Para iniciar este post a prova cabal de que o Flamengo é global em todos os aspectos, nosso MITO, ops, Presidente, se comportando como um mulambo e se deliciando com a manutenção de um tabu de 13 anos:
Depois
de tanto tempo longe, o Flamengo voltou ao Maracanã, eu voltei ao
tão criticado por mim, Maraca. Muitas ideias prévias se confirmaram
em minhas observações e reflexões, mesmo eu tendo saído de casa
com a mente vazia, sem preconceito. Vou tentar descrever alguns
aspectos que foram sentidos por mim durante o “Matchday”. A
chegada foi tranquila, fui de metrô, no contrafluxo por causa da JMJ
que tinha MUITA GENTE saindo de Copacabana. Poderia ter ido de carro
ou ônibus, mas as ruas do entorno estavam bloqueadas, o que
dificulta principalmente a saída do estádio, além da lei seca, mas
tudo tranquilo, tranquilo mesmo. O esquema funcionou, até demais...
Fui
com meu primo e logo na chegada uma constatação e uma surpresa ao
mesmo tempo: Não havia ambulante algum. Não havia mesmo! Ninguém
vendia nada do lado de fora do estádio e assim começou a saga da
cerveja! Andamos um pouco, com muita gente indo na direção do
estádio e outros fazendo o mesmo caminho em busca da cerveja
“perdida”. Em um raio de 1km ninguém vende nada, tudo livre para
o acesso das pessoas. Bom e ruim. O bom é o acesso em si mesmo e o
ruim é que o clube não se utilizou do espaço, sendo parceiro do
estádio para vender nada. Se o fez eu não vi. Pode ser falha minha,
se tiver enganado mudo o texto sem problemas, mas se eu não vi,
muitos também não. Como aproximar o clube da torcida?
Depois
da cerveja na padaria LOTADA, para esquentar os tamborins, voltei ao
estádio para entrar no “New Maracanan”. Faltava 1h para o inicio
da partida e as filas estavam razoáveis. Depois de entrar e observar
algumas novidades fui ao banheiro e estava tudo OK. Não vi problema
algum, e fui quando cheguei, no intervalo e quando saí. Tinha papel,
água, sabão, sem problemas. Ao entrar no “salão de festas” o
primeiro choque: não teve choque! Não senti nada de especial, o
coração não acelerou e a visão era de um estádio qualquer.
Dentro está descaracterizado, outro lugar. Mais confortável,
diferente.
Mesmo
com todas essas ressalvas, digo que a torcida está doidinha para
levar o time nas costas. Vaiou na saída para o intervalo, mas sabia
que o time do Botafogo foi superior. Quando se viu as substituições
do treinador o que ocorreu? Abraçou o time e não parou de cantar
por todo o segundo tempo. O time aceitou e foi pra cima junto com a
torcida. Essa é a pressão que faz a diferença nos jogos no Rio.
Quando o time precisa e a torcida ajuda, ganha o Flamengo. Tudo deve
ser melhorado, sobretudo o clube na relação com a torcida, com as
“vendas legais” de licenciados e inscrições de STs nos estádios
com stands do clube dentro e fora do estádio, ajudando a
distribuição e venda de camisas e licenciados. Lojas do Flamengo!
Do mesmo jeito que faltavam ambulantes “prestando um serviço”,
faltava o Flamengo para preencher aquele espaço e se aproximar de
seus clientes.
Sobre
ingressos, a lotação e a torcida dentro de casa, o ingresso médio
do jogo ficou por volta de R$ 79,00, bom preço para 38.000 pagantes,
mas péssimo se pensarmos nas 9.000 gratuidades e as mais de 20.000
cadeiras vazias. Se o Flamengo setorizar o estádio, equalizar as
vendas e baixar o preço médio garantindo maximização da
capacidade e ganhando com os serviços se lota o estádio e baixa o
preço médio do ingresso. Fica bom pra todo mundo. Estes
ingressos poderiam ter porcentagens destinadas a populações de
baixa renda, também. Uma outra medida para não afrontar aos olhos
dos torcedores é desvincular os serviços de entradas VIP, cobrando
apenas o ingresso e deixando o serviço à parte.
Essa
medida ajudaria a não deixar o espetáculo muito “feio” para
quem assiste na televisão (ontem a impressão era de estádio vazio)
seria baixar o preço dos ingressos que ficam no meio do campo, de
frente para as câmeras de TV, cobrando o serviço por fora, separado
do ingresso. Assim a “Central VIP” não fica vazia, porque tem
valor psicológico também. Dos R$ 350,00 cobrados pelo ingresso (R$
150,00 são do serviço). Se você vende o ingresso por R$ 200,00,
com direito a meia e facilidades para o Sócio Torcedor, e, explica
que o extra do serviço R$ 150,00 a venda é certamente maior. Um
ganho psicológico para torcida e uma vantagem da imprensa não
perturbar muito. Não fica abusivo, grosseiro, além de ser mais
“fácil” para “lotar” o local e ficar visualmente bonito para
o mundo, quem “compra” parte do espetáculo de longe. Um ganho
imaterial na imagem e na relação entre clube e torcida.
