Depois
da ridícula e constrangedora entrevista do Ministro do Esporte
no Roda Viva de 08/04/2013 ficou notório que o Flamengo deve ficar
cada vez mais longe do Estado para que se fortaleça e resista a
tempestades e terremotos da política tradicional.
FLAMENGO,
ESQUEÇA
DO MARACANÃ.
Seria possível se construir um estádio na Barra da Tijuca, em um
lugar espetacular, no finado parque Terra Encantada. O custo total do
estádio poderia chegar a no máximo R$ 600.000.000,00 (incluindo
cessão do terreno, com algum tipo de escambo comercial). Para
iniciar a comercialização e construção do estádio existem alguns
aspectos importantes a se considerar, como Aluguel
de camarotes, lojas e cadeiras cativas (concessão por período),
direito de nome do estádio (Naming Rights) e isenção fiscal (este
assunto é mais complexo e não será abordado). Outras opções como
a venda de ingressos facilitados (carnês e programa de
relacionamento, sócio torcedor) e a comercialização de serviços e
produtos licenciados no dia de jogo (matchday) estão inclusas e são
válidas. O ideal é que se pague todo valor do estádio ajudado por
um financiamento, que garantiria a liquidez do negócio.
A
captação de recursos para a construção se iniciaria pelos
camarotes do estádio, para o período de Cinco anos de
concessão, e logo depois do término do período uma nova rodada de licitações (de preferência eletrônica) para a cessão dos camarotes, mas por períodos mais curtos, três anos. Inicialmente, seriam os 140 camarotes com capacidade total para 2200
pessoas teriam o valor total de R$ 99.000.000,00. Cheguei a estes
valores com os seguintes cálculos: direito a cinco eventos/jogos por mês
em média (incluindo-se shows), limitação de período por 60 meses (tempo do aluguel, cinco anos),
capacidade do local (nº de pessoas) e o valor estipulado para o
ingresso, diferenciados de acordo com a capacidade (sem inclusão de
taxa de manutenção ou condominial). Os camarotes/salas poderiam se transformar em
escritório, sala de reuniões, de relações pessoais e
comerciais, ao gosto do locatário, não apenas em dias de jogos, até
porque as lojas dentro do estádio funcionariam em pelo menos 350
dias no ano. Números:
Capacidade
|
Meses
|
Aluguel
(R$)
|
Evento/Média
|
Total
(R$)
|
Camarotes
|
Total
Setor
|
10
pessoas
|
60
|
200
|
5
|
600.000
|
50
|
R$
30 MM
|
15
pessoas
|
60
|
175
|
5
|
787.500
|
40
|
R$
31,5 MM
|
20
pessoas
|
60
|
125
|
5
|
750.000
|
30
|
R$
22,5 MM
|
25
pessoas
|
60
|
100
|
5
|
750.000
|
20
|
R$
15 MM
|
Não se inclui a taxa condominial nesta conta, está só valerá quando, obviamente o estadio estiver em funcionamento (a taxa de manutenção também assim como a taxa de entrega das chaves, todas sem contar os impostos). O
Emirates Stadium é um modelo a ser observado, por toda sua estrutura e conceito dos
camarotes. São 150 camarotes com capacidades de 10, 12 e 15 pessoas.
No
modelo que proponho não existiria o segundo nível (exemplo do Emirates), em grená na
ilustração, ali se encontram as cadeiras cativas do estádio londrino e estão fixas,
setorizadas. As cadeiras cativas estariam distribuídas pelo estádio. A disposição das poltronas se daria em quatro
setores (Leste, Oeste, Norte, Sul) e dois níveis (inferior e
superior) com os camarotes no meio diferenciando as posições e preços, setorização:
Posição
|
Capacidade
|
Norte
Inferior
|
4.000
|
Sul
Inferior
|
4.000
|
Norte
Superior
|
7.500
|
Sul
Superior
|
7.500
|
Leste
Inferior
|
6.000
|
Leste
Superior
|
12.000
|
Oeste
Inferior
|
6.000
|
Oeste
Superior
|
9.775
|
Camarotes
|
2.200
|
Cadeirantes
|
150
|
Acompanhantes
(cad.)
