São 200 dias extremos para nós rubro negros, dias de esperança, cobrança e principalmente de reconexão às vitorias e a tranquilidade. Os 100 primeiros dias foram de formatação, construção e consolidação da chapa, exaltada Chapa Azul vencedora das eleições para o conselho gestor do clube, presidência. Estes dias foram de trabalho competente que motivou a torcida, trazendo-a para o processo, retroalimentada pelas ações de marketing e relacionamento da chapa azul, com participação “em peso”. O mais duro do trabalho foi a de prospecção e convencimento da parte que lhes interessava de fato, os sócios, com todo respeito à torcida (eu incluso). Trabalho reformulado, reprojetado, intensificado pelas impugnações de Wallim e Landim no inicio de Novembro, ressaltando o projeto, não a personificação da candidatura (Patricia, Rodrigues), o diferencial entre as candidaturas, não “enterrando” o trabalho dos meses de Setembro e Outubro (quando a candidatura se massificou).
Após a vitoria no pleito e com a transferência de poder, os próximos 100 dias, serão caóticos, normal e esperado, por tanto, calma torcida. A bagunça, os desmandos e a falta de governança decidiram a eleição, não os resultados do futebol, esses são meras consequências. O que era azul agora é rubro-negro como sempre foi, orgulho rubro-negro, esperança, porque serão dias de “esperança Azul” e coisa preta! Estes são os dias mais delicados de qualquer administração, ainda mais se tratando de Flamengo, dias de expectativa da torcida e da imprensa, situação crescente e exatamente provocada pelos cem dias anteriores, além do “conhecimento” da situação real, nada fácil. Precisamos de paciência e fé para que sejamos grandes como imaginamos e façamos valer a pena tudo aquilo que lutamos, engajados nesta eleição, não podemos errar, muito menos desesperar.
No Clube Social, no patrimônio aparentemente a “tocada” será mais tranquila (nos 100 dias), porque as eleições de todos os conselhos já terão passado, deixando o clube “arrefecido” politicamente, o que não significa simplicidade. Mesmo com maquiagens no patrimônio (elevação do valor), de aumento patrimonial na canetada (balanço) até obras e melhorias relativamente boas, mas não suficientes, o trabalho de Alexandre Wrobel (atual vice de patrimônio) deve ser ressaltado, com projetos engatilhados e outras obras por finalizar o saldo é positivo, dando estabilidade a este tema. O que pode incomodar é a reforma (ou reconstrução) do Ginásio Cláudio Coutinho e a transformação no modelo de gestão do clube como um todo, principalmente no clube social, sede, que a longo prazo dará frutos, pela valorização dos funcionários com treinamento e plano de carreira e funções. Isso garante maior valor para o associado e o patrimônio em consequência de uma melhor gestão, prometidas por Cláudio Pracownik, vice-presidente de administração. Tudo está interligado.
Nos Esportes Olímpicos, para variar existem questões pendentes e urgentes, como a do vôlei que não tem equipe profissional (mas teria que se autossustentar, o que acredito), da ginástica sem ginásio para treino e a do Judô, péssima, sem condição alguma de treinamento. Remo, polo e natação parecem bem (mesmo com o parque aquático velho, o material humano é ótimo). Espetacular é a situação do Basquete, um exemplo para todas as outras modalidades do clube. Tem equipes de alto nível há pelo menos cinco temporadas, é rentável com patrocínios e bilheteria (ao menos não arromba os cofres do futebol). Alexandre Póvoa terá bastante trabalho, mas seu grande conhecimento tanto nos olímpicos como ex-atleta (Laureado), quanto no mercado financeiro certamente trará profissionalização e vitórias por um clube mais organizado e rentável, independentemente do Clube Social e do futebol.
No futebol residem nossas maiores angústias, relacionadas ao passado e ao futuro. O processo de fritura do Zico, a relação com as torcidas organizadas (má relação, pode ter decidido também as eleições), fim das mamatas dentro do clube, entre outros assuntos como os que mais nos afligem no momento: títulos, dispensas, contratações e formação de elenco, não necessariamente nesta ordem. Ocorre uma esquizofrênica luta (da torcida e da imprensa) por profissionalismo e uma incessante busca por noticias de contratações. Louco, né? Teremos cada vez mais domar estes sentimentos e esperar os resultados. Acabaram as migalhas de informação, como bem explica Pracowinik, na “microfísica do poder rubro negro”. O mais razoável a se fazer é ter calma e formar o elenco em Janeiro, Fevereiro e Março, se conseguir mais rápido, ótimo. Digo isso porque o importante é o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, estadual é PRÉ-TEMPORADA! Com o final da janela europeia os tiros seriam certeiros e o custo mais baixo, sem os costumeiros leilões. Alguém se lembra do caso Ronaldinho? Vinte dias de briga e Palmeiras e Grêmio agora riem de nós.
O Flamengo precisa do novo, ser novo, mesmo sem perder o olhar e o sentimento trazido por (e para) sua Historia e grandeza, tradição e respeito à instituição, por uma transição das paginas sociais e policiais, para as econômicas e principalmente as esportivas. Uma reconexão com suas tradições, de um clube grande e vencedor, acima de tudo. Em qualquer lugar, sob qualquer aspecto o clube precisa tomar seu lugar, ser um Flamengo grandioso. O Brasil não é Flamengo, mas como diz o BAP, “Flamengo é Brasil”, e portanto temos que buscar esta conexão direta no imaginário mundial, como maior representante do esporte e da cultura de nosso país. Patricia desocupou!
Ubique, Flamengo!