Vou
tentar calcular uma projeção baixando um pouco os preços
praticados no domingo:
Lateral superior
(atrás dos gols): 29.082 entradas
Preço Inteira: R$
50,00; meia-entrada - R$ 25,00; ST – R$ 20,00
Local lotado com
ingresso médio de R$ 30,00: R$ 872.460,00
Lateral inferior
(atrás dos gols): 11.666 entradas
Preço Inteira: R$
80,00; meia-entrada - R$ 40,00; ST – R$ 32,00
Local lotado com
ingresso médio de R$ 45,00: R$ 896.250,00
Central Superior:
11.950 entradas
Preço Inteira: R$
120,00; meia-entrada - R$ 60,00; ST – R$ 48,00
Local lotado com
ingresso médio de R$ 75,00: R$ 896.250,00
Central VIP (“às
laterais do centro”): 7.665
Preço Inteira: R$
150,00; meia-entrada - R$ 75,00; ST – R$ 60,00
Local lotado com
ingresso médio de R$ 100,00: R$ 766.500,00
Central Premium (no
“meio”, com Catering, alimentação, sem serviço incluso): 5.962
Preço Inteira: R$
200,00; meia-entrada - R$ 100,00; ST – R$ 80,00
Local lotado com
ingresso médio de R$ 125,00: R$ 745.250,00
Ingressos vendáveis:
66.325
Renda Total com
Estádio Lotado (sem contar camarotes): R$ 4.176.710,00
Ingressos vendáveis:
66.325
Renda Total com
Estádio Lotado (sem contar camarotes): R$ 4.176.710,00
Ingresso Médio: R$
62,97
Cadeiras Cativas:
4.991
Camarotes: 2000
Aproximadamente
6.000 ingressos para autoridades, imprensa, consórcio, parceiros,
patrocinadores camarotes corporativos especiais para que se alcance
os 79.000 de público total possível no estádio em eventos Fifa ou
não. Abaixo plano de assentos:
Possível
perceber “a solução” do problema dos ingressos cumulativos,
aumentando a importância do Sócio Torcedor, com 60% nas entradas,
10% a mais do que os estudantes comuns, assim não importaria ser
estudante + ST, sim apenas, sócio torcedor. Três partidas ou mais
no Rio de Janeiro ou em alguma cidade, como Brasília oneraria muito
ao orçamento de qualquer família, então sugiro que o ST que tenha
ido a três partidas do clube tenha um desconto de 80% no ingresso na
partida seguinte, num período de dois meses. Este tipo de
“fidelidade rasteira” ajudaria ao orçamento do torcedor e ao
clube com o estádio cheio.
O
mais importante para qualquer clube de futebol é a ocupação dos estádios,
principalmente dentro de campo, quando o time se sente acolhido. O
que nossa torcida fez no segundo tempo do jogo, se “o cara não
sentir nada” pode pedir para sair. Não serve para o Flamengo, nem
para jogar futebol! O time é frágil, mas o treinador é competente
e a vontade da torcida em ajudar é real! E muito grande! Outros
aspectos incomodaram bastante como o banco do outro lado da torcida,
nosso lado é nosso lado! Mas isso é um aspecto menor.
Espero
sinceramente por um Maracanã mais “tradicional” com preços
escalonados de ingressos, para diminuir as gratuidades (estádio
com ingresso vendido com antecedência não deixa espaço para
gratuidade),
o banco de reservas do lado da torcida, como sempre foi, cinco metros
a mais de largura no campo (dá para fazer existe espaço para isso,
com 2,5m de cada lado do campo) e rede véu de noiva nos jogos do
Flamengo. Tudo continuará no padrão Fifa, mas do nosso jeito.
Quando tiver jogo oficial da seleção ou Fifa, é só trocar a rede
e diminuir o campo. Qual a dificuldade disso?
O
estádio em si, não é nem padrão Fifa, nem padrão Cabral. Nem
luxuoso, nem uma porqueira. É comum. Não consigo entender como
gastaram R$ 1,2 BI ali. Ou parte do dinheiro foi pro ralo, ou alguém
ficou muito rico ou os dois... Saltou aos olhos, desde o metrô, até
as cercanias, padaria e se confirmou dentro do estádio: a quantidade
de “camisas Adidas” e sua proporção. A “olho nu” 50% dos
rubro-negros do estádio estavam vestidos com o Manto novo, 25%
estavam com camisas do Flamengo de outros anos e modelos retrô e
aproximadamente 20% “à paisana”. O que sobra do restante? Uns 5%
de “camisas piratas”. Isso mesmo, “só isso”! Quando e como
já se viu, aproximadamente de 5% de torcedores do Flamengo com
camisas piratas?
Tiro duas conclusões: Primeiro, a torcida está
muito afim de contribuir com o clube, dado o crescimento expressivo
dos STs nos últimos dias; e em segundo lugar, elitizaram mesmo! A
elitização infelizmente veio para ficar, mas existem meios de se
reduzir, inclusive, como disse acima, reservando porcentagens de
ingressos a baixo custo. Na saída deu um nó na garganta quando a
torcida gritava “favela, favela, favela, festa na favela”! Eu
dizia pro meu primo e ele ria “”favela, favela, favela, ninguém
é da favela”! Não era mentira!
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!
P.S.: A diretoria não cumpriu mais uma promessa e
Zico não foi dar o toque Real na primeira partida do Flamengo no
retorno do Maracanã. Nem se explicaram, nadinha. Foi legal o
Bandeira comemorando, zoando, mas cadê o Amarildo? Ops, cadê o
Zico?