|
150
|
Imprensa
Individual
|
1.000
|
Imprensa
Cabines
|
1.225
|
Tribuna
de Honra
|
100
|
Total
|
61.600
|
Total
Comercializável
|
58.975
|
A
“venda” das cadeiras cativas se daria em 15% dos locais
comercializáveis, a concessão é de 120 meses e a distribuição
seria por todo o estádio, não apenas em um único setor (ex. Emirates). As taxas de manutenção seriam anuais e só seriam cobradas a partir da inauguração. Para que se construa é uma verba importante, fundamental para o planejamento. Como nos camarotes, calculei os preços de acordo com posicionamento e numero de eventos e o tempo do aluguel. O exemplo mais próximo é o do São Paulo na construção do Morumbi, que vendeu cadeiras cativas para sua construção, além de ceder o Canindé para a Portuguesa:
Setor
|
Cativas
|
Eventos
|
Valores
(R$)
|
Prazo
|
Cadeira
(R$)
|
Parcela
30 x
|
Totais
R$
|
Norte
Inferior
|
600
|
5
|
30
|
120
|
18.000
|
R$
600,00
|
10,8
MM
|
Sul
Inferior
|
600
|
5
|
30
|
120
|
18.000
|
R$
600,00
|
10,8
MM
|
Norte
Superior
|
1125
|
5
|
40
|
120
|
24.000
|
R$
800,00
|
27
MM
|
Sul
Superior
|
1125
|
5
|
40
|
120
|
24.000
|
R$
800,00
|
27
MM
|
Leste
Inferior
|
900
|
5
|
60
|
120
|
36.000
|
R$
1.200,00
|
32,4
MM
|
Leste
Superior
|
1800
|
5
|
50
|
120
|
30.000
|
R$
1.000,00
|
54
MM
|
Oeste
Inferior
|
900
|
5
|
60
|
120
|
36.000
|
R$
1200,00
|
32,4
MM
|
Oeste
Superior
|
1466
|
5
|
50
|
120
|
30.000
|
R$
1000,00
|
44
MM
|
Totais/Média
|
8516
|
5
|
45
|
120
|
27.000
|
R$
900,00
|
238,4
MM
|
O
total é de 8.516 cadeiras cativas à se conceder com o valor de R$
238.400.000,00. O pagamento deveria ser executado em no máximo três anos (30 meses) para o financiamento da construção (projeto). Com esta concessão o Flamengo teria lucro, já que o
valor do assento médio geral é de R$ 10.173,80 (custo estimado em
600 milhões e público pagante total de 58.975 pessoas), no geral o torcedor também, já que os preços podem subir à medida que o estadio obtenha sucesso, porque o preço médio do acento é de aproximadamente R$ 27.000,00. Os
compradores dos assentos teriam um desconto considerável em
ingressos, obviamente, por participar diretamente do projeto sem reajustes nos preços pelos dez anos de utilização. Não
estão inclusos no valor descrito acima cálculos com taxas anuais de manutenção e possíveis juros no
parcelamento do assento.
Uma
terceira receita importante seria a venda de lojas, como ocorre em
shopping centers, que trariam novas receitas. No caso seriam 50 lojas
de 100 m² vendidas por R$ 10.000,00 o m² com a receita total de R$
50.000.000,00 (as lojas de Shopping tem em média 75m² e o custo do
m² é de aproximadamente R$ 9.000,00, além
de o
preço médio do condomínio ser
de R$
30,00 o M² ou de uma
porcentagem sobre o faturamento, mais
uma fonte de receita com o estádio pronto).
Somados a isso teríamos ainda a construção de
60
bares (concessão/aluguel, lucro partilhado) por dois anos, quatro
bares/restaurantes temáticos operados pelo Flamengo e
o estacionamento para 10% da capacidade ou 6.000 vagas, com novas
tecnologias que evitem vagas ociosas (concessão/lucro partilhado).
Apenas com
as receitas de camarotes e lojas, cadeiras cativas, se atingiria a
aproximadamente 65% do valor total para a construção do estádio,
R$ 387.400.000,00,
o restante viria dos direitos de nome e de um financiamento.
Com
todo somatório de público, camarotes e cadeiras cativas existiriam
8516 pessoas com lugares garantidos para os próximos 10 anos mais
2200 vagas em camarotes, ou seja, 10716 "ingressos a menos para se vender”, sobrando 48.259 ingressos disponíveis. Destes poderiam ser comercializados 40.000 prioridades para os futuros Sócios
Torcedores (ou inseridos em programas de relacionamento do clube) e
em carnês para a temporada. Para o público comum, ocasional, permaneceriam “apenas” 7.096, que seriam
comercializados como “match day”, por valores mais altos (normal
por isso o incentivo ao ST), caso o estádio esteja lotado. Deste
modo se minimizam os lugares vazios. Se o “ideal” for alcançado.
Os
Naming Rigths pelos primeiros 15 anos do estádio, depois do que foi
visto pela "nova" Fonte Nova e pelo que se diz da Arena
Pernambuco
(que será do Náutico),
podem
giram em torno de R$ 15.000.000,00/ano, num total de R$
225.000.000,00. Surgiria um aparelho esportivo novo, No
Rio de Janeiro, sustentável
com um financiamento via BNDES ou outro banco, e/ou uma parceria com
uma construtora como nos casos do Grêmio e Palmeiras. O que ocorreu
com o Arsenal (Inglaterra) é improvável de se repetir, mas não
impossível, mesmo
se sabendo da possibilidade
de ficar com Wembley, preferiu construir um estádio novo,
tendo
a
“sorte” da Emirates bancar o estádio e dar nome a ele por 20
anos. Um modelo que muito me agradou foi o do estádio do Barcelona
de Guayaquil, que se pagou a construção apenas com a venda dos
camarotes e áreas comerciais e
o do já citado Morumbi, construído na década
de 1970.
Existem
outros aspectos a se considerar como a diminuição dos custos, a
economia energética e
o posicionamento da torcida visitante.
Particularmente, projetaria toda a iluminação do estádio por LED
(exceto os refletores) e sensores de presença, captação de água e
energia solar e eólica, utilização de energia por gás natural,
assim quando existir algum problema de abastecimento elétrico, o gás
natural serviria como um gerador de energia suplementar. O sistema
existe, não é novo nem complexo. Um shopping center no Rio de Janeiro é
abastecido por gás em 80%, mais barato do que a energia elétrica,
isso poderia reduzir alguns custos, entre outras alternativas.
Sobre
o posicionamento dos visitantes no estádio, eles teriam
no máximo 5% da carga total de ingressos, ou seja, 2950 entradas.
Neste local seriam fixadas cadeiras antivandalismo, assim como nas
cadeiras Norte Inferior e Sul Inferior, com o modelo das cadeiras
verdes do antigo Maracanã, sem o encosto e “grampeadas” no chão,
possibilitando que os torcedores “torçam” de pé. Os visitantes
ficariam na parte mais extrema das arquibancadas acima da imprensa,
como fazem Barcelona e Real Madrid em seus estádios.
Na
primeira imagem, se prestarmos atenção o estádio do Engenhão está em cima do terreno do
Parque Terra Encantada,
na Barra da Tijuca, um local em que não faltará transporte público,
principalmente após as construções viárias para os jogos
olímpicos (Metrô e BRT, que passará em frente ao estádio). O projeto teria
dimensões similares
do
Emirates e do Engenhão (ainda não finalizado), que tem a capacidade total de
60.000 pessoas, por isso pedi ao blogueiro Thiago
Gonçalves que
fizesse a “transposição” do estádio municipal, por
photoshop, para
um “terreno real”. Proponho
um modelo misto, com financiamento, somados à venda do direito de
nome e a locação das áreas pelo Flamengo (lojas, bares,
publicidade, camarotes e cadeiras cativas), se
possível com isenções fiscais.
O principal é que haja planejamento, o Flamengo pense seriamente no assunto, deixando de lado o Maracanã, com seus custos e possíveis problemas construindo uma casa, um outro estádio, mas SEU. Não tenho dúvidas que no Terra
Encantada ficaria ótimo!
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!