Buongiorno, Buteco, e um bom início de semana a todos! Como o futebol deu um tempo nesse final de semana e o time treina para a primeira rodada da Copa do Brasil, resolvi explorar na coluna de hoje um tema que foi objeto de interessante troca de ideias entre os amigos durante a semana. O aproveitamento dos nossos valores da base tem sido assunto de constantes frustrações, dúvidas e questionamentos. Fica sempre a impressão de que algo de diferente poderia ser feito. Longe de ter a pretensão de apresentar uma solução mágica para tema tão vasto e complexo, é interessante debatermos com base em alguns números, estatísticas e informações dos valores das duas gerações mais badaladas que tivemos nos últimos tempos: as campeãs das Copas São Paulo de 1990 e 2011.
Na minha opinião, a utilização da geração campeã da Copinha de 1990 durante o Campeonato Brasileiro de 1992, no qual o Flamengo se sagrou campeão, oferece um interessante paradigma que pode ser repetido no Campeonato Brasileiro de 2013, desde que tomados alguns cuidados. Naquele time, muitos jogadores foram utilizados, a maioria como peças de reposição, ou seja, reservas, e apenas três foram titulares até o final do campeonato: Júnior Baiano, Piá e Nélio. E desses três, apenas Júnior Baiano teve uma carreira vencedora, com vários títulos importantes nos cenários nacional e internacional, tendo inclusive disputado uma Copa do Mundo como titular até a finalíssima. O detalhe é importante, pois significa que os outros dois foram jogadores úteis durante a campanha, mas nem por isso tiveram carreiras de destaque, algo que pode perfeitamente ocorrer no time desse ano. Nélio, por sinal, ainda jogou muito tempo no Flamengo, assim como Marquinhos e Fabinho, que durante os anos seguintes compuseram o elenco, ora como titulares, ora como reservas, até se transferirem pra outros clubes. Os três acabaram se tornando jogadores de bom nível, mas longe de se sagrarem craques ou mesmo jogadores de grande destaque.
Por outro lado, alguns jogadores que não foram titulares naquela campanha saíram mais cedo e brilharam em outros clubes deixando a certeza que faltou algo no Flamengo para que pudessem ter mostrado esse futebol com a camisa rubro-negra. São os casos, notórios, de Djalma Dias, o Djalminha; Marcelinho Carioca e Paulo Nunes. Os três tiveram carreiras importantes, conquistaram títulos e ao menos os dois primeiros tinham nível técnico mais do que suficiente para vestir a camisa da Seleção Brasileira. Tudo isso poderia ter ocorrido dentro do Flamengo. Deixando de lado os dirigentes da época e sua mentalidade que, felizmente, não mais predomina na Gávea, é interessante comparar a situação dos atletas da Copinha de 1990 com os da Copinha de 2011.
Disputaram o Brasileiro de 1992 Djalminha (21 anos), Fabinho (22 anos), Júnior Baiano (21/22 anos), Luis Antonio (21/22 anos), Marcelinho Carioca (21 anos), Marquinhos (21 anos), Nélio (21 anos) e Paulo Nunes (20 anos). A média de idade, como vocês podem ver, era de 21 (vinte e um) anos, tendo uma exceção para mais, outra para menos. Já no caso do elenco atual, tudo indica que disputarão o Brasileiro 2013 Adryan (18/19 anos), Frauches (20/21 anos), Igor Sartori (19 anos), Lorrain (19 anos), Luiz Antonio (22 anos), Lucas (21 anos), Rafinha (20 anos), Recife (18/19 anos), Rodolfo (20 anos), Thomás (20 anos) e Vitor Hugo (19 anos), sendo oportuno destacar que Gabriel, recém contratado ao Bahia, já tem 23 (vinte e três) anos. Apenas a título de curiosidade, dentre os recém negociados, Mattheus teria 19 (dezenove) anos, Muralha 20 (vinte) e Negueba 21 (vinte e um).
É fácil perceber que a geração atual está sendo lançada mais jovem, fruto de mudanças ocorridas no futebol desde 1992 até hoje, a mais forte delas a "Lei Pelé" e a consolidação da figura do empresário de atleta profissional de futebol, que faz com que jogadores ainda em formação, na base, com pouca idade, já tenham contratos semelhantes aos de um atleta profissional e adulto. Tinha razão, portanto, o amigo @jeancarlo ao ressaltar essa diferença. Em alguns casos, creio ser proibitivo fazer julgamentos definitivos, para o bem ou para o mal, sendo o mais claro deles o de Adryan, que disputará a maior parte do campeonato com 18 (dezoito) anos, somente completando 19 (dezenove) em outubro. Em todos os outros casos, da mesma forma, é recomendável muita parcimônia e atenção nas avaliações, dado o histórico de dispensas e negociações infelizes com a geração da Copinha de 1990. Como Djalminha e Marcelinho já eram titulares quando foram negociados, creio que o melhor exemplo seja o de Paulo Nunes, que atravessava péssima fase, dava impressão que não resultaria em anda, e foi vencedor, decisivo e importantíssimo para Grêmio e Palmeiras após sair do Flamengo. O assédio que sofrem os clubes por parte de coirmãos e de empresários é difícil, mas acho que a Diretoria atual está agindo bem ao manter no elenco os jovens e ter paciência para aguardar o término de suas formações.
O time de 1992 tinha jogadores experientes e em sua maioria vencedores no elenco, que foram importantes referências e a base para o time titular. Foram os casos de Gilmar, Charles Guerreiro, Wilson Gottardo, Uidemar, Zinho e Gaúcho, além do imortal "Maestro" Júnior. Daí a importância que terão as contratações a serem feitas esse ano pela Diretoria, que admite não poder errar em qualquer delas. Pedindo então que São Judas Tadeu ilumine as decisões dos nossos dirigentes, despeço-me sugerindo a todos os amigos um voto de paciência e esperança com essa geração.
Bom dia e SRN a tod@s.