Esse tema é a releitura,
adaptação de um post escrito em 2012 e chamado “Cruzando Dados”,
que se construiu quando li uma pesquisa do Instituto GPP
publicada no site Teoria dos Jogos,
em Abril de 2012. Depois lembrei de pesquisas feitas por mim, na
faculdade de Ciências Sociais na UFRJ, que utilizavam dados da
prefeitura e algumas do Governo do estado. Então foi unir a “fome
com a vontade de comer”. Como numa pesquisa acadêmica, muitas
vezes, por mais que você forneça (e tenha) as hipóteses e um
provável resultado, a própria pesquisa é que conduz o caminho,
este foi o caso. Os dados da Cidade do Rio de Janeiro
são oficiais e fornecidos na página eletrônica da prefeitura do
Rio de Janeiro e/ou do IBGE,
assim como os dados populacionais do estado do RJ.
Decidi entender porque o trabalho
de relacionamento do Flamengo com seus torcedores é tão fraco em
seu “próprio território”. As perguntas que volta e meia estão
presentes se dão a respeito do tipo de relacionamento com a
torcida/clientes, parceiros que sempre estiveram ao lado do clube.
Para a análise é importante o cruzamento entre regiões da cidade
(também estado) x populações, para que se saiba exatamente quantos
torcedores do Flamengo “existem” em cada lugar, nisso ajudam as
pesquisas de opinião (IBOPE, DataFolha, IGPP).
A pesquisa se dará em 12 regiões:
Litorânea, que chamarei de
Sul/Entorno do clube (Copacabana,
Lagoa, Botafogo, Rocinha); Centro
Norte (Tijuca, Vila Isabel);
Leopoldina
(Ramos, Penha, Irajá, Ilha do Governador, Maré, Complexo do Alemão,
Vigário Geral); Norte (Méier,
Inhaúma, Jacaré, Madureira, Anchieta, Pavuna); Central
(Portuária, Paquetá, Santa Tereza,
Rio Comprido, São Cristóvão); Jacarepaguá
(+ Cidade de Deus); Bangu;
Oeste (Barra,
Santa Cruz, Guaratiba, Realengo, Campo Grande, Pavuna, Anchieta);
Baixada Fluminense (Nilópolis,
São João de Meriti, Caxias, Guapimirim, Magé, Mesquita, Nova
Iguaçu, Belford Roxo, Itaguaí, Queimados, Paracambi, Seropédica,
Japeri); Periferia Norte, estado, que
chamarei de Oceânica/Ponte (São
Gonçalo, Niterói, Maricá, Itaboraí, Tanguá); Interior
I - Sul Fluminense + Região Serrana (Petrópolis,
Teresópolis, Nova Friburgo, Areal, São José do Vale do Rio Preto,
Sapucaia); e por Ultimo Interior II -
Norte Fluminense, Noroeste Fluminense e Baixada litorânea (Região
dos lagos e entorno).
A população da cidade do Rio de
Janeiro está distribuída em 41,5% na zona oeste, 38,0% na zona
norte e 20,5% da população estão nas zonas sul e central; tendo
6,3 milhões de habitantes, onde 3.017.700 são torcedores do
Flamengo. Restringindo-me a região administrativa VI, que circunda o
bairro da Lagoa, Gávea, tem exatamente, segundo o Censo 2010,
167.774 habitantes. Juntando ainda as regiões administrativas IV
(Botafogo), V (Copacabana) e XXVII (Rocinha) são mais 470.279
habitantes, num total de 638.053 pessoas. Não é pouco termos apenas
10.000 sócios? Neste universo, a proporção de sócios por
habitante é de 1:64, habitantes. Pela pesquisa, o Flamengo teria na
Zona sul da cidade, citada como região litorânea, aproximadamente,
220.128 torcedores, em uma proporção de 22 torcedores para cada
sócio, pouco.
Considerando baixar esta proporção
para que o clube social tenha 10 torcedores por sócio o clube
trabalharia com 22,012 sócios, mais do que o dobro do atual.
Pensando valores, com um preço médio estimado em R$ 150,00, que é
quanto pagaria um sócio contribuinte, pelo modelo explicado no
anteriormente (hoje o aluno paga R$ 80,00/mês, mais a modalidade, a mais barata o Remo por R$ 36,00 dois teinos/semana),
o Flamengo teria a quantia de R$ 3.301.800,00 por mês, R$
39.621.600,00/ano, mais de quatro vezes os nove milhões e meio de
reais arrecadados em 2011, Segundo balanço publicado.
