sábado, 18 de maio de 2013

Um Chupa Kabra no Sertão do Cariri em Busca de um Amigão


Após o inusitado episódio “Um Chupa Kabra nos Aflitos”, na segunda-feira saí de João Pessoa com destino a Campina Grande. No caminho, passei por Cabaceiras. Não é exatamente o caminho mais curto (tanto que para chegar a Cabaceiras se passa por CG), mas é o mais legal. Conhecer Cabaceiras, a cidade onde menos se chove no Brasil, no sertão do Cariri, era algo que despertava minha curiosidade fazia já algum tempo. O lugar foi cenário de várias produções cinematográficas, além de novelas e minisséries. Parece que toda vez que alguém precisa gravar alguma cena no sertão Cabaceiras é a cidade escolhida.





                                       

Cajazeiras, a Roliúde Nordestina, com seus Mandacarus e lajedos.

Além disso tem forte produção artesanal de artigos feitos de couro de bode, esse bravo e saboroso habitante da caatinga (como sabem, eu prefiro cabras; mas não se pode negar que um bode guisado tem seu valor). E entre conversas com os figurantes das muitas cenas ali gravadas, uma cachaça da região, uma carne de sol assada com feijão verde e macaxeira aprendi que o chapéu do sertanejo, ao contrário da maioria de seus pares, não tem como finalidade principal a proteção contra o sol, e sim contra os galhos espinhosos da caatinga. Portanto está mais para um duríssimo capacete do que para chapéu.

Lajedo de Pai Mateus, e vista desde a grota onde vivia o próprio

E entre uma cerveja e um bode assado com xerém (um creme de milho verde) e purê de gerimum, soube que ali habitaram há muito tempo atrás os índios cariris, e antes deles outros moradores que deixaram muitas inscrições rupestres, desenhos e palmas de mãos gravadas nas rochas da região. E assim passamos os dias, caminhando por trilhas na caatinga, fotografando sua fauna, descobrindo maravilhas. Dois dias e 4 kg depois deixamos o sertão para subir a serra da Borborema de volta a Campina Grande a tempo do aquecimento pré-jogo.
















CK junto a registros pré-históricos, de olho nas cabras e vendo espetacular erosão eólica em rio seco.

Já havia comprado um ingresso para a Dama que me acompanha por toda terra que passo, portanto só faltava retirar o meu, cortesia do marketing do Flamengo, no Bar do Cuscuz. O ingresso me foi dado pelo Nunes, e foi muito legal chegar perto do ômi. Depois dos protocolares agradecimentos pelas glórias e alegrias, a primeira pergunta: “vc acha que o Hernane faz jus ao apelido Hernunes?” A elegante resposta veio por tras de um incontido sorriso: “Ele é novo ainda, tem um longo caminho a percorrer”. Em bom português “tu tá maluco, o cara não sabe jogar bola!!!!”. Aí comentei com ele que não é só meter gol que me impressionava e cativava nos anos 80, mas aquela capacidade de abrir pelas pontas levando junto os zagueiros, receber o passe e meter na cabeça do Zico que entrava pela despovoada área. “Quantos gols desses você deu pro Zico?” Aí o sorriso foi de orelha a orelha: “Vááários!!!” E complementou: “mas ele me deu alguns também, então estamos quites”. Muito, mas muito figura o Nunes. Isso enquanto tirava a duocentésima quadragésima sétima foto com fãs (não sei colocar o símbolo ordinal, por isso fui obrigado a gastar o verbo aqui).


Como é, CK?? Hernanes joga mais que eu?? Tá fumando kabra vencida?

Detalhe que o ingresso que me foi dado era para as cadeiras, de R$120. Como eu havia sido informado que a torcida do Fla iria ficar nas arquibancadas, comprei uma para minha esposa e aí tive que pedir um downgrade no ingresso, embora agradecesse muito a gentileza. No final, tinha torcida do Fla nas cadeiras, nas arquibancadas sombra, nas arquibancadas sol, no poste dos refletores, nas marquises, no alambrado, por todo canto.


Esse é o setor dominado pela torcida do Mengão, e se chama Brasil. Inteiro!

Fila interminável mas extremamente ordenada para entrar, espaço para todos dentro do estádio, saída relativamente rápida, tudo tranquilo e na paz. O povo paraibano é extremamente gentil e amável, em que pese a fama de bravos. Quanto ao jogo, vaiei e xinguei o Renato o tempo todo, antes das faltas, na hora dos gols, quando foi substituído, o tempo todo. O que não se faz por uma colega de Buteco... Ao contrário da maioria gostei muito do Rafinha e do Gabriel. Ele voltam muito para marcar, o tempo todo. Teve contra-ataque que eles não participaram porque estavam lá na bandeirinha de escanteio do campo de defesa. O Elias, também ao contrário da opinião de muitos aqui, foi outro que marcou muito, roubou muitas bolas e coordenou a cabeça da área. Hernane ao vivo é muito, mas muito pior do que na TV. E o time do Campinense pode ser arrumadinho, mas falta muita categoria para os jogadores. Ninguém conseguia acertar um chute no gol, impressionante. Grossos mesmo, extremamente grossos. Do goleiro ao ponta-esquerda, passando pela xuxa do meio-campo. Por isso foi preocupante ver o Fla perder tantos gols como perdeu. Era preciso, frente a tamanha disparidade técnica e física, ter goleado impiedosamente a rapaziada esforçadinha do Campinense, que dependendo de seu desempenho no estadual pode participar da série D do Brasileirão.

Na saída do estádio pegamos um táxi direto pro hotel, não sem antes encarar um... bodinho guisado acompanhado por uma muito gelada cerveja, que ninguém é de ferro.

CK