discordâncias com a diretoria sobre ingressos e
sobre os jogos longe do Rio. Enquanto durou a partida, time e arquibancada
jogaram juntos, espremendo o adversário no segundo tempo, como nos tempos
áureos. Flamengo e Maracanã em estado puro, bruto, para matar as saudades dos
rubro-negros mais céticos quanto ao espírito do reformado estádio.
Para encerrar, gostaria de
deixar aqui uma sugestão para a equipe do STJD, que costuma analisar o
comportamento e as opiniões de jogadores, técnicos etc. Eventualmente, os
procuradores acabam mudando decisões dos árbitros que, segundo a regra do jogo,
deveriam ser soberanas tanto técnica quanto disciplinarmente. Mas já que é
assim, poderiam muito bem interferir na lamentável prática de enrolar e gastar
tempo de forma descarada.
Penso que se houvessem
punições como as que são dadas a jogadores que desabafam contra arbitragens
tendenciosas, por exemplo, não veríamos cenas ridículas como as protagonizadas
no Maracanã pelo time mineiro e em especial por seu goleiro. E deveriam ser denunciados
também os árbitros pusilânimes que fingem ser ludibriados não dando cartões ou
quaisquer punições aos jogadores trapaceiros.
Mas ainda que os
procuradores decidam não interferir nessa questão, às vezes o jogo proporciona
a torcida a mais deliciosa das punições. Após vê-los ensebarem durante mais de
90 minutos, foi de lavar a alma ver a cara de desespero do goleirinho e dos
zagueiros mineiros ao ver que só sobrava tempo mesmo para buscar a bola no
fundo do seu próprio gol.
abraços a todos e SRN!