Considerando a tabela acima (Os
dados populacionais da tabela são relativos ao Censo 2012.
Atualmente a estimativa de população é diferente, com 16.030.110
habitantes do estado do Rio de Janeiro, no Censo foram contabilizados
15.180.636 habitantes),
o Flamengo deveria se espalhar pela cidade, com quiosques do clube,
lojas credenciadas em pontos estratégicos (preferencialmente bares
temáticos acoplados às lojas oficiais do Flamengo), que venderiam
produtos oficiais, ingressos (de todas as modalidades), fazendo
pacotes do tipo compre um produto e conheça o atleta X, tarde de
autógrafos com o atleta Y, mais valor, parcerias ao longo do tempo
se capitalizando e mostrando que está perto do consumidor,
facilitando uma futura expansão pelo Brasil em uma rede de
franquias.
Com uma proporção aproximada de
uma loja para cada 200.000 torcedores aproximados, seriam 35 lojas,
pontos de venda de Flamengo. O tamanho médio de uma loja em shopping
centers no Brasil é de 70 m², mas se trata apenas de um exemplo,
porque o ideal é que se faça uma dobradinha entre uma loja + bar
temático, onde poderiam se encontrar as embaixadas, representações
do clube pelo Rio de Janeiro (e depois pelo país), isso
independentemente de ser instalar o “módulo” em shopping center
ou nas ruas.
Esta dobradinha (loja/bar) poderia
representar a “saída do buraco” e com todos os dados descritos
acima, melhor se padronizada, “fixa” garantindo a replicação da
qualidade do serviço a ser prestado. A loja seria do “tipo”
FlaConcept, em tamanho reduzido em 150 m² (a Megaloja da Gávea tem
1.300 m² e é a terceira maior do mundo, para clubes de futebol) e o
bar com 450 m², totalizando 600 m². Existem ainda outras
alternativas para que sejam “aproveitadas” as mesmas proporções
(1: 200.000 torcedores) como escolinhas oficiais, por exemplo,
expandindo silenciosamente a marca Flamengo.
Numa cadeia produtiva pensada é
natural a aproximação de novos consumidores, aproveitando essa base
de dados e implementar o sócio torcedor, porque os pontos são
oficiais do clube e estimulariam preferencialmente os torcedores de
fora da região do entorno do clube (zona sul). É preciso redefinir,
conceituar, dividir o Estado do RJ em zonas, regiões, para conhecer
seu consumidor. Todos somos parte da instituição e gostaríamos de
contribuir para seu crescimento.
O que pode se apreender da tabela
são os números da cidade + região metropolitana e do Interior I +
Interior II. É uma tabela básica, sem aprofundamento, mas dela pode
se cruzar mais dados ainda, para outras projeções audaciosas ou
contidas. Poderia se pensar na melhor distribuição
das lojas e bares sendo: uma na
Tijuca; Ilha do Governador e Bonsucesso; Madureira e Méier; Centro
(talvez mereça duas, uma no "perímetro"
Cinelândia/Castelo e outra no "perímetro" Central/Saara);
Jacarepaguá; Bangu; duas na Barra da Tijuca, Santa Cruz, Campo
Grande e Realengo; No interior do estado duas em São João de
Meriti, duas em Duque de Caxias, duas em Nova Iguaçu, uma Belford
Roxo, uma em Itaguaí; duas em São Gonçalo, duas em Niterói; uma
em Volta Redonda, Angra dos Reis, Petrópolis e Nova Friburgo; uma em
Cabo Frio, Macaé, Araruama e duas em Campos. Uma
em cada ponto conhecido com os dados da pesquisa.
Ressalto
que a “pesquisa” diz sobre 7.678.423 torcedores, sem barreiras
entre a paixão e seus apaixonados, onde o clube deveria dominar os
dados, mas se fecha na Gávea, pouco se importando com o “resto”.
O modelo descrito acima pode e deve ser transportado para o Brasil,
com mais 35 “lojas Flamengas”, totalizando 70 pontos oficiais do
clube, um em cada capital e outras em cidades importantes de estados
favoráveis a nós como Santos, Campinas, Blumenau, Feira de Santana,
Vitória da Conquista, Juazeiro, por exemplo. Que aproveitemos os
números, tamanho e potencial inexplorado de consumo, e que não se
deixe perder torcedores para Corinthians e Santos, inclusive no RJ,
pois estes fazem bom trabalho e tem potencial, se deixarmos. Não
deixaremos!
FLAMENGO HIC ET UBIQUE!