terça-feira, 20 de novembro de 2012

Como defender os olímpicos no Flamengo?



César Cielo, nosso maior atleta fora do futebol e talvez um dos maiores da História do clube, vive reclamando das piscinas, o Futsal não vê os salários há muito tempo, nenhum judoca conseguiu classificação para os jogos olímpicos, isso sem falar dos barcos velhos do remo e as condições de treinamento que não são boas. Excetuando-se o basquete, nosso melhor esporte nos últimos 10 anos, que reformou seu ginásio e a ginástica que recebeu os aparelhos do Pan de 2007, as instalações e aparelhos são defasados, isso quando se tem lugar para treinos decente (não posso confirmar, mas assistindo ao vídeo da reunião de apresentação da Chapa Azul, Fla Campeão do Mundo é relatado que o Judô treina em um lugar completamente impossível de se trabalhar, em alto nível então...). Na gestão atual não tem jeito, mesmo com resultados pontuais, a má gestão é a tônica, desde seu inicio. A chapa de Patricia Amorim ainda não externou o que irá fazer sobre o assunto, sua base eleitoral mais sólida, essa é a impressão de fora, não sei como está este tema da campanha dentro do clube, mesmo com olimpíadas e copa em vias de serem disputadas na cidade, nada de concreto foi feito, além de um acordo com o Comitê olímpico dos EUA, que não sabemos se é tão benéfico ao clube.

O clube tem características diferentes da maioria dos outros do Brasil, é muito mais do que futebol! Parte da torcida, pouco se importa com os “amadores”, porque o futebol é o carro chefe, mas reitero o Flamengo é mais do que futebol, é nascido do remo, o Clube de Regatas do Flamengo, isso quer dizer algo importante para quem irá comandar a associação esportiva de maior torcida do planeta depois do dia 03/12/2012. O amadorismo que está impregnado nas paredes da Gávea não é culpa apenas desta gestão, administrações passadas também tem muita culpa, e historicamente se "pega" recursos do futebol, recursos que por sua vez são mal gastos e causam “ódio” em quem já não gosta dos olímpicos. Penso que o problema pode ser a solução de um futebol mais saudável financeiramente e um clube mais forte no todo. Com um fim na dependência dos recursos provenientes do futebol,  se acaba a desculpa para a indigestão do carro chefe, maior causador das dívidas do clube. De modo geral esta é uma lacuna nas campanhas que concorrem à presidência do Flamengo, ninguém ainda me convenceu ou demonstrou um projeto olímpico sólido, objetivo. O que mais se aproxima do que penso é o projeto de modernização da Chapa Azul, que pode ser vistando ao site da campanha e também em entrevista de Alexandre Póvoa, publicada no Ninho da Nação. Destaco também o plano trienal para os esportes, ideia da Chapa Branca, PlanetaFla.

A resolução de boa parte dos problemas seria a construção de um “CT olímpico” como o do futebol, tirando os esportes competitivos de perto do clube social e deixando apenas as escolinhas na Gávea, que levaria a um clube social mais confortável e melhor organizado. O novo espaço seria baseado no modelo de franquia polidesportiva americana, atendendo perfeitamente as necessidades das modalidades, com um quadro funcional mais enxuto e eficiente. Este projeto só seria possível com a construção deste CT olímpico fora da Gávea. Um exemplo do modelo a que me refiro está no programa Expresso do Esporte, do Sportv com Marta e Maurine, da seleção brasileira de futebol, que jogaram nos EUA. As atletas apresentam a estrutura dos esportes alojados em “hangares”, algo que poderia ser perfeitamente adaptado para nós, num modelo de alocação poliesportiva diferenciada, com logística e diminuição de custos, uma referência em marketing, preparação e planejamento de modalidades e equipes.

Um CT Olímpico integrado faz com que as modalidades treinem em um mesmo lugar, podendo ser administradas como atividade autônoma, sem o futebol e o clube social. Seriam três projetos em um (Futebol, Olímpicos, Clube Social) com o patrimônio do clube e a marca Flamengo sendo valorizados por clube social remodelado, aparelhos esportivos novos, um novo modelo de preparação técnica e de gestão esportiva dos atletas, do esporte alçado finalmente à categoria de entretenimento como a Europa e nos EUA. Com o CT olímpico, as modalidades poderiam perfeitamente ser tratadas como unidades de negócios independentes, exatamente como no modelo americano, com cada uma gerando sua própria renda e patrocínios. Em relação às equipes técnicas (das modalidades no caso), elas podem ser formadas em comissões mistas de funcionários específicos para cada modalidade e funcionários comuns que atenderiam aos esportes especificamente (departamento médico, por exemplo).

