terça-feira, 26 de março de 2013

Dados, Lojas e Bares




Esse tema é a releitura, adaptação de um post escrito em 2012 e chamado “Cruzando Dados, que se construiu quando li uma pesquisa do Instituto GPP publicada no site Teoria dos Jogos, em Abril de 2012. Depois lembrei de pesquisas feitas por mim, na faculdade de Ciências Sociais na UFRJ, que utilizavam dados da prefeitura e algumas do Governo do estado. Então foi unir a “fome com a vontade de comer”. Como numa pesquisa acadêmica, muitas vezes, por mais que você forneça (e tenha) as hipóteses e um provável resultado, a própria pesquisa é que conduz o caminho, este foi o caso. Os dados da Cidade do Rio de Janeiro são oficiais e fornecidos na página eletrônica da prefeitura do Rio de Janeiro e/ou do IBGE, assim como os dados populacionais do estado do RJ.

Decidi entender porque o trabalho de relacionamento do Flamengo com seus torcedores é tão fraco em seu “próprio território”. As perguntas que volta e meia estão presentes se dão a respeito do tipo de relacionamento com a torcida/clientes, parceiros que sempre estiveram ao lado do clube. Para a análise é importante o cruzamento entre regiões da cidade (também estado) x populações, para que se saiba exatamente quantos torcedores do Flamengo “existem” em cada lugar, nisso ajudam as pesquisas de opinião (IBOPE, DataFolha, IGPP).

A pesquisa se dará em 12 regiões: Litorânea, que chamarei de Sul/Entorno do clube (Copacabana, Lagoa, Botafogo, Rocinha); Centro Norte (Tijuca, Vila Isabel); Leopoldina (Ramos, Penha, Irajá, Ilha do Governador, Maré, Complexo do Alemão, Vigário Geral); Norte (Méier, Inhaúma, Jacaré, Madureira, Anchieta, Pavuna); Central (Portuária, Paquetá, Santa Tereza, Rio Comprido, São Cristóvão); Jacarepaguá (+ Cidade de Deus); Bangu; Oeste (Barra, Santa Cruz, Guaratiba, Realengo, Campo Grande, Pavuna, Anchieta); Baixada Fluminense (Nilópolis, São João de Meriti, Caxias, Guapimirim, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Itaguaí, Queimados, Paracambi, Seropédica, Japeri); Periferia Norte, estado, que chamarei de Oceânica/Ponte (São Gonçalo, Niterói, Maricá, Itaboraí, Tanguá); Interior I - Sul Fluminense + Região Serrana (Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Areal, São José do Vale do Rio Preto, Sapucaia); e por Ultimo Interior II - Norte Fluminense, Noroeste Fluminense e Baixada litorânea (Região dos lagos e entorno).




A população da cidade do Rio de Janeiro está distribuída em 41,5% na zona oeste, 38,0% na zona norte e 20,5% da população estão nas zonas sul e central; tendo 6,3 milhões de habitantes, onde 3.017.700 são torcedores do Flamengo. Restringindo-me a região administrativa VI, que circunda o bairro da Lagoa, Gávea, tem exatamente, segundo o Censo 2010, 167.774 habitantes. Juntando ainda as regiões administrativas IV (Botafogo), V (Copacabana) e XXVII (Rocinha) são mais 470.279 habitantes, num total de 638.053 pessoas. Não é pouco termos apenas 10.000 sócios? Neste universo, a proporção de sócios por habitante é de 1:64, habitantes. Pela pesquisa, o Flamengo teria na Zona sul da cidade, citada como região litorânea, aproximadamente, 220.128 torcedores, em uma proporção de 22 torcedores para cada sócio, pouco.

Considerando baixar esta proporção para que o clube social tenha 10 torcedores por sócio o clube trabalharia com 22,012 sócios, mais do que o dobro do atual. Pensando valores, com um preço médio estimado em R$ 150,00, que é quanto pagaria um sócio contribuinte, pelo modelo explicado no anteriormente (hoje o aluno paga R$ 80,00/mês, mais a modalidade, a mais barata o Remo por R$ 36,00 dois teinos/semana), o Flamengo teria a quantia de R$ 3.301.800,00 por mês, R$ 39.621.600,00/ano, mais de quatro vezes os nove milhões e meio de reais arrecadados em 2011, Segundo balanço publicado.


