Buongiorno, Buteco! Que jogo! A volta do Flamengo ao Rio e ao Maracanã não poderia ter sido mais dramática e apoteótica. E o Flamengo não poderia ter perdido. Teria sido "criminoso", tomando emprestada a expressão utilizada por Mano Menezes. Apesar do Botafogo melhor tecnicamente e superior no jogo no primeiro tempo, e apesar da arbitragem querendo acabar com o tabu da invencibilidade rubro-negra em brasileiros contra o adversário vira-latas, o Flamengo mostrou que é maior, que manda no Maracanã e, como bem disse o meu amigo RNT, o empate acabou tendo gosto de Guaraviton para o Botafogo. Teve até o Seedorf demonstrando inegável identidade com seu clube, chorando sem motivo ao final do vergonhoso fracasso com ajuda da arbitragem. O empate, para o Flamengo, teve um sabor de virada, até porque marcou três gols, dois deles absolutamente lícitos, e ao final desfrutou um momento de êxtase e catarse dos jogadores com a torcida. Em meio a isso, um jogador parece despontar como candidato a ídolo dessa torcida tão carente de jogadores que se identifiquem com o Manto Sagrado e se entreguem dentro de campo: Elias.
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Passada a emoção da partida, é preciso refletir a respeito do que ocorreu no primeiro tempo. O Botafogo, com sua linha de quatro, formada por Gilberto, Lodeiro, Seedorf e Vitinho, dominou amplamente o meio de campo. Mesmo quando o Flamengo ia ao ataque, o Botafogo desarmava nossos jogadores com três em um, além de sua zaga ganhar com firmeza todas as divididas. Independentemente do planejamento tático de Mano não ter dado certo, estou convicto de que os nossos jogadores pareceram intimidados. É preciso apurar o motivo. Foi o Seedorf? Temos jogadores demais com pouca experiência? O que ocorreu? Destaque negativo para Diego Silva e Paulinho, que tudo erraram, e para Gabriel, completamente nulo em campo. O Botafogo criou várias chances e perdeu a oportunidade de construir um placar elástico. O Flamengo foi medroso, inseguro e irreconhecível.
No segundo tempo, o time se transformou por completo. As entradas de Adryan e Luiz Antonio nos lugares de Diego Silva e Gabriel (que pediu substituição) deram resultado. Mano segurou um pouco Paulinho e liberou Elias para avançar. Adryan e Elias foram os principais finalizadores do Flamengo no segundo tempo. Elias, obviamente, precisou de cobertura para executar essa função. Acredito que por isso Paulinho não foi substituído. Adryan fez sua melhor partida pelo Flamengo, apesar de não ter marcado gol. Foi consistente e participativo durante toda a segunda etapa. A equipe criou inúmeras oportunidades, encurralou o Botafogo em seu campo como um time pequeno e marcou três gols, dois deles anulados, um ilegalmente. O melhor do time foi Elias, que no ataque marcou os três gols e na defesa passou a ser auxiliado por um seguro e técnico Luiz Antonio, o qual não pode, de maneira alguma, ser banco para Diego Silva, embora o prefira mais adiantado, caindo pela ponta direita.
O Flamengo do segundo tempo foi uma convergência de alterações no plano tático, técnico (substituições) e em nível de atitude dentro de campo. Foi valente. Foi raça, amor e paixão, e por isso a torcida o carregou para a vitória, construída de fato e legalmente, porém ilegalmente impedida por Péricles Bassols e seu assistente.
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Não é novidade para quem acompanha o Buteco que eu critico a forma como o elenco e o time foram montados em 2013. O conceito bom, bonito e barato é fruto das condições financeiras nas quais o clube foi "herdado" pela Diretoria atual, o que precisa ser compreendido pela torcida, que não deve esperar, esse ano, por reforços caríssimos ou por um desempenho maravilhoso da equipe. Nem por isso a montagem do elenco e principalmente do time titular deixou de ser defeituosa, sob o ponto de vista da efetividade. Individualmente foram contratados bons jogadores a baixo custo, tendo a Diretoria aproveitado boas oportunidades de mercado. O problema é que não se pensou no conjunto, no coletivo, especialmente como esse time marcaria gols. O fato de pouco criar e pouco finalizar não deve causar surpresa se analisarmos que os jogadores, individualmente, são bons e poderiam jogar bem em qualquer time, mas juntos são muito pouco efetivos no quesito mais importante do futebol: o gol, que está longe de ser um mero detalhe.
O segundo tempo de ontem mostrou que Adryan começa a amadurecer e, indiscutivelmente, é um dos jogadores do elenco que melhor finaliza. Sem reforços para o setor, Mano terá que pensar seriamente em efetivar Adryan como titular. Não dá mais para entrar em campo com um time que joga na tática do "arame-liso", apenas cercando sem agredir o adversário. Por outro lado, Elias, que, nesse time, também executa bem a função de finalização, inclusive dentro da área, precisa de uma cobertura eficiente, pois é segundo volante. É compreensível que Paulinho, que fez péssima partida ontem, não tenha sido substituído por isso. Porém, Mano deve ter em mente que Paulinho é um ótimo jogador para compor elenco, mas não pode ser erigido à categoria de insubstituível. Não há a menor razão para tanto. Alternativas precisam ser encontradas para a aplicação tática de Paulinho e para a cobertura aos avanços ao ataque de Elias ou mesmo para trocas de posição e alterações táticas durante as partidas. O certo é que Adryan e Elias, e depois André Santos, podem ajudar o Flamengo a começar a marcar mais gols.
Acredito em vitória contra o Bahia. Espero ver um time seguro, com pegada e sem medo durante os noventa minutos.
Bom dia e SRN a todos.