Para tudo isso, se faz necessária a compra ou obtenção de um terreno para o “CT olímpico”, preferencialmente, mas não necessariamente na cidade do Rio de Janeiro. O ideal é que fosse geminado ao do futebol em Vargem Grande, possibilitando a construção de uma arena poliesportiva para competições e eventos para 20.000 pessoas na Gávea, onde hoje é o estádio de futebol. Nesta nova estrutura do Fla-Gávea estaria contemplada a megaloja, o museu do clube, a arena multiúso, o Hélio Maurício (ou apenas a arena), o novo complexo Fadel-Fadel, bares, restaurantes, áreas de lazer e as escolinhas.

Em relação a obtenção de recursos, uma opção seria aglutinar num bloco único os esportes olímpicos para que um setor do marketing trabalhe exclusivamente para os olímpicos. Assim seria possível a obtenção de um patrocinador único ou diversos patrocinadores, possibilidades diversas de parcerias nos olímpicos sendo com patrocinador único ou rodízio de patrocinadores, inclusive nas modalidades, como na ideia de rodizio do patrocínio para o futebol (presente no video). Quanto mais os olímpicos se tornarem autossuficientes, mais fácil será “limpar o manto” do futebol, nosso grande sonho. Com nossa tradição e os grandes atletas que temos nas modalidades, tornaria mais fácil a chegada de atletas de peso, a construção de times fortes e boas parcerias. Quanto mais forte for o trabalho, a gestão e o planejamento, mais limpo ficará o manto e mais sólidas as parcerias, facilitando a prospecção de talentos e o desenvolvimento dos atletas na formação de gerações para 2020, 2024 e 2028, não somente para 2016, gerando um “desenvolvimento sustentável”. Mas como fazer isto com as condições atuais?

  • Inicialmente por possíveis convênios com a secretaria municipal de educação, prioritariamente a do Rio de Janeiro ou de cidades vizinhas. Após aos acordos, profissionais do clube organizariam nas escolas os polos esportivos específicos (modalidade por escola, facilitaria o o desenvolvimento inicialmente);
  • Seriam escolhidas 18 escolas para fazer a prospecção e ser sede esportiva, desenvolvendo a um esporte específico, três escolas para cada modalidade: Judô, Remo/Canoagem, Basquete, Ginástica Olímpica, Natação e Volei (o Futsal continuaria ligado ao futebol). Todos os polos teriam a supervisão e o gerenciamento técnico de profissionais do Flamengo, que capacitariam os professores em um trabalho integrado escola/clube;
  • As escolas sediariam as peneiras, dando educação aos selecionados e uma espécie de bolsa-esporte baseada no desempenho escolar, disciplinar e esportivo mais ajuda de custo; aceitando estudantes de outras regiões, desenvolvendo as “promessas” e garantindo suporte total, integrando o projeto como um todo com educação integral, treinamento, acompanhamento médico-odontológico e psicológico, uma escola modelo;
  • O financiamento do projeto se daria por captação de recursos públicos, via leis de incentivo fiscal e com patrocinadores investindo nestes projetos de prospecção e formação, e por meio de uma cota básica de patrocínio ou do patrocínio integral das modalidades.

Com todos estes aspectos postos se garantiria o futuro dos esportes do clube, a competitividade dos mesmos, não se teriam falsetas ou falácias sobre um Flamengo olímpico. Os custos seriam divididos entre Estado, clube, colaboradores e parceiros e o retorno grandioso, formando cidadãos e atletas de alto nível. Tudo isso dependeria logicamente, de uma gestão profissional. Como exemplo do que já acontece temos o projeto da Unilever no Paraná e no Rio de Janeiro (com o vôlei). A separação na gestão do clube social, do Futebol e dos esportes olímpicos fortaleceria o Flamengo como um todo, mas não seria nada fácil, nem barato, é preciso ousadia e saber aproveitar o movimento olímpico que vem ao Rio de Janeiro trazendo facilidades a quem souber agir.

Ubique, Flamengo!
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!
Desocupa Patrícia!

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