Considerando a tabela acima (Os dados populacionais da tabela são relativos ao Censo 2012. Atualmente a estimativa de população é diferente, com 16.030.110 habitantes do estado do Rio de Janeiro, no Censo foram contabilizados 15.180.636 habitantes), o Flamengo deveria se espalhar pela cidade, com quiosques do clube, lojas credenciadas em pontos estratégicos (preferencialmente bares temáticos acoplados às lojas oficiais do Flamengo), que venderiam produtos oficiais, ingressos (de todas as modalidades), fazendo pacotes do tipo compre um produto e conheça o atleta X, tarde de autógrafos com o atleta Y, mais valor, parcerias ao longo do tempo se capitalizando e mostrando que está perto do consumidor, facilitando uma futura expansão pelo Brasil em uma rede de franquias.

Com uma proporção aproximada de uma loja para cada 200.000 torcedores aproximados, seriam 35 lojas, pontos de venda de Flamengo. O tamanho médio de uma loja em shopping centers no Brasil é de 70 m², mas se trata apenas de um exemplo, porque o ideal é que se faça uma dobradinha entre uma loja + bar temático, onde poderiam se encontrar as embaixadas, representações do clube pelo Rio de Janeiro (e depois pelo país), isso independentemente de ser instalar o “módulo” em shopping center ou nas ruas.

Esta dobradinha (loja/bar) poderia representar a “saída do buraco” e com todos os dados descritos acima, melhor se padronizada, “fixa” garantindo a replicação da qualidade do serviço a ser prestado. A loja seria do “tipo” FlaConcept, em tamanho reduzido em 150 m² (a Megaloja da Gávea tem 1.300 m² e é a terceira maior do mundo, para clubes de futebol) e o bar com 450 m², totalizando 600 m². Existem ainda outras alternativas para que sejam “aproveitadas” as mesmas proporções (1: 200.000 torcedores) como escolinhas oficiais, por exemplo, expandindo silenciosamente a marca Flamengo.

Numa cadeia produtiva pensada é natural a aproximação de novos consumidores, aproveitando essa base de dados e implementar o sócio torcedor, porque os pontos são oficiais do clube e estimulariam preferencialmente os torcedores de fora da região do entorno do clube (zona sul). É preciso redefinir, conceituar, dividir o Estado do RJ em zonas, regiões, para conhecer seu consumidor. Todos somos parte da instituição e gostaríamos de contribuir para seu crescimento.

O que pode se apreender da tabela são os números da cidade + região metropolitana e do Interior I + Interior II. É uma tabela básica, sem aprofundamento, mas dela pode se cruzar mais dados ainda, para outras projeções audaciosas ou contidas. Poderia se pensar na melhor distribuição das lojas e bares sendo: uma na Tijuca; Ilha do Governador e Bonsucesso; Madureira e Méier; Centro (talvez mereça duas, uma no "perímetro" Cinelândia/Castelo e outra no "perímetro" Central/Saara); Jacarepaguá; Bangu; duas na Barra da Tijuca, Santa Cruz, Campo Grande e Realengo; No interior do estado duas em São João de Meriti, duas em Duque de Caxias, duas em Nova Iguaçu, uma Belford Roxo, uma em Itaguaí; duas em São Gonçalo, duas em Niterói; uma em Volta Redonda, Angra dos Reis, Petrópolis e Nova Friburgo; uma em Cabo Frio, Macaé, Araruama e duas em Campos. Uma em cada ponto conhecido com os dados da pesquisa.

Ressalto que a “pesquisa” diz sobre 7.678.423 torcedores, sem barreiras entre a paixão e seus apaixonados, onde o clube deveria dominar os dados, mas se fecha na Gávea, pouco se importando com o “resto”. O modelo descrito acima pode e deve ser transportado para o Brasil, com mais 35 “lojas Flamengas”, totalizando 70 pontos oficiais do clube, um em cada capital e outras em cidades importantes de estados favoráveis a nós como Santos, Campinas, Blumenau, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro, por exemplo. Que aproveitemos os números, tamanho e potencial inexplorado de consumo, e que não se deixe perder torcedores para Corinthians e Santos, inclusive no RJ, pois estes fazem bom trabalho e tem potencial, se deixarmos. Não deixaremos!


FLAMENGHIEUBIQUE!