sexta-feira, 17 de maio de 2013

Andando para trás

Durante todo o tempo em que o Flamengo ficou só treinando após a eliminação do campeonato carioca, me peguei várias vezes recordando a situação semelhante pela qual o time passou na temporada passada. Naquela ocasião, foram aproximadamente 40 dias entre a eliminação do campeonato carioca e da Libertadores e a estréia no campeonato brasileiro e findo o período de "treinos" o time parecia ainda pior do que antes.

A fraca apresentação diante do Campinense aumentou consideravelmente as dúvidas sobre a capacidade do Jorginho de dar uma cara a esse time, apesar da evolução que aconteceu nos jogos anteriores. O problema é que, após duas semanas dedicadas, teoricamente, a treinos táticos, físicos e de fundamentos, o time se mostrou menos eficiente em tudo, com exceção da disposição em campo.

O time não mostrou a mesma compactação que vinha apresentando nos últimos jogos, ficou um espaço enorme entre os volantes, a defesa bateu cabeça e o ataque não teve nenhuma criatividade. Neste setor, prevaleceu a partida ruim do Gabriel e do Rafinha, algo normal por se tratarem de garotos e também pelo fato de o time não ter uma sequência de jogos. Me chamou atenção também o posicionamento confuso no meio de campo, tanto com o Amaral quanto com o Luiz Antonio correndo de um lado para o outro, sem nenhuma organização na marcação.

A falta de criatividade do time permanece um problema crônico e agravado pela falta de jogadas ensaiadas. Os jogadores do Flamengo demonstram não fazer idéia de para onde correr, como se posicionar ou que tipo de jogadas buscar para atacar o adversário. O jogo do time se baseia em inversões de bola de um lado para o outro e, ocasionalmente, nas escassas arrancadas do Leo Moura pela direita.

Na falta de um camisa 10 - não só ao Flamengo, mas ao futebol brasileiro em geral - torna-se fundamental a organização de jogadas de ataque pelo treinador e sua repetição exaustiva nas sessões de treinamento. Não precisam ser 10 jogadas sensacionais, com inversões ou deslocamentos complexos. Bastam duas ou três jogadas simples que o time possa buscar executar durante os jogos levando perigo ao adversário. Uma tabela entre o Rafinha e o Leo Moura envolvendo o lateral adversário e cruzando tendo o Hernane e o Renato Abreu fechando pelo meio, por exemplo, já seria alguma coisa. De novo, não precisa ser complexo, mas precisa ser executada e bem, durante o jogo. Basta lembrar que o Grêmio do Felipão chegou ao mundial de clubes com Paulo Nunes e Arce cruzando para o Jardel empurrar pro gol.

Para encerrar, sei que vou mexer num vespeiro mas não tem como não falar do ataquezinho do Renato ao ser substituido. Não quero discutir se o cara vinha jogando bem ou não nem a importância que tem para o grupo, sua história no clube etc, etc, etc. Independente da gana, da vontade de vencer e do fato de ninguém que joga bola gostar de ser substituído, um profissional de futebol não pode se comportar daquela maneira. Se o Renato ainda quer ser visto como o líder do grupo, que tipo de exemplo ele deu para o Rafinha, que foi substituido junto com ele e estava quietinho, sentado ao seu lado no banco de reservas?

A postura do Jorginho ao esvaziar a importância do fato nas coletivas após o jogo foi muito inteligente, desarmando imediatamente um foco que provavelmente seria explorado pela imprensa, ávida por crises no Flamengo. Ótimo, que o assunto seja resolvido internamente, como sempre devem ser tratadas todas as questões referentes ao comportamento dentro do departamento de futebol. É fundamental, no entanto, que o jogador seja punido para que sirva exatamente de exemplo para que outros não resolvam dar ataques quando forem substituidos.

abs e SRN!