Seria
fundamental para o aumento de receitas e do patrimônio do Flamengo a
construção de um estádio próprio. O Grêmio já construiu e o
Palmeiras está terminando seu estádio com recursos próprios
(ambos); Internacional, Corinthians, Náutico, Atlético-PR irão se
aproveitar da passagem da copa do mundo pelo Brasil; São Paulo,
Santos, Vasco, Sport, Coritiba, Figueirense e Avaí tem projetos para
a modernização e/ou a construção, gerando receita a seus cofres;
Atlético-MG tem o Estádio Independência e o Cruzeiro o Mineirão.
“Todos”
caminhando e o Flamengo esperando por um Maracanã que terá
custos altos após sua
reconstrução.
Com
os clubes
alijados da licitação, se
transformado em “meros
produtos”, sem
ser “sócio”
do empreendimento, dois
aspectos ficam óbvios: o Flamengo deve ter sua casa e capitalizar com todos os recursos que um estádio moderno pode trazer, mas com cuidado, a licitação (e a interdição)
do Engenhão corroboram com o que eu digo. Um estádio NOSSO
para
60.000 pessoas ficaria de ótimo tamanho já
que o estádio
é um dos pilares econômicos do futebol e isso obriga a quem não
tem sua casa a se organizar de alguma forma, melhorar a gestão para
uma construção que nunca é fácil, rápida e barata.
Achei
estranha a saída do Flamengo da licitação do Engenhão, em 2007,
exatamente por estar de olho no Maracanã, como agora, coisa que
ainda não se concretizou e não sabemos se um dia se concretizará.
Penso que teríamos uma boa situação em relação ao planejamento,
até porque duvido que houvesse tanta reclamação se o estádio
fosse do Flamengo (não se sabia que o estádio recem construído se
tornaria uma bomba). Não estaríamos sofrendo bullying por nunca
encher ao estádio (Botafogo) e muito dessa situação existe por uma
propaganda negativa sobre o estádio. A boa temporada no estádio da
Portuguesa, na Ilha do Governador em 2005, serve como contraponto e
com todas as dificuldades possíveis o público era melhor. Não
quero aqui dizer que o estádio do Botafogo seja cinco estrelas, mas
poderia ser melhor tratado por todos.
O
futebol italiano serve de parâmetro em muitos sentidos, inclusive
para a reconstrução em andamento no futebol brasileiro. O Calcio
está perdendo espaço para o futebol alemão, mais
organizado, rentável (a média de ocupação dos estádios alemães
é de 85%). Fora de campo os italianos não são mais exemplos de
modernidade administrativa, ao contrário dos alemães atualmente que
hoje só estão atrás dos ingleses. O primeiro clube a perceber isso
e se movimentar foi a Juventus de Turim, desembolsando R$
276.000.000,00 num estádio para 41.000 pessoas. O clube mais popular
da Itália se encontra no Top 10 dos mais rentáveis do mundo, sendo
único de seu país nas quartas de final da Liga dos Campeões da
Europa, com seu estádio trazendo retorno técnico e comercial e
preenchendo a lacuna das velhas arenas italianas. É possível se
construir um estádio rubro-negro para 60.000 pessoas ao custo de R$
600.000.000,00 incluindo-se a compra de um terreno (explicarei com
mais detalhes no próximo post).
Estádio
|
Local
|
Publico
|
Custo
(R$)
|
Assento
(R$)
|
Juventus
|
Itália
|
41.000
|
276.000.000
|
6.732
|
Mainz
05
|
Alemanha
|
45.000
|
135.000.000
|
3.000
|
Emirates
|
Inglaterra
|
60.000
|
1.287.352.400
|
21.456
|
Engenhão
|
Rio
de Janeiro
|
46.000
|
400.000.000
|
8.696
|
Palestra
|
São
Paulo
|
47.000
|
420.000.000
|
8.936
|
Grêmio
|
Porto
Alegre
|
60.540
|
600.000.000
|
9.910
|
Dunas
|
Natal
|
43.000
|
413.000.000
|
9.600
|
Castelão
|
Fortaleza
|
67.037
|
518.600.000
|
7.736
|
Maracanã
|
Rio
de Janeiro
|
78.838
|
869.100.000
|
11.024
|
Itaquerão
|
São
Paulo
|
45.000
|
820.000.000
|
18.222
|
Um
caso peculiar e parecido com o nosso é o do Arsenal (Inglaterra)
que
tinha um estádio velho, obsoleto e
que
o
prejudicava comercialmente, o
Highbury Park. Com isso sediou partidas da
Liga dos Campeões no velho Wembley, pela capacidade maior. No final
da década de 1990 foi decidido que se sairia da casa tradicional e
com as candidaturas de Londres para os Jogos olímpicos, ficou
decidido
que Wembley seria modernizado. Surgiu
então,
a possibilidade da gestão compartilhada entre Arsenal e Tottenham,
exatamente como “esperam” Flamengo e Fluminense no Maracanã.
As
duas propostas foram votadas pelos sócios e
a construção
de uma nova casa foi a
opção vencedora,
muito por conta da pressão e visão de Arsene Wenger, treinador do
Arsenal até hoje. Durante a fase de projetos e captação de
recursos a empresa Aérea Emirates, entrando
no mercado europeu, se interessou e comprou literalmente o projeto de
construção
do estádio, ficando com o direito de nome por 20 anos e patrocinador
principal por 10 anos. Com
o custo de 420
milhões de Libras era
o
“projeto certo, na hora certa”. Como
as empresas aéreas do Oriente Médio encontraram
a América
do sul, quem sabe, hein?
Nos
últimos campeonatos brasileiros a média de público do Flamengo tem
ficado na casa das 12.000 pessoas, 26,5%% da carga total do Engenhão,
onde
tem mandado seus jogos, pessimamente
administrado quando o Flamengo, já que tem a capacidade para 46.000
pessoas. Por
questões
de segurança geralmente são distribuídos algo em torno de 40.000
ingressos para que o publico fique em no máximo de 44.000 presentes.
Para chegarmos a média de público do Atlético-MG o “Campeão”
do ano passado o Flamengo teria que “colocar” no estádio 34000
pessoas por jogo, numa cidade maior e onde nossa torcida tem
algo em torno de Três
Milhões de torcedores,
mas esbarramos na falta de promoção do clube, em seus jogos,
relacionamento com o torcedor, que é péssimo e no preço dos
ingressos. Uma
família com quatro pessoas que
desejava ir
ao estádio gastava aproximadamente R$ 250,00 (Brasileiro de 2012):
“Ingredientes” da diversão | Custo |
Ingressos (dois adultos) | R$ 120,00 |
Adolescentes (meia entrada) | R$ 60,00 |
Bebidas – quatro refrigerantes | R$ 20,00 |
Cachorro-quente (pão e salsicha) - quatro | R$ 20,00 |
Gasolina (cinco litros) | R$ 15,00 |
Estacionamento | R$ 15,00 |
Total | R$ 250,00 |
Logicamente
não é o preço do ingresso que conta, mas é a parte que
sensibiliza diretamente ao (imaginário do) torcedor, que é rotativo
nos jogos. O serviço ao torcedor é que deveria ser a parte mais
importante, assim seria mais fácil um cliente sair de casa, já que
dificilmente um grupo de torcedores irá a todos os jogos de um
campeonato, ainda mais sem a venda de carnês. A
ocupação média e público pagante do Flamengo foi frágil,
apenas
8.800 pagantes, 25% de
ocupação é
um absurdo e pior fica quando constatamos ter a melhor média de
público como visitante. Com
preço médio de 20 reais e uma renda de R$ 226.740,00 para 11.598
pagantes,
que ainda pode ser dividida, penhorada e paga aos quadros móveis,
aluguéis e outros, exatos 29% de ocupação do estádio, melhor
seria termos 34.000 torcedores/por jogo (85% ocupação) mesmo a um
preço médio de R$ 12,00, além
do estadio
cheio para consumir aos produtos do clube, e
isso não é simples, reconheço.
Esta
era a realidade em 2012,
mas como relata a matéria do site “Estádios e Arenas”, machday
rende muito mais para o dono da casa
e o Flamengo NUNCA se utilizou deste “artifício”, se o fez foi
muito mal, senão teria continuidade, renderia
mais
aos cofres do clube. O dia de jogo gera renda direta com bilheteria e
imagem, porque
estádio
vazio não é bom, e talvez a propaganda negativa relacionada ao
Engenhão seja seu maior inimigo. Todas as propriedades possíveis de
um novo estádio como bares, lojas, e diversas outras formas de
arrecadação, receitas com shows e eventos, direito de nome,
facilitam a capitalização do clube com um estádio moderno e
adaptado a nossa (nova) realidade. Grande parte da torcida e a
direção do clube querem o Maracanã, e é inegável seu peso
sentimental e histórico para nós, mas jamais será igual, será
outro “lugar”, mas penso eu que o Flamengo voltaria ao seu
destino mais rapidamente com a construção de um novo estádio, um
caminho seguro, por mais incrível que possa parecer.
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!
P.S.:
A foto acima é do blogueiro Thiago Gonçalves, que "inseriu"
o estádio Independência em Minas Gerais, dentro da Gávea,
mostrando que é possivel um estádio pequeno para o Flamengo,
enquanto não se resolve a situação do Maracanã ou de uma casa
nova em dimensões maiores. Muito Obrigado pelas imagens Thiago!
P.S.2:
Uma outra solução, já publicada aqui, seria a construção de um
estádio tubular, temporário na Gávea, para 25.000 pessoas.
http://www.butecodoflamengo.com/2012/02/um-novo-campo-para-o-flamengo-parte-ii.html