Se existe uma coisa difícil
de encontrar hoje em dia no universo rubro-negro é um consenso sobre algum
assunto. Talvez um dos poucos que me ocorrem seja o de que o departamento de
futebol não fez um grande trabalho nesta temporada. Mesmo assim, há quem diga
que, pela situação econômica do clube - de quase falência no início do ano -
que os “neófitos” da atual diretoria até que se saíram razoavelmente bem.
Afinal, temos um técnico de ponta e pelo menos um grande jogador, Elias, que
vem tendo boas atuações.
Me parece consensual
também que, mesmo considerando a grave situação financeira, o elenco do
Flamengo é fraco ou, no mínimo, mal montado. Isso ficou evidente agora com a
contusão do único lateral direito do elenco e que vai obrigar o treinador a
improvisar alguém ou escalar um garoto da base na posição. Existem carências
também no ataque e no meio de campo, algo que vem nos fazendo ter extrema
dificuldade contra times mais fechados em que vemos o time tocando a bola sem
criar situações reais de gol.
Mas comparando com outros
elencos e pensando no universo das dívidas flamengas, será que a situação é tão
feia assim? No início do ano talvez fosse consenso que teríamos uma temporada
de vacas magras para arrumar a casa sem um vexaminoso rebaixamento. Todos
sabíamos que seria difícil e não deveríamos nutrir grandes esperanças de
títulos. E, mesmo que dirigentes linguarudos tenham feito promessas idiotas, até
agora, pelo menos, o Flamengo não passou nenhum ridículo absurdo na temporada, não
tomou nenhuma sonora goleada e foi bem nos clássicos regionais. Mas há
controvérsias, afinal é ridículo não se classificar nem pra final de turno no
estadual e perder desse time do Náutico “em casa” é o cúmulo!
E a maioria concorda em
ser contra jogar fora do rio de janeiro e quanto aos abusivos preços dos
ingressos, certo? Errado. Sendo o Flamengo o único time brasileiro de expressão
verdadeiramente nacional, existe uma boa parcela de rubro-negros bastante
contente que o clube tenha escolhido sair um pouco do mundinho carioca. Há
também aqueles que consideram isso um trunfo poderoso na negociação com o
consórcio que, por enquanto, administra o Maracanã. O Flamengo vem mostrando a
cada rodada que enche estádios onde for – mesmo que não seja o mandante do jogo
– e, sendo assim, pode tranquilamente endurecer a negociação, para desespero
dos torcedores cariocas.
E há até quem defenda (ou
justifique) os caríssimos preços cobrados pelo clube em suas andanças pelo
país. O argumento de que o clube perde muito com a meia entrada é bastante
discutível, assim como o que diz serem os aumentos necessários para bombar o
Nação Rubro-Negra. Mas os 40 milhões de reais que faltam para o clube fechar o
ano sem ter que antecipar receitas (e não comprometer mais uma temporada) não
podem (ou não devem) ser desconsiderados.
E também não há consenso
sequer sobre a decisão de pagar as dívidas e a obtenção das CNDs. Por incrível que
possa parecer, há quem condene o gasto de 7 milhões mensais em impostos
atrasados, sugerindo que os recursos fossem usados no time de futebol e nos
esportes olímpicos. Como justificativa aparece a proposta estapafúrdia que está
sendo discutida no Congresso Nacional de perdoar as dívidas dos clubes de
futebol.
Será tão difícil assim
encontrar um caminho que seja abraçado por todos os rubro-negros? Ou será que a
paixão de cada um se manifesta de maneiras tão diferentes que mesmo coisas que
parecem óbvias para alguns se tornem inaceitáveis para tantos outros? E você,
amigo do Buteco, consegue pensar em algum assunto com o qual a maioria dos
rubro-negros iria concordar?
abraços a todos